Ensina-Me A Viver, 5

  • Temas: hétero
  • Publicado em: 17/07/23
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  • Autoria: Larissaoliveira
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Embora tivesse levado duas horas para encontrá-la na floresta, Lincoln ponderava agora mais calmo, que na maior parte do tempo tinha ido para lá e para cá, sem direção ou coerência, e que, portanto, não devia estar tão longe do ponto inicial. Assim, por sorte, carregar Milka para fora da floresta não seria uma tarefa para mais duas horas, embora, é claro, exigisse esforço físico muito maior.


Embora menos intensa, a chuva ainda caía e Lincoln continuava mata adentro, tentando fazer o caminho inverso de onde viera, levando consigo a moça desacordada em seu ombro esquerdo. Lincoln era forte e Milka não era tão pesada, mas as condições da umidade do solo, do desnível, dos galhos, do mato e da chuva tornavam a tarefa um desafio para lá de extenuante. Algumas pausas eram feitas para retomar a força, e nesses momentos Lincoln tentava saber se a moça ainda respirava; algumas vezes conseguia perceber, outras não, mas continuava mesmo assim seu trajeto, pois se Milka estivesse morta, ainda assim mereceria um enterro digno.


"Como fui tão desastrado? Três dias sem comer é loucura! Eu tinha certeza que havia deixado um pequeno pacote de arroz… Merda! Espero que ela sobreviva."


Além de ressentir-se pela vida da moça, Lincoln pensava em sua profissão, no que significava ter talvez falhado pela primeira vez. Talvez fosse hora de abandonar esse tipo de atividade, que lhe rendeu muito dinheiro, mas definitivamente não lhe fazia mais feliz.


Lincoln evitava ao máximo parar, sabendo que Milka precisava ser aquecida o mais rápido possível e também alimentada; quanto mais demorasse, mais sua morte se tornava provável. Por outro lado, as poucas pausas se davam por absoluta necessidade, para que a fraqueza do condutor não lançasse ambos ao chão.


"Eu tenho que ser forte. Só mais um pouco, só mais um passo! Continue, Lincoln, seja homem, seja forte!"


E assim, depois de quarenta minutos, o regresso da floresta havia terminado. Exausto, ele põe aquele corpo inerte ao chão, na beirada da rua de terra, percebendo, dessa vez de forma mais clara, que sim, a moça respirava.


"Isso! Respire, agora falta pouco! Agora é só linha reta! Caramba… o rosto dela… é tão… ela é tão…. Foco, Lincoln! Foco!"


Na rua de terra e com Milka novamente em seu ombro, Lincoln continuava o trajeto agora sem sapatos, pois seus pés estavam profundamente doloridos. E então, chega no casebre. 


O que faria agora? Colocá-la no carro e dirigir até um hospital seria loucura, pois levaria muitas horas de estrada e ela não resistiria. Além disso, Lincoln sabia que se voltasse à civilização, seria para ele o fim: acabaria preso, e, Marvin e sua esposa seriam incriminados também, como cúmplices do sequestro da própria filha. Nada disso podia, portanto, acontecer.


"Raciocina, Lincoln, raciocina, porra!"


Então ele se lembra: a água da caixa estava quase sempre muito quente, e antes daquela chuva o calor estava insuportável. Lincoln a leva até debaixo do chuveiro, pondo-a sentada com ele no chão, ele por trás, ela na frente, e então liga o registro. A água vem extremamente quente, o suficiente para queimar a pele humana, mas ele recebe nele mesmo o primeiro fluxo, protegendo-a. A temperatura logo se ameniza, quente, mas agradável. Com as costas na parede, servindo de apoio para Milka, ele sentia muito pouco do benefício do calor da água; apenas os respingos e o que escorria pelo chão, esquentando ao menos suas pernas, afinal, o mais importante no momento era aquecer a moça.


A água caía sobre a cabeça de Milka, que fora colocada de forma que não fosse impedida de respirar. Vários minutos se passaram e Lincoln aguardava qualquer sinal de recuperação. Quando o corpo da jovem já estava devidamente aquecido, imaginou que agora podia ficar debaixo d'água um pouco para se aquecer também, mas então, a água acabou.


"Certo, tudo bem, pelo menos ela está quente".


Mais uma vez ele a carregava, porém, não mais como um um neandertal. Do mesmo modo como se carrega uma esposa numa noite de núpcias, assim ele adentrava o casebre, a deitando depois suavemente no colchonete.


"Precisarei enxugá-la, antes que a roupa esfrie novamente em seu corpo. Ainda bem que eu trouxe mais roupas para ela!"


Ele vai ao carro rápido e volta com uma mala grande. Retira uma toalha e começa a enxugá-la a começar dos cabelos, depois o rosto, o pescoço, as belas pernas, os pés perfeitos. Lincoln continua fazendo o que pode, sem tirar a roupa dela, todavia, parecia não ser tão eficaz. Não poderia mantê-la na roupa úmida, especialmente naquele tempo chuvoso e frio.


"Eu juro que não estou me aproveitando de você, Milka. Eu vou fazer isso para seu bem. E eu não vou olhar, eu juro".


Mas ele olha. 


Retira primeiro a camiseta dela, observando a carne de seus seios, naquela parte de cima que excede ao sutiã. O olhar desce para a barriga e umbigo de Milka, e então ele retira-lhe o shorts com o devido cuidado, prometendo a si mesmo que agora não olharia.


Mas ele olha.


"Nossa, essa calcinha ficou linda nela…" - e retira os olhos, não querendo ir além.


Lincoln poderia cobri-la de uma vez e acabar com aquela tortura, mas sabia que tinha que lidar com a nova etapa do dilema, já que o frio se instalava definitivamente naquele lugar.


"Eu não sei, esse sutiã parece ter um pouco de espuma, e está encharcado… Imagina isso no seios dela durante horas, ela pode pegar uma pneumonia. Eu vou tirar, mas dessa vez eu não vou olhar. É sério!" - ele pensa, bem determinado e firme.


Mas ele olha. 


Os seios de Milka se esparramam de uma forma tão bela, que o fez lembrar imediatamente que "milk" era leite em inglês. A forma, o tamanho, a consistência, a relação de cores, os relevos - tudo naquele par de seios era um deleite, que, a propósito, pensava Lincoln, rima com leite.


Enquanto passava a toalha sobre os seios da moça com a devida leveza, ele observava os movimentos graciosos que eles faziam, as auréolas rosadas tão comprimidas e como os biquinhos estavam tão durinhos. Lincoln se culpava por seu pau estar ficando duro, mas ainda assim tinha que lidar com a última camada de dilema:


"... Se fosse uma calcinha de algodão ou um biquíni, talvez não retivesse tanta água, mas essas calcinhas de renda… Eu não sei, ela pode pegar uma pneumonia…"


"Ah, cara, pneumonia na vagina? Você tá louco? Quer se aproveitar da moça numa situação dessas? Você é um lixo, caralho!"


Então Lincoln respira fundo e dessa vez realmente fecha os olhos ao retirar, com todo o respeito, a calcinha de Milka. Consciente da maldade que existia no mundo e em seu próprio coração, fechou até mesmo os olhos da imaginação, não se aproveitando dela nesse momento de tamanha vulnerabilidade. Por fim, cobriu-a com a coberta. 


"Pronto, descanse, Milka".


Quanto a ele, ficou nu, enxugou-se e trocou de roupa. Depois, ligou o forno e esperou o cômodo se aquecer um pouco, sentado em uma cadeira. Quando minimamente recuperado, foi novamente ao fogão preparar o Miojo que havia trazido.


As horas se passam e Milka não dá sinal de acordar. Talvez não acordasse jamais, talvez estivesse morrendo aos poucos e fosse só questão de tempo. Em um dia comum, Lincoln dormiria no conforto do carro e deixaria que a vítima passasse sozinha pela privação do cativeiro, mas agora a situação era diferente, não podia deixar Milka dormir sozinha. Se ela acordasse e precisasse de qualquer auxílio, ele deveria estar ali.


Não podendo sair por causa da chuva e nem se demorar no carro - não tendo mais nada a fazer, Lincon deita-se apenas na pontinha do colchonete sobre o cobertor, único lugar que havia para deitar. Seu corpo sequer encostou o da moça; só queria descansar a coluna um pouco, porque se sentia moído.


Dado o cansaço, não demorou muito tempo para que começasse a cochilar, e quando se deu conta, já era quase noite. Lincoln abre os olhos tendo um mal pressentimento, que para seu pavor se confirmava: Milka estava gélida, sem cor, endurecida e morta ao seu lado.


- Milka, MILKAAAAAAA! Não!!! - ele grita, desesperado


E então ele acorda:


- AHHHHHHHH! Milka, Milka! - ele se assusta e se alivia em seguida, vendo-a respirar normalmente, embora ainda inconsciente.


- Puta que pariu, caralho! Mano… - com a mão no peito, a respiração e o coração a mil.


Lincoln então se levanta, prepara um café, come algumas bolachas sem pressa. Depois, alimenta com querosene os lampiões e os acende, pois já começava o pôr do sol. Então ele pega seu livro favorito na mala: Laranja Mecânica, e, em meio a dois cigarros, lê alguns capítulos, sentado na cadeira. Ele acenderia mais um cigarro e prosseguiria na leitura, se Milka não tivesse acordado.


Eles se olham e nada dizem no primeiro momento. Milka percebe imediatamente que estava nua por baixo do cobertor e estremece. O que aquele monstro tinha feito com ela? Como saíra daquela floresta?


- Não precisa temer, Milka, o pior já passou - ele tentava não mostrar o quanto estava aliviado, fechando o livro e pondo-o sobre a mesa.


Alguns minutos após o choque inicial, Milka comia sua segunda porção de Miojo e a segunda metade de um pão, sentada à frente de seu raptor, à mesa. Ainda fingindo indiferença, lincoln pergunta:


- O que houve na floresta, Milka?


Ela tenta lembrar:


- Eu não tentei escapar, eu juro - e mordia o pão -, eu fui tentar encontrar algo para comer e…


- E por que não voltou?


Ela dá duas colheradas na tigela e depois responde:


- Eu me perdi e… eu não sei, senti uma picada no meu pé, achei que fosse uma cobra, uma aranha, ou um… - ela se arrepia ao dizer - escorpião. Mas não era tão dolorido, apenas coçava muito e… Então eu não liguei e continuei andando, mas aí eu senti um mal estar, vomitei algumas vezes e… não lembro de mais nada.


Lincoln a observava com atenção:


"Interessante. Não entendo nada de medicina, mas parece que não foi nada grave. Provavelmente devido à fome, estava muito debilitada, sistema imunológico baixíssimo. E quando teve uma pequena reação alérgica pela picada de um inseto qualquer, não resistiu. Ou algo desse tipo. Mesmo assim, não deixou de ser bem perigoso. Se eu não tivesse chegado a tempo, ela teria certamente morrido."


- Entendo -  usando um tom indiferente


- Você… você me encontrou desmaiada?


Não fazia parte dos planos de Lincoln entrar em detalhes sobre como teve que cuidar dela, afinal, não podia mostrar compaixão, não podia mostrar fraqueza. As coisas tinham voltado ao normal e a partir dali deveria ser mais cuidadoso e ainda mais exigente. Tudo aquilo tinha sido apenas um susto, mas passou. O plano original voltava aos trilhos e ele seria novamente implacável:


- Eu te encontrei na beira da estrada, caída. Quase passei com o carro por cima de você, por sorte eu estava prestando atenção na rua. Eu te trouxe para cá e foi só isso.


- … Por que eu estava nua? - os incríveis olhos azuis olhavam diretamente para Lincoln


- Porque estava chovendo muito forte, você estava encharcada e está muito frio. Mas não se preocupe, eu não vi nada.


- Obrigada - ela abaixa a cabeça, por algum motivo acreditando em seu testemunho.


- Enfim! - ele se levanta, para que não viessem mais perguntas - Amanhã começaremos uma nova etapa, Milka. Para não passar fome de novo, você terá que plantar e colher. Está tudo no carro: sementes, enxada, pá…


- Mas… eu não sei fazer nada disso, Lincoln


Ele prefere nem olhar no rosto dela:


- Eu te dei liberdade para usar meu nome?


- Não, senhor.


- Além disso, para ser uma mulher virtuosa, você precisa ter alguma cultura. Quantos livros você já leu na vida? - agora a olhando com deboche


Milka se lembra da linda biblioteca que havia em sua casa, toda de madeira, com poltronas de couro e lareira. Se lembra também que jamais esteve ali para ler o que quer que fosse.


- Eu não… eu nunca gostei muito de ler…


- Quantos, Milka? 


- Eu li um livro na época da escola… Acho que foi o único. Era algo sobre vampiros 


- Ah, não! KKKKK - a risada bem alta e arrogante - Essas bobagens não contam! Não, Milka, aqui você vai ler só a alta literatura. Já ouviu falar de Jane Austen? 


- Não sei, acho que não


- Kkkk. Ok, vai começar por ela. Duzentas páginas por dia vai ser o que vou cobrar de você. Quando você voltar para sua casa, será uma moça culta - ele diz, pegando da mala um livro de capa vermelha e deixando sobre a mesa.


Os olhos de Milka até brilham:


- Então eu vou voltar??? - o coração até acelera


- Talvez, quem sabe? Isso vai depender de você - ele acende um cigarro


- Me explica isso, por favor! É só o que te peço. Se você me explicar, prometo que vou dar o meu melhor!


Lincoln ri-se por dentro, entendendo que todo o baque inicial tinha funcionado bem. A garota já o temia, já sabia do que ele era capaz e já tinha entendido que a única forma de sair dali era sendo obediente e aplicada. Claro, entender é diferente de fazer, mas já era um grande passo.


- Não, por enquanto você obedece sem entender. Você não merece mais do que isso - e solta a fumaça para o alto, em total desprezo.


Milka engole seco. Por algum motivo confiava nas palavras daquele louco. E ela não se esquece de agradecer:


- Obrigada pela sopa…E por me salvar - olhando para baixo, envergonhada.


- Sopa? Isso não é sopa, é Miojo. Você nunca tinha comido Miojo?


- Não


- Porra, você é esnobe mesmo, hein? Rs Achou gostoso?


- Eu estava com muita fome, então não sei dizer, rs


"Que sorriso… puta que pariu…"


Há alguns segundos de silêncio e então Lincoln sai sem se despedir, indo para o carro, onde comeria seu sanduíche, continuaria sua leitura e depois assistiria em seu tablet um filme previamente baixado antes de dormir


No casebre, Milka fica pensativa por um momento. Queria entender melhor o que se passara, mas a verdade é que desde que entrou naquele maldito carro, no aeroporto, nada fazia mais sentido. Entender o mais recente episódio era nada comparado ao todo. Diante das coisas que Lincoln havia dito desde o início, sobre "quebrá-la", sobre a morte de seus pais, sobre ter que plantar para comer, sobre ler duzentas páginas por dia, ela só podia concluir que se tratava de um maluco. Um maluco que realmente acreditava em algo, mas ela não sabia o quê. Milka estremecia, convencida de que sua única chance de sair dali era fazendo aquele homem acreditar que ela estava mudando, seguindo seus "ensinos", e então, quando ele vacilasse, entrar naquele carro e pisar fundo até chegar em algum lugar. Faria isso, mesmo que para tanto, precisasse perfurar-lhe o coração com aquela faca de cozinha.


"Você quer que eu mude, seu desgraçado… Pois eu vou mudar…"


A chuva para, o tempo se mostra estranhamente quente e seco à noite e Lincoln sai do carro para fumar:


- Que tempo maluco! - e, abrindo o zíper, começa a fantasiar:


"Por que estou nua?"


"Eu não te olhei, Milka, relaxa"


"... Jura?"


"Bem, eu olhei só um pouco, mas não fui até o fim"


"O que você viu?"


"Os seus seios"


"... Não era para ter olhado rsrs"


"Eu sei"


"Você mexeu neles?"


"Apenas os sequei"


"Você tirou minha calcinha também, então você olhou e secou a minha...?"


"Talvez, e daí?"


"rs"


"Por que essa risadinha, hein?"


"Podia ter feito alguma coisa, além de olhar rs"


"Você estava desacordada, não era certo"


"Estou acordada agora"


Em sua fantasia, Milka saía de baixo da coberta e se colocava nua, ajoelhada à sua frente, com a bundona gostosa por cima dos pés. Vista de costas, o cabelo descia perfeito até a cintura, e ela mamava sua rola com toda a obediência e devoção


"Eu não posso dizer isso a seu pai, Milka"


"CHUP, CHUP, CHUP… Eu não vou contar pra ele, você vai? CHUP, CHUP…"


E ela seguia assim, complicada e perfeitinha, até que Lincoln explodisse em prazeres, na fantasia e na realidade:


- OHHHHHHHHHHHH! CARALHOOOO, Ohhhhhh!


Enquanto isso, no casebre, Milka se preparava para dormir. Agora que os lampiões estavam acesos, certamente dormiria mais tranquila. Porém, ponderou que deveria economizar para as próximas noites. Deixou apenas um se deitou. O sono, porém, não aparecia, o que era de se esperar depois de tantas horas de sono durante o dia e a tarde. Não demora muito e ela se levanta, entediada. Pega o livro de capa vermelha que estava sobre a mesa e, sob a luz do lampião abre a primeira página. 


"Orgulho e Preconceito"


"Isso deve ser uma porcaria, mas não tem mais nada pra fazer…"


E assim, quando Milka se deu conta, já tinha lido vinte páginas.


"Nossa, eu amei! Kkk"


"Ai, adorei essa personagem! Hahaha"


O tempo passa e Milka continuava:


"Cinquenta páginas??? Eu não acredito que li tudo isso! Carambaaaaa! Meu pai estaria tão orgulhoso! E minha mãe..."


Aos olhos de Milka vêm algumas lágrimas e ela resolve parar. Já sentia algum sono, e então, podia se deitar. Ela se arruma, feliz por ter lido tanto de uma só vez, e só esperava sua mente apagar. Havia, porém, um pequeno detalhe que estava atrapalhando totalmente seu sono. Ela não podia acreditar no que estava fazendo, mas se levantou, apagou o lampião e, agora no escuro total, se deitou novamente.


"É assim que se dorme, Milka" - ela pensa e rapidamente dorme.

*Publicado por Larissaoliveira no site climaxcontoseroticos.com em 17/07/23. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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