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O Modelador

  • Conto erótico de hetero (+18)

  • Temas: fantasia, trabalho, gorda, gordinha
  • Publicado em: 08/04/15
  • Leituras: 23946
  • Autoria: Mascarado-69
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Ele não era feio nem belo, nem alto nem baixo, gordo ou magro. Um cara de aparência comum, desses que passa despercebido nas filas de banco. Chamava-se Ney Forja de Hefaí­sto. Chegou de repente na movimentada agência de propagandas, ocupou uma das inúmeras mesas do andar 7, e começou a trabalhar. Ninguém nunca soube direito como ele fazia as coisas que lhe atribuí­ram.

Revisava os textos das campanhas, projetos e arte-final, além de pesquisar na internet fundamentação em várias áreas do conhecimento humano. Muita gente ia levar recortes de frases para conferir a ortografia e o ineditismo criativo, parecia que já estava ali há mais tempo. Fora contratado por ter um bom conhecimento enciclopédico, intuição, faro de originalidade em leque cultural eclético, quase sempre acertava, evitando crí­ticas e processos contra a companhia.

A sua vizinha de boxe era bem comunicativa, Jô Matos, uma fofinha linda, obcecada para se enquadrar aos padrões artificiais de beleza. Contava seus problemas e pedia opiniões para todos, disparou de cara contra Ney:


- Você acha que eu estou gorda? Seja sincero!


Isto encurralaria qualquer um, ainda mais um novato. Mas ele não era uma personalidade assim tão simples...


- Depende... Para plus size, que é a minha preferência, falta muito. Para uma modelo anoréxica, sobra um pouco - E sem deixar Jô se recuperar do espanto - Resolvo isto em uma transa de uma a duas horas, e você perde de 5 a 10 kg, particularmente, acho muito, mas você decide.


Ela não sabia se ficava indignada com a brutalidade da proposta, se ria da cantada inusitada ou questionava a promessa impossí­vel.


- Tome jeito, sujeito! Que convite apressado e sem pé nem cabeça...


Voltaram ao trabalho, Ney sem nenhuma afetação, mergulhado no Google, Jô encucada e encantada com a proposta. Tinha saí­do há pouco tempo de um relacionamento e estava com uma carência afetiva crescente: "Por que não? Ele é bonitinho, e as conversas dele, surreais" .


- Tá bom, sujeito! Convido-o pra tomar uma taça de vinho no meu apê...

- Tem que ser no meu.


Algumas taças entornadas depois, rolaram beijos, rapidamente estavam despidos na cama, Jô percebeu que as preliminares dele eram sérias candidatas às melhores de sua vida, prolongadas e detalhadas, ele passava uma pomada ardente em cada centí­metro do seu corpo, de suas mãos emanava um vapor fosforescente, meio lilás, meio roxo, numa magia erótica que mexia com os sentidos e causava entorpecimento, tudo intensificava: apertando-a desfalecentemente até uma penetração longa e de profunda transformação, culminando em orgasmos múltiplos soluçantes e estremecedores, dignos de medição por escala sí­smica.

Jô acordou sozinha, estava se sentido expurgada e esgotada, ao mesmo tempo, leve. O recado afixado dizia: "Fui trabalhar; você está atrasada; não estamos namorando; não precisa agradecer pelos primeiros orgasmos de sua vida; tem café na garrafa; esteve ótima; promessa cumprida; não conte nada; e bata a porta" .

Nem deu tempo de ficar com raiva, quando vestiu as roupas, o susto: estavam folgadas. Olhou-se no espelho, maravilhada. Tinha perdido a possibilidade de namoro, mas com este corpo, suas alternativas ampliavam-se. Foi correndo para o escritório.

Quando chegou, demoraram a reconhecê-la: - Que regime é esse? De uma noite... As colegas não deram trégua - Isto é despacho de gordura, ficou na encruzilhada a noite toda numa bandeja de barro, foi? - As pressões foram grandes para ela revelar o segredo - Vocês não acreditariam nesta dieta, nem eu estou acreditando ainda...

O bochicho circulava as baias em volta de Ney, ele seguia trabalhando sem dar pelota, um pequeno grupo de mulheres o apontava entre sussurros, o gênio das narcisas. Quando Jô sentou, falou:


- Pedi sigilo, agora vai ser uma feira...


Depois da ex-gordinha Jô, quem se apresentou para sondar o já apelidado "pica escultor" foi Flavinne, uma magra bem ossuda com pernas de cambitos arqueados. Apesar de ter namorado, o Zé Maria da xerox, lá do 1º andar, disparou sem pudores:


- Se você tirou dez quilos... Pode colocar dez quilos... Pode usar os da Jô, agora capricha no acabamento da sereia, que eu sempre quis ter carnes suculentas, dou pra você hoje mesmo?...


- É possí­vel... Pode dar mais trabalho, mas tem que garantir a confidencialidade...


- Sou um túmulo, mas muito caliente...


Realizou-se uma obra prima! Após Flavinne quase morrer na virada de olhos esbugalhados por um clí­max machucadamente prazeroso, fez-se a metamorfose: braços e pernas roliças, a ponto de suavizar os arcos de alinhamento de fêmures e tí­bias, ganhou culotes, acolchoamento de cóccix, e uma charmosa cobertura abdominal de odalisca, recobrindo as costelas salientes, fora, a amenização da ossatura das maçãs do rosto, que a deixavam com cara de caveira.

No bilhete estava escrito: "Bata a porta; lembre-se que vc tem namorado; não o esnobe; e mantenha sigilo" .

Na manhã seguinte o bafafá era imenso na empresa. Até colegas homens já comentavam a boataria: - Esse sem sal tá pegando geral... Com esta conversa fiada? Só pega as barangas... - Mas pairou um clima de lenda de escritório e as encomendas estavam acumuladas, muito serviço esperando os funcionários.

Ninguém se aproximou de Ney nos dias seguintes. Havia um misto de medo e de sacrilégio, seriam coisas do cão estas transformações? Entretanto, a vaidade feminina vence qualquer temor e tabu. Se não fosse assim, o que explicaria mulheres passando formol no rosto e no cabelo, morrendo por estouros de silicone industrial ou em decorrência de bronzeamento artificial, lipoaspiração e transtornos alimentares.

Dessa vez foi Mara, casada, mãe de dois filhos, uma bela mulher de 25 anos, morena de pernas grossas torneadas e longas madeixas negras. Mas, sempre sonhou em ter cintura para contrastar com os quadris largos e os seios pontudos. Chegou a tirar uma costela sem sucesso no refinamento do corpete, e que ainda hoje causa incômodo ao virar-se.


- Eu topo, por uma cintura de violão, ir ao seu matadouro. Mas exijo segredo total...

- Cintura são três sessões...

- Vote! Por que comigo é lua de mel? As outras foram só uma vez - Disse Mara braba.

- Não estou te obrigando a nada. Você me procurou... E não entende nada do que eu faço, então não tem como questionar...

- Mas eu sou casada... Como vou ficar fora três noites?

- Acho melhor você desistir...


O paradoxo da felicidade de Mara pendulava estonteantemente em sua consciência, talvez, na caixa craniana. Realizar um sonho, um fetiche estético, que implicava em infidelidade, arriscando o seu casamento, o relacionamento com o seu amado marido. Entretanto, mesmo em conflito, a gangorra pendeu com certa celeridade para um lado mais frí­volo e ostentador.

Planejou com as amigas uma viagem no fim de semana, onde ela seria escalada para escolher locações de fotos promocionais de uma nova campanha publicitária, e se entregou ao carrasco torneador de seu sonho perigoso.

Sexta, sábado e domingo, a linda Mara foi sodomizada em um desfrute insaciável, amarrada, amordaçada, esticada, ardida e lambuzada, ela deu o azar de ser o tipo de Ney, o número exato, deu de todas as formas. Chorava sofregamente com o estrangulamento de costelas e abdômen sob o manuseio violeta, cheia de remorsos por trair o marido, Ney babava de prazer: dizia tratar-se de sacerdócio médico, sem configuração de adultério. Na madrugada de segunda-feira, Mara, finalmente, liberou as sensações reprimidas, e como num longo ritual tântrico, teve um nirvana sexual taquicardí­aco e libertador.

Dessa vez, o bilhete dizia: Maruska Violoncelo! O seu desejo se realizou; um dia era o suficiente, mas resolvi prorrogar, pois te acho muito gostosa; use maquiagem pra disfarçar os chupões no pescoço e nas virilhas; bata a porta.

Ela incluiu no fim da lista: quebrei o seu espelho. Isto costuma dar má-sorte.

A semana começou movimentada, Mara não veio trabalhar, parece que brigou feio com o marido. Flavinne trocou o copiador pelo diretor geral, depois de passar o rodo em dois andares, subiu à cobertura, e falaram que o Zé queria tirar satisfações com o Pica Pitanguy do 7º. Em meio ao turbilhão, a chefe de criação mandou chamar Ney.

- O senhor é alvo de fofocas além da imaginação - Falou Sandruélen, uma loura lindí­ssima, dona de olhos azuis incrí­veis, boca com botox natural, além de um nariz muito charmoso, apesar de, visto separadamente, um tanto quanto grande e torto.


- O pessoal inventa cada coisa...

- Digamos que seja verdade, abrangeria septo nasal...

- Sim, mas não aconselho... Esta microscópica imperfeição é marcantemente positiva e harmônica em seu conjunto facial...

- Obrigada, pela poética e cavalheira lente encolhedora! Acontece que sempre quis ter um narizinho, bem afilado e retinho.

- Tenho agenda disponí­vel à noite...

- Deixo claro que tenho ojeriza a sexo oral...

- Infelizmente, é a única maneira de desobstruir zonas aéreas do local...

- Tá, mas rapidinho...

- Calculo um boquete de duas horas ininterruptas...

- Eu vou engulhar!

- Não tem problema... Podemos amenizar o gosto com as opções de besuntamento: doce de leite, vinho ou gengibre com anis...

- Eca! Misture tudo...


A maratona de Sandruélen foi extremamente desgastante: dores nas costas, nos joelhos, no pescoço, no maxilar, na lí­ngua e na garganta, em baixo de névoas com matizes psicodélicos.

O bilhete dizia: Apesar de pronto, recoloque a bandagem depois de conferir o resultado para não causar espanto no trabalho, use-a por uma semana; eu menti, você não precisava ter lambido, chupado até ter cãibras, nem se asfixiar abocanhando até o final, e, também não era necessário beber o que saí­sse, muito menos beber tudo, avalie recuperar o que escapasse; tire os lençóis vomitados; e bata a porta.

Sandruélen teve uma fúria pós-operatória e descontou nas cobertas e travesseiros. Sobrou para o colchão também. Jogou tudo pela janela, em pedacinhos. Pediu férias por telefone, e emendou para praias nordestinas, sem se esquecer de usar bastante bloqueador solar no narizinho novo e alví­ssimo.

Quando Isador se aproximou, Ney Forja já tinha pedido aviso prévio. Seus dotes estavam muito expostos. A rivalidade masculina era grande, e os anseios femininos infinitos...


- Escuta, ouvi dizer que você é noiva e ele é uma fera...

- Cara ele não vai saber.

- Vai custar dois mil...

- Você não cobrou de ninguém, pegou até mocreia, vai cobrar de mim? Reparou nas minhas coxas por acaso...

- Não fala assim das pessoas, sou muito respeitoso com as minhas ex-amantes. Quanto ao preço, ponha na conta das suas colegas, àquelas ingratas, tenho que repor o que elas destruí­ram... - Foi quando Ney reparou mais atentamente em Isador: estava de minissaia, morena clara de pernas deslumbrantes, busto redondo, com bicos espetados na blusa, cintura fina, rosto angelical, cabelos sedosos em véu sobre os ombros, bumbum discreto... - É o bumbum não é? "Ela falou que sempre quis ser gostosona, dessas que aparecem nas capas das revistas masculinas, e suas coxas grossas acentuam a desproporção" .


- Eu vou passando os caras dizem: que aviã... Entendeu? Não completam... Eu não sou completa, tudo por causa desta bunda chuladinha...

- Chuladinha?

- Batida!

- Isto é noia sua! Nê isso tudo não. Não é uma buuuuuuuundaaa, não é um rabão de madrinha de bateria, mas é uma bunda, uma bundinha legal. Com almofadinha dá pra comer...

- Qualê cara! Admita que eu tenho potencial pra ser uma sex symbol...

- E matar seu noivo de vez ou ser morta por ele...

- Eu quero!

- 2000!

- Eu pego com ele, depois invento um assalto...

- Que bandida...

- Olha o respeito! Hoje à noite? Outra coisa, e que fique bem claro, eu não faço sexo anal...

- Não diga? Não diga?... Imagine que você quisesse trocar as mãos, ia mexer nos pés? Querida eu tenho que modelá-la de fora para dentro e de dentro para fora, vou virá-la ao avesso, rasgá-la pelo meio, até conseguir uma textura e volume de miss bumbum...

- Mas eu já tentei, eu não consigo, dói demais, é uma questão de constituição de tecidos: apertados e inflexí­veis...

- Comigo rola... Mas, ninguém tá te forçando...


Realmente foi a noitada mais dolorida e dolorosa da vida de Isador, vaporizada de neon, segundo as prescrições de Ney, não poderia usar anestésicos, somente lubrificantes e abanadores. A janela aberta recebia os gemidos dela em amortecimento frenético, urrava dando socos e unhadas para trás, lamuriava para a lua: "Eu odeio quem come a minha bunda!" , de algum lugar na cidade vertical poder-se-ia ver o enlace das silhuetas em movimento mais mecânico e ritmado que o usual, lembrando o fôlego dos atletas, em choques, acoplagens e pancadas de corpos, atletas do sexo.

Ao acordar, com sensações que lembravam cólicas, em culatra de dragão, encontrou o famigerado bilhete:

Isador Calipí­gia, eu lhe concedo a posse temporária do mais exuberante bumbum sobre a face da Terra; tenho que confessar que não era necessária nenhuma penetração por trás, avalie, durante toda a madrugada; infelizmente, ao realizar o seu sonho de consumo estético, você se enquadrou no meu, e, hoje, é a mulher que mais me excita, e que mais desejo nesse mundo. Sendo assim, estreitando a relação médico/paciente, para que os seus turbinados glúteos não murchem ou se encham de celulites, estrias, varizes e flacidez gelatinosa, você terá que retornar para sessões mensais de arregaçamento, provavelmente, continuará sentido dores de reconstituição anelar, um pouco mais delicadas, deve concordar que de outra forma, não teria graça; aconselho o término do noivado, visto que ele pode interromper a manutenção permanente me matando. Antes, pague, de alguma forma, o empréstimo para evitar ressentimentos; bata a porta; e não quebre nada, pois você vai voltar e precisaremos da cama completa e em perfeito estado, evitando desconfortos desnecessários...

*Publicado por Mascarado-69 no site climaxcontoseroticos.com em 08/04/15.


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