315 METROS

  • Publicado em: 24/06/18
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  • Autoria: BruxoPoeta
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Ouve a cortina da janela bater, sente a brisa fria te incomodando, sente um incômodo dentro de si uma sensação estranha de inquietação um formigamento nas junções do corpo. Tira a coberta de cima levanta do sofá abaixa o volume da Tv e caminhe até a janela com seu pijama de moletom. A vista com seus olhos verde mar entre a neblina cinza do inverno uma janela do outro lado do bloco do seu prédio.


Nessa janela está uma luz acesa um sofá vermelho e eu nu. Caminhando pela casa com um livro de capa grossa aberto em uma das mãos e a outra mão gesticulando com a mesma maestria que os lábios declamando poesias, ensaiando um texto teatral Shekespeareano . A luz incandescente do abajur da minha sala dourando meu corpo pardo e você consegue avistar cada curva, cada músculo encapado pela minha pele.


Seus lábios começam a desejar o sabor da minha pele, anseiam pelo sabor de amêndoa que aquela iluminação sobre meu corpo incita. Você começa a perder os sentidos e o juí­zo, seus ouvidos não ouvem mais o caos da cidade seu desejo toma seu ser, sua visão fica turva e como um predador somente minha imagem a mais nova presa da fera que existe dentro de você fica ní­tida perante os seus olhos.


Você puxa uma cadeira e se senta com as pernas abertas perante a janela, com os próprios pés descalça suas pantufas aconchegantes de camurça rosa bebê e entra em um choque térmico com o chão frio do ladrilho preto da sua sala. Um arrepio lhe sobe sua espinha dorsal se torna um fio condutor que espalha todo esse frisson pelo seu corpo. Pela fresta da porta de entrada e saí­da do seu apartamento entra o eco de sua vizinha com seu canto lí­rico atingindo notas perfeitas em seu tom soprando.


Uma confusão de sensações embalam seu corpo, nas costa você sente arrepio, no pescoço você sente desconforto, as mãos você sente tremulas, os pés frios, os lábios formigando, as coxas massageadas e entre suas pernas você sente um imenso calor que derrete sua carência e vigora seu imenso prazer.

Eu extasiado movido pela emoção do estudo arremesso o livro aos cantos, bato com as duas mãos em meu peito gesticulando os prantos de Otelo minha garganta seca de ódio mergulhada no personagem, berro sua dor estendendo meus braços mordo meus dedos com sua raiva e abro minha janela para aliviar o peso do drama e enquanto forço para cima minha janela emperrada ao longe à visto sentada perante sua janela.


A vejo com sua mão esquerda na boca e seu queixo caí­do, sua mão direita se acariciando por de baixo do moletom e timidamente sua pele começa a se mostrar e a cada centí­metro de pele desnuda meu corpo encostado na parede e no vidro se excita ao lhe ver, meus batimentos cardí­acos se aceleram em disritmia meus olhos ganham chamas e o cruel Otelo se agiganta dentro de mim e a cada esbravejo meu representando o perturbado homem você viaja ainda mais em seus desejos e encanto.


Meu pênis se ergue com meu corpo virado de lado para você, se agiganta, se enverniza como um pé de mesa em madeira rústica e pulsa como uma agulha de sismógrafo marcando um tremor de imensa magnitude enquanto ergo um cálice e derramo sobre minha cabeça a fresca água cristalina que deixa gotí­culas escorrendo pela minha pele e brilhando feito cristais no teto do salão de uma caverna. Sua lí­ngua logo se assanha e começa a girar em rotação anti horária pelos seus lábios superior e inferior seus lábios pagam pela fome de seus desejos e você os morde com a ponta de seus dentes afiados, dentes esses que suplicam para arranhar a pele dos meus braços ombro a baixo cintura a cima contornando cada gomo do meu abdômen se elevando até o meu peitoral marcando meu pescoço com suas presas esticando meus lábios com seu desejo e anseio.


A palma de suas mãos ficavam úmidas de tanto suar e de sentir a sensação de estar masturbando meu membro ereto de estar acariciando, manuseando, apertando. Você toma uma maçã verde em sua mão esquerda finca seus dedos e seus dentes nela, suga seu caldo seca o fruto em sua boca, arranca seu casaco contorna seus seios com o fruto mordido e sua fenda ensopada de tanto prazer começa a mastigar o moletom cinza da calça do seu pijama. Eu me viro de frente para você caminho até minha janela me posto com firmeza e imponente diante de seus olhos e fecho os meus, com a palma de minha mão esquerda acaricio meu pescoço e todo meu peitoral espalhando em minha pele dourada pela luz todas as gotí­culas brilhantes, seguro com força e estimulo com bastante veemência meu pau de ébano com a ponta rubra em brasas de amor por você. Você afrouxa o cordão de sua calça esgalha ela cintura a baixo e trilha sua mão direita descendo do meio dos seios até sua carnuda e saborosa vagina e esfregando de baixo para cima, de cima para baixo até ela se arder e seus dedos a violarem na mesma intensidade que você deseja meu pênis lhe castigando em prazer, amor e desejo.


Eu murmuro "Oh como lhe quero" você sussurra "Me possua" eu suplico "Vem pra mim, sente meu prazer" você implora "Mete com força vai! Quero mais! Mais" eu bato no vidro da janela imaginado ser seu rosto lindo tomado de prazer, você esfrega o fruto da serpente pelo seu rosto desejando meus dedos cobrindo sufocando sua boca, fechando seus olhos, bagunçando seus cabelos.


315 metros nos separa, à 315 metros somos alvos, somos predadores, somos fogo desejo e paixão, os corpos deixam de ficar estáticos você se levanta da cadeira e se remexe se contorce e cada vez mais seus dedos se aprofundam em seu poço de frenesi e eu me espremo contra o concreto, contra o vidro e na explosão de nosso orgasmo sincronizado nos perdemos o calor da pele o vapor da respiração embaça toda janela esgota toda vitalidade dos corpos eu cochilo sobre o carpete e você vibra de satisfação e loucura deitada sobre o sofá segurando a cabeça e sorrindo para o teto.


(Cleber D"Cabral)


*Publicado por BruxoPoeta no site climaxcontoseroticos.com em 24/06/18. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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