Sala do computador

  • Publicado em: 29/07/15
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  • Autoria: LOBO
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Eu sei o que se passa por aí­.


Você é um livro aberto para mim...


Você está só na sua sala de trabalho. Só você, seus livros, revistas, o computador, e todo um mundo só seu girando na sua cabecinha.


Ligou para uma amiga, meia hora de papo. De iní­cio bom, mas logo te cansou com aquela conversa indo e vindo sem conclusão nenhuma.


Abriu a internet, checou seus e-mails. Nada urgente: publicidade, aquelas mensagens com arquivos melosos que aquela mesma amiga do telefonema te envia aos quilos todos os dias. Deletou metade, passou o resto para a pasta "a ver", onde esses e-mails ficam para o resto da eternidade, sem serem jamais abertos.


Abriu o MSN, mas ninguém está por lá. Pena... justo agora que está totalmente só. O técnico de computador passara antes, hoje cedo, e havia deixado instalada e operacional sua câmera e ajustado seu microfone.


Agora poderia ser vista, poderia falar.


Aquele seu diabinho te toca: agora poderia falar tudo... e sem correr o risco de que depois, um telefonema interurbano estranho pudesse despertar suspeitas do marido, aparecendo sem uma boa explicação na conta da telefônica.


Uma navegada sem rumo pela net não preenche o vazio. Aquela tentação de entrar naqueles certos sites eróticos não mais satisfaz. Aquele gosto de travessura secreta, aquela provocação das imagens e textos extremamente ousados e picantes perdeu sua intensidade, sufocado pela mesmice.


Mesmo porque, você olha aquilo e se sente fora da cena. Apenas vendo algo que soa como de um universo inatingí­vel.


Mas você sabe que esse universo existe. Está lá, escondido em segredo dentro de você...


Ah!... Se o encontro acontecesse agora. Mesmo que só via net. Já tem tudo na cabeça pronto, não é? Alguma conversa amena, até que pouco a pouco teus olhares na câmera começam a mostrar um certo brilho, você começa a trair seus desejos com aquela tua tí­pica mordida nos lábios depois de cada frase.


A música suave de fundo, previamente escolhida está lá. Você olha bem frente à câmera, e faz sua provocação:


- Deixa te mostrar algo...


Afasta-se para que todo seu corpo esteja contido na imagem. Faz um sutil meneio de corpo, deixando os cabelos soltarem-se pelos ombros.


Botão a botão, vai abrindo teu vestido. Olhos fixos na câmera enquanto a seda do vestido desliza pelo teu corpo, saindo de cena.


Em cena agora a primeira surpresa: tirado daquela caixa longe dos olhos do marido, em teu corpo está um conjunto de lingerie negra. Transparente, ousada...


Um soutien meia-taça que realça o arfar de teus seios, não esconde o eriçar dos biquinhos que acusam teu estado. A calcinha é minúscula. Obviamente, comme il faut, uma fio dental. Virando-se - com requintes de perversidade, você faz questão de mostrar... - exibe como ela some nesse derriére, que acentuado pelos sapatos de saltos muito altos, fica ainda mais delicioso.


Completando, com requintes de uma sensual malí­cia, o clássico corsellet, sustentando as meias rendadas 7/8. Assumido o phisique du role, você executa sua dança de sedução.


Vira-se de costas e solta lentamente, sempre ao sabor dos meneios rebolativos, o soutien. Volta-se e exibe os seios, que massageia com as mãos.


Novamente de costas, acentua os movimentos do quadril. É a vez da calcinha, sustentada por aquelas tênues alcinhas terminadas em frágeis nós, que você desamarra. Sempre com lentidão... Soltos os nós, o corpo da calcinha cai, mas a base fica presa, dentro de você, que pouco a pouco a puxa até que também ela abandone a cena.


Vira-se mais uma vez de frente. Saltos altos, o corsellet e as meias negras, mas sem calcinha e soutien.


Está vestida, mas está nua!


A mulher séria compenetrada do cotidiano há muito deixou a sala. Agora, reina no palco a cortesã.


Pena que a resolução dessas câmeras seja baixa. Não consegue mostrar tua pele arrepiada. Não consegue exibir a umidade que abunda entre tuas coxas.


Mas pouco importa. Mesmo porque, imagens reais e imaginárias, nesse caso se completam. Você sabe que passou bem sua mensagem, sente que há do outro lado uma rí­gida ereção te desejando. E pensar assim, agora que é uma plena devassa, te excita. Muito...


Criar estas cenas te fez divagar mais. Agora, transporta-se para aquele quarto de motel. Teu imaginário voa longe, te levando a uma de cena de entrega total, num pleno desvario onde toda a tua sensualidade aflora.


Inclusive certos aspectos que estavam dormentes há anos. Aquela você, que você mal sabia que existia...


Telefone tocando.


Você cessa o vôo e atende. Para variar uma operadora de telemarketing querendo te empurrando uma nova conta de celular. Você despacha.


O telefone quebrou o encantamento, te trouxe de volta ao mundo real.


Bem, chega de devaneios: Ande! Você tem coisas a fazer agora, pendências a resolver.


Mexa-se!


Trate de liberar toda a sua agenda. No fim da tarde, te encontro no MSN.


Você já preparou seu roteiro.


Quero te achar pronta...


LOBO



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*Publicado por LOBO no site climaxcontoseroticos.com em 29/07/15. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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