O porre, a transa e a vida

  • Publicado em: 18/05/19
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  • Autoria: Mayane
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-Porra! Morri! Tô no inferno!


Minha cabeça rodopiava doí­a e latejava. Na boca, gosto de cabo de guarda-chuva. No corpo, cheiro enjoativo de bebida, cabelo emaranhado, pele arrepiada, músculos contraí­dos e ossos gelados.


-Mas que porra de lugar é esse e o que é que eu tô fazendo aqui? - penso, sentando na cama bem devagar pra cabeça não explodir. Ao lado do meu corpo, uma enorme mancha molhada. Caralho, o que aconteceu até que eu acordasse nua e desgrenhada numa cama toda mijada?


Torno a olhar a mancha e só aí­ o vejo do outro lado da cama: Edu, meu colega de trabalho, com quem eu não tinha nenhuma intimidade, apagado, chapado e do jeito que Deus botou no mundo. Peladão. Caraaaaaalho, mas que merda, tô no quarto do Edu!


Não, pera, aquilo ali não é uma mancha de urina, agora me lembro! Foi o Edu me enrabando e mexendo no meu ponto G que me abriu a torneira de tesão da xereca. Eu tava squirtando horrores e, calma. Como foi que chegamos nisso?


Ah é! O garrafão de vinho que veio depois da mistureba toda! Sexta feira, fim de expediente e todos os solteiros do setor foram para o Beco do Rato (Lapa). Sei lá, tava todo mundo com muita coragem e pouca noção. Nem vi quando estourei meu limite. A maioria desistiu de encher o cu de cachaça e foi embora. Não sei quem mais sobrou além de Edu e eu. Porra! Ia ser uma merda se aquela tour vazasse!


Ninguém sabia muito sobre Edu. Estava com a gente há dois anos. Tinha 40 anos e apesar dos cabelos com entradas visí­veis, era um dos homens mais charmosos que Deus teve o capricho de fazer. Alto. Gostoso. Inteligente. Sem filhos. Solteiro. Discreto. Sério. Sorria pouco ou nada. Na maioria dos dias, nada. Mas a minha memória teimava em mostrar um devasso espirituoso, totalmente diferente da imagem do dia a dia.


Será que era a minha imaginação? Não podia ser! Estava lembrando de mais detalhes. Deixei minha calcinha no chão do banheiro do boteco. Entrei no carro do Edu porque quis. Não me lembro de como fomos parar dentro do seu apartamento. Só me lembro de nós dois nus e ele me levando para a sua cama encaixada na sua terceira perna mais conhecida como seu pau. Ele me pôs deitada e veio por cima de mim, se colocando de cabeça para baixo, num 69. Epa! Homem por cima? Em um 69? O cara só podia estar mais bêbado que eu! Ofereci:


-Que tal se eu ficar por cima?


-Depois a gente troca.


-Então vai ser bem feito se eu lamber seu rabo e te comer com os dedos!


-Faça as honras ao meu rabo, se tiver vontade.


-Mas você vai me dar assim, de cara, no primeiro encontro?


-E por acaso sei se vai ter outro?


-Tá falando sério?


-Tô. A minha masculinidade não fica aí­. Pode comer. Dá prazer e eu curto. Rock, bebê!


Quem disse que algum dia na vida eu comi um homem e sabia fazer o que só falei porque estava trêbada? Em 36 anos, nunca. Mas ali estava um oferecendo o boga e a bebedeira ia me ajudar a não desprezar oportunidade. Lambendo as bolas e a base do pau do meu parceiro, enterrei 2 dedos no seu rabo. O danado não só gostou como ficou apertando os meus dedos e rebolando neles enquanto disparava uma metralhadora de beijos na minha pepeca.


Poooooooorraaaaaa, eu nem estava preparada para dar! Olhei para baixo e me lembrei que o fogaço e a ressaca não me impediram de verificar que dei a xereca cabeluda mesmo. Edu não reclamou em momento nenhum. Meteu a boca no arbusto com tanto gosto que mesmo anestesiada de bebida, o meu prazer era loucura! Eu tava comendo um cara que não fez nenhuma questão de me penetrar quando soquei os dedos nele. Se isso não é ser macho eu não sei o que é. Ele não precisava se agarrar a nada para se 'garantir' ou se sentir 'mais homem'.


Edu se mexeu na cama. Vi que ele não estava arrepiado. Toquei sua pele, me assustei e toquei sua testa, para conferir. Caralho, fervendo! Não podia ser normal. Aquilo era febre e febre muito alta!


Tentei acordá-lo mas não consegui. Levantei e comecei a abrir os armários à procura de um termômetro. Tentei lembrar o fim do 69 e não consegui. Só me lembrava de estar de 4, na beira da cama e ele de pé, metendo com pressão. Sei lá há quanto tempo eu não dava mas estava pedindo pau no útero. Ele se curvava para cobrir o meu corpo, me masturbava e beijava, enquanto socava com força. Melzinho da minha pepeca escorria.


Minha cabeça interrompeu o fio condutor da transa para voltar lá atrás, quando eu o fiz tirar a camisinha.


-Você toma anticoncepcional?


-Não tomo. E não tenho doença.


-Se achasse que está doente, não teria te chupado, não acha?


-É, mas eu quero no pelo. Você mesmo devia dizer 'no pelo eu vim, no pelo eu vou'!


-Só não se esqueça que se daqui a 9 meses a gente vir o resultado, vou querer a guarda compartilhada.


-Tá. Dá nada não. Fode essa boceta!


Puta meeeeeeeeeerdaaaaaaaaa, fiz o cara me comer sem camisinha! E pior que eu gozei todas! Vovó falava que quando a mulher tá fértil e goza, aí­ que engravida mesmo. Será que uma porra dessa é verdade ou é invenção do povo antigo?


Cadê a bosta do termômetro? Revirei o guarda-roupa do cara e nem sinal. Fui procurar no armário do banheiro. Achei, voltei correndo, consegui levantar seu braço e uma vez colocado, rapidinho o termômetro apitou, marcando 38 e 9. Quase 40 graus! Dessa vez, chamei até acordá-lo.


-Que houve, May?


-Houve que você está com um febrão! 39 e 8. O que faz quando isso acontece?


-Não acontece mas eu sei como resolver.


Com essa afirmativa, Edu se levantou, mexeu no chuveiro, entrou debaixo da água fria, pediu que eu desligasse o ar no quarto e lhe desse 90 gotas de dipirona.


-90? Tá doido?


-Ué, quantos quilos acha que tenho? 93. Se quiser, coloque mais 3.


Enquanto ia contando as gotas de dipirona, tive um flash dele me comendo de ladinho, acarinhando o meu seio e fazendo tão gostoso que até parecia ser meu namorado. Dentro da casca de distante, sério, à prova de febres e água fria tinha um macho ardente mas também tinha um homem carinhoso. Eu tinha estado nas mãos dos dois, nas últimas horas. Entreguei o copo com dipirona e ele virou sem fazer careta. Só engoliu.


-Não te convido para entrar na água porque está gelada mas assim que terminar, você pode tomar seu banho quente.


-Nem fodendo. Quando você sair daí­, vou ver se a sua febre abaixou. Só vou tomar banho depois que você melhorar e prometo que só vou embora quando alguém da sua famí­lia chegar.


-Então você vai morar aqui, May. Eles nunca vêm. Minha famí­lia é enorme, todos moram em outro Estado e sempre sou eu que vou.


Tremendo, ele saiu da água gelada, pegou a toalha, se secou, jogou um edredom limpo em cima do lençol sujo, deitou, puxou outro edredom para cima do corpo e pediu:


-Sério, May, tome seu banho. Eu vou ficar bem. Obrigado. Pela noite, por ter me acordado, por cuidar de mim.


Eu fui, né? Tomei banho sem pressa. Enquanto usava seu sabonete lí­quido mais caro que a maioria das minhas roupas, percebi que tí­nhamos prioridades bem diferentes e lembrei que eu tinha quebrado o momento carinhoso de conchinha, pedindo para sentar no seu pau. Ele fez a minha vontade mas como eu estava mais bêbada que um gambá, sentei do jeito errado, a cabeça do seu pau cutucou o meu cu e como estava impossí­vel sentir dor, decidi que turupom, ia ser no rabo mesmo.


Carai de asa! Aliás só faltava a asa! Puta. Que. Pariu. O mastro tinha mais de 20 cm, grosso, com as bolas fartas para combinar. Até debaixo da água fria o troço era grande! Como consegui enfiar aquilo tudo no cu? Sei lá, sei que só as bolas do gato ficaram de fora e quando cansei de ficar quicando, ele me deitou de bruços, veio por cima e me mostrou como era do seu jeito.


Colocando um travesseiro pra empinar a minha raba, Edu comia o meu cu enquanto me fazia uma massagem que descia pela coluna e só podia ser erótica porque nunca foi tão bom tomar no rabo. Estava suave quando ele me colocou de barriga para cima e foi comer o meu cu num papai e mamãe piranhesco, enquanto me chupava os seios. Sua lí­ngua brincava nos meus biquinhos e nos seios fazendo a minha pepeca cuspir fogo em estado lí­quido.


Não pensei que podia ficar melhor mas ficou. Colocando as minhas pernas nos seus ombros, ele me invadiu a xereca meladinha com dois dedos. Cheguei a ronronar como uma gata! Meu segredo que homem nenhum achava estava por dentro. Minhas gozadas com brinquedos eram muito mais fortes do que com pessoas mas Edu veio para quebrar o padrão. Como se tocasse uma flauta, ele apertava pontos distintos do canal vaginal. À medida que os seus dedos iam se tornando mais rápidos e mais curvados para cima eu me entregava mais e alguma coisa ia crescendo como se fosse explodir. E explodiu mesmo. Ele tanto botou no meu cu e tanto massageou o meu ponto G que desaguei o meu orgasmo inteiro na sua cama. Longe de se incomodar com o lago no lençol, Edu curtiu, me beijou na boca, me fez carinho no rosto, me guardou no calor do seu abraço. Tão protetor! Mais uma vez, até parecia meu.


Banho longo finalizado, me sequei e fui procurar minha roupa pelo apartamento. Porra, que nojo! Minha roupa fedia à mistura que caracteriza a noite virada na balada mais comida de boteco, cigarro e suor com álcool. Talvez uma camisa do Edu me servisse como vestido. Entrei no quarto para lhe pedir uma e o encontrei chorando. Não era qualquer choro. Era. Uma. Cachoeira. Silenciosa.


-O que foi, Edu? Você piorou?


-Não piorei.


-Mas não me disse o que foi. Ontem você parecia tão bem!


-E estava!


-Então! Tem que saber o motivo dessa sua febre.


-Mas eu sei, Mayane! É emocional. Somatização.


-Impossí­vel!


-Sou viúvo, May!


Depois de revelar seu estado civil, não sobrou espaço para choro silencioso.


-Sou viúvo e você é a primeira mulher que dorme comigo em mais de 5 anos.


Essa frase não saiu assim certinha, foi cortada por soluços dolorosos.


-Mentira sua, você é um transão sem limite nenhum!


-Não falei que não transo. Eu não namoro, não fico e não durmo junto. Faço sexo pago há quase 6 anos! Faço pela putaria e saio fora. Eu me fechei sem prazo para reabrir.


-Me conta da sua mulher. Quantos anos viveu com ela?


-Quase 20.


-Que exagerado! Para viver junto quase 20 anos, você teria se casado com aproximadamente 15.


-Eu tinha 15. Perdi a virgindade pouco depois do meu aniversário. Com ela, que tinha 26 anos a mais.


-Que horror! E os seus pais deixaram?


-Eles não sabiam, May. Deixaram que eu fosse morar com ela para que pudesse continuar estudando.


-Credo, Edu! A mulher era tipo sua mãe de criação?


-Era. Mas na cama era minha mulher.


-Ela não tinha filhos?


-Dois. Um da minha idade e um que era um ano mais velho.


-E eles sabiam?


-Fingiam que não sabiam. Mas eu era inocente e fazia qualquer sacrifí­cio para ser discreto. Olha, não quero mais falar sobre isso, é muito triste para mim!


-Mas precisa, Edu! Ela nunca te assumiu como marido?


-Assumiu quando eu tinha quase 30 anos. Foi o escândalo. Por esse motivo, ao ficar só, deixei o Estado onde viví­amos. As pessoas me julgavam. Diziam que eu explorava a carência da falecida, que tinha sido traí­da e abandonada pelo primeiro marido. Diziam que eu era prostituto. Que comi a mulher que me estendeu a mão quando eu não tinha nada. Mas ignoravam que foi ela que, a tí­tulo de caridade, me propôs uma casa para morar quando, na verdade, só queria um empregado doméstico que também ajudasse os seus filhos com a matemática e um amante que não pudesse abrir a boca sobre o relacionamento.


-E mesmo assim você a amava?


-Mil vezes mais que a mim mesmo!


-Por que ela se foi?


-Câncer. Juro que fiz tudo que podia.


-Eu acredito, Edu.


-As freiras pediam para rezar, ela deixava as freiras pensarem que eu era seu filho.


-E você?


-Eu desmentia. Dizia que era o seu marido muito apaixonado.


-Entendo, Edu. Você está sentindo que cometeu uma traição porque sentiu tesão para trazer uma mulher até a sua cama, porque me deu carinho e se permitiu dormir acompanhado.


-Isso. Eu sei que não é. Mas não consigo deixar de sentir. Existem pessoas feitas para amar uma vez só. Talvez eu seja assim. Eu tinha cabelo comprido, May. Sem ela, me falta tanto pedaço que estou ficando careca.


-Comprido quanto?


-Na cintura. Na noite em que tirou a minha virgindade, ela soltou o meu cabelo. Na noite em que me deixou, ela fez uma trança no meu cabelo e pediu que eu dormisse ao menos meia hora. Quando acordei, sua alma tinha voado para longe.


-Meu Deus!


-Bebo nas noites em que sinto pânico. Sempre penso que alguém vai morrer enquanto durmo.


-Remédio não é melhor que álcool?


-May, até maconha deve ser melhor que antidepressivo mas eu sou careta demais para tentar.


-E o seu cabelo? Quando cortou?


-Antes de ir para o velório da minha mulher. Meu cabelo foi sepultado com ela. Beijei seus lábios, pus meu cabelo sobre o seu coração e depois do enterro, mandei fundir nossas alianças. Fiz uma só, nunca deixei de usar.


-Mas você só usa esse anel enorme! Pera, esse anel é sua aliança? Por que no dedo do meio?


-Casados usam aliança no anular e viúvos, no médio.


-Edu, pelo amor de Deus! A alma da sua mulher nem tem paz! Ela não quer que você viva assim!


-Eu sei. Há quase dois anos escrevi minha história de amor e putarias posteriores num site de contos eróticos. Conheci uma pessoa incrí­vel, que escrevia, me entendia e me aceitava. Tentei me relacionar mas apesar de ter comprado e preparado uma casa para recebê-la em minha vida, não consegui evoluir para fora do virtual. Eu a perdi e doeu tanto que voltei para o meu casulo. Dentro de mim é tudo cinzento e frio como pedra mas é seguro, sabe?


-Não, Edu, não sei. As suas cores ainda estão aí­. Eu as vi, ontem. Me empresta uma camisa?


Ele emprestou e eu fiquei. O abracei. Ouvi toda a sua história, onde conheci cada um dos seus 12 irmãos, seus pais e agregados à famí­lia. Seu cantinho de roça tão querido onde se criou até os 15 anos. Seus diplomas. De menino sem nenhuma perspectiva a Mestre. Me emocionei. Chorei com ele. Dei o ombro. Dei conselhos. Retribuí­ ao carinho que ele me deu.


Edu e eu nos tornamos grandes amigos. Apesar do sexo perfeito, nunca mais transamos. Não perguntem porque não me descrevi. Toda mulher sabe essa resposta. Eu, Mayane, posso ser qualquer mulher que se identifique porque eventualmente encontrou um homem sofrendo por esconder os seus sentimentos mais maltratados.


Edu continua trabalhando no mesmo local que eu. Ou melhor, ele está trabalhando. Eu estou de licença maternidade. 8 meses depois da noite de farra, pinga e foguete, Cynthia, nossa filha, nasceu. Compartilhamos a guarda da nossa princesa. É justo dizer que Edu é o melhor pai. E que apesar de optar por continuar sendo o eterno viúvo que trepa com garotas de programa para não entregar o coração, hoje a sua vida tem cor, calor e aconchego. Cynthia é o seu encanto, a sua pessoa favorita e ele ama ser pai.


Algum dia vou ter esse homem para mim? Não sei.


Eu o quero para ser meu? Tem dias que sim e dias que não. Mais dias que não.


Mas ele mexeu comigo. Eu mexi com ele. Sabemos disso, estamos eternamente ligados.


E enquanto a vida não desenrola, conto a minha história sem deixar de viver. No fundo, é tudo sobre isso: vivam! Amem! Aproveitem a festa e também o caminho.

*Publicado por Mayane no site climaxcontoseroticos.com em 18/05/19. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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