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Conto: O Veredicto - Parte 1

  • Conto erótico de romance (+18)

  • Publicado em: 31/12/17
  • Leituras: 2694
  • Autoria: chriswryter
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Feliz ano novo a todos! Que 2018 seja um ano maravilhoso para todos. E como último dia do ano, vou passar um conto erótico longo (Do livro: 4 contos de tirar o fôlego, disponí­vel na Amazon). Sei que normalmente as pessoas colocam contos pequenos. Aos corajosos que se aventurarem em ler são 62 páginas divididos em 3 partes. Não sei se vão gostar, se não gostarem prometo que tiro e só volto a postar contos curtos. Bom chega de enrolação e vamos ao teste :)




Ele se achava bom, ela a melhor, quis o destino que seus caminhos se cruzassem. E agora eles estão em uma encruzilhada, qual direção eles seguirão? Profissional ou sentimental.




Capí­tulo 1




O ano de 1992 ficaria marcado para sempre na vida do jovem Heitor. Ele arrumou a gola de sua camisa enquanto sua visão se prendia às pedras de gelos que boiavam no interior de seu copo de whisky. Girava o pulso em cí­rculos, o movimento fazia com que os cubos de gelos colidissem entre si. O som dos estalos lhe agravada. A música que tocava no ambiente era um novo sucesso dessa primavera. A capital comandava os modismos do momento em várias áreas: música, moda, culinária, etc e passado algum tempo suas novidades se propagavam para o interior. A chegada sem aviso de uma frente fria, amenizou a temperatura das primeiras semanas da estação, devido ao encontro das massas de ar quentes com as frias. Esse fenômeno aumentava as chances de tempestades castigarem a região. O sobretudo amontoado no mancebo era um acessório indispensável. Aquele clima logo tornaria o centro da cidade interiorana de difí­cil acesso. Os rios aumentariam seus volumes assustadoramente e muitas das ruas ficariam instransponí­veis.


Heitor observava os outros advogados em rodas familiares desfrutando de conversas agradáveis e animadas. Estava sozinho, mas sabia que essa situação não perduraria por muito tempo, Estefani e seu noivo Richard caminhavam em sua direção. O jovem advogado não esboçou nenhuma reação, a mulher ocupava o cargo de secretária na firma, além de ser a melhor amiga da esposa do senhor Duarte, sócio majoritário do escritório de advocacia. Hiperativa e agitada, seu maior defeito se dava em não conseguir manter a boca fechada por muito tempo, sempre falando mais do que o necessário. Muitas vezes uma conversa com ela significava: Estefani falando com Estefani e os outros... Bem, eles desempenhavam o papel de meros expectadores. Richard, por outro lado se mostrava ser uma pessoa totalmente diferente, maleável e de bom papo e talvez por ser professor procurava sempre estar atualizado de todas as novidades que ocorriam nas redondezas e na capital. Conversar com ele significava ficar a par dos assuntos que raramente Heitor buscaria nos jornais. A cara de Richard não deixava dúvidas, o ser era perdidamente apaixonado por Estefani.


O casal parou ao lado de Heitor e a conversa começou a fluir naturalmente. Estefani monopolizava o papo e de vez em quando Richard dava uma pitada de seu humor negro no assunto. O advogado permanecia calado na maior parte do tempo, não porque não se interessava pelos assuntos discutidos, mas sim porque os dois não lhe davam oportunidade para falar. Em um determinado momento, Estefani mudou completamente suas atitudes e se dirigiu a Heitor com um pedido que havia se tornado habitual quando se encontravam dentro do escritório.


"Heitor, você pode tomar conta do Richard para mim por uns dois minutinhos?" A mulher passou os dedos pelo queixo do noivo fazendo uma carí­cia. "Tenho que resolver uns assuntos pendentes com o Doutor Duarte e já volto." Ela sempre se referia ao chefe pelo tí­tulo de Doutor.


Duarte era um senhor de aproximadamente uns sessenta e três anos, se portava sempre como um cavalheiro distinto e tratava a todos com muita polidez. Normalmente ficava restrito para ele a palavra final nas tomadas de decisões do escritório.


"Mas até nas festas este crápula quer lhe dar serviço? Estamos comemorando o aniversário do escritório, diga para ele dar um tempo." Protestou o noivo usando tons de repreensão e indignação.


"Não se esqueça que minha dedicação pode me trazer uma promoção em breve, mas mesmo assim vou comunicar a ele sua insatisfação com todas as horas extras que tenho feito últimamente." Ela sorriu para o noivo. "Só não se esqueça que esta é uma ocasião excepcional, Gregory sofreu um acidente voltando da capital ontem e não poderá se apresentar no fórum amanhã. Infelizmente o julgamento não pode ser adiado, por isso o Doutor Duarte precisa de mim agora mais do que nunca. Tenho que deixar toda a documentação em ordem para quem for assumir o caso." Estefani piscou para o noivo e partiu. A secretária exagerava nos movimentos do quadril deixando mais do que evidente seu traseiro avantajado. Suas vestimentas estavam impecáveis, ela parecia estar sempre muito bem vestida, como se acompanhasse todas as revistas de moda que circulavam. Hoje mesmo, usava um salto preto, combinando com uma saia da mesma cor, uma blusa branca e um colete azul marinho. Seu cabelo ficava preso atrás da cabeça por uma presilha, dando-lhe um ar jovial. No meio do caminho Estefani se virou para trás, não falou, apenas mexeu os lábios, mas o recado foi entendido sem dificuldades pelo noivo. "Eu te amo, não vou demorar, vê se não foge, tá."


Depois dos dois observarem-na se distanciar de todos os convidados e entrar em uma sala no final do corredor, Richard se voltou para Heitor.


"Estefani, vive me dizendo que aos olhos de Duarte, você é considerado a joia rara do escritório."


"Você não pode esquecer que Duarte já é um senhor de idade avançada e está um pouco "gagá" em seus julgamentos." Brincou Heitor, tentando demonstrar modéstia, mas no fundo o jovem adorava ser elogiado. "E Estefani, tem o costume de aumentar muito as coisas."


"Ela me disse que até hoje você nunca perdeu um caso no tribunal."


"Talvez por que eu ainda não tenha enfrentado os advogados certos."


"Mas você gosta disso, certo?" Vendo a dúvida surgir no rosto de Heitor, Richard procurou se explicar melhor. "Digo, essa coisa de ir para os tribunais defender ou acusar as pessoas."


"Eu amo." Confirmou Heitor com sinceridade em suas palavras. "A sensação quando você está perante um júri decidindo o destino de um réu... É um sentimento difí­cil de se explicar, mas que me dá um prazer enorme."


A conversa seguia um rumo descontraí­do, enquanto as pessoas transitavam pela sala sem maiores preocupações. Não demorou muito para Estefani voltar. Ela coçava o pescoço visivelmente nervosa e ajeitava a frente de seu cabelo que insistia em cair sobre sua testa. Ao parar diante dos dois, seu primeiro olhar recaiu sobre Heitor.


"O Doutor gostaria de vê-lo."


"Estefani, o que houve com seu cabelo? Está todo desarrumado." Comentou Richard com descontração enquanto tentava ajudá-la a fixar os fios soltos em sua testa.


"O Doutor está muito estressado hoje. Vou acabar ficando maluca. Veja, como ele me deixou toda descabelada."


"Isto tem a ver com..." Heitor não precisou terminar a frase para ela compreender ao que o jovem se referia.


"Isso mesmo, ele está desesperado por causa do acidente de Gregory. Se aquele homem não tiver um ataque do coração hoje, nunca mais terá. Perder seu advogado mais experiente justo as vésperas de uma audiência tão importante, foi um golpe terrí­vel para ele."


Heitor se preparava para seguir até a sala de Duarte quando Estefani o deteve. Com uma garrafa nas mãos, ela serviu-lhe uma boa dose de whisky em seu copo.


"Tome, você vai precisar disso."


Heitor partiu ouvindo a secretária reclamar sem parar de seu chefe enquanto Richard tentava consolá-la.


"Você vai para o céu meu bem, por aguentar esse homem."


Mas ela retrucou logo em seguida.


"Não preciso do céu. Uma promoção já estava mais do que suficiente."


Heitor mirou a porta entreaberta no final do corredor e seguiu. As vozes dos convidados ficaram distante. Entrou na sala, o local estava limpo e arrumado e sua primeira visão foi de Duarte em pé, rente a janela observando a chuva escorrer pelo vidro. A intensidade da água era considerável e se persistisse por muito tempo com certeza logo muitas das ruas se alagariam. Quando o homem percebeu que não estava mais sozinho, se virou com certo nervosismo e sua mirada se fixou instantaneamente em Heitor, com um gesto suave de seu braço ofereceu-lhe uma poltrona.


"Meu jovem, sente-se, por favor." Duarte pareceu se acalmar repentinamente. Foi até o copo do recém chegado e cheirou o conteúdo do lí­quido. "Minha nossa, o que estão servindo para vocês ali fora? Gasolina?


Fez uma careta, foi até um banheiro existente no final do aposento e jogou todo o conteúdo do copo dentro da pia. Ao retornar, abriu seu armário de onde tirou uma raridade de whisky. Batendo o dedo no rótulo da garrafa comentou cheio de satisfação.


"Isso sim podemos considerar um whisky de verdade. O resto são imitações baratas."


Caprichou na dose de ambos, a de Heitor quase transbordou de seu copo. Duarte saboreava a sua, já Heitor não tocava na bebida, o jovem não gostava de misturar prazer com negócios. O sócio majoritário fez uma pergunta que em um primeiro momento pareceu ser bem despretensiosa.


"Há quanto tempo você está no escritório, Heitor?"


"Três anos e meio, senhor."


"E nesse meio tempo, qual tem sido sua média de casos? Quatro ou cinco por mês?" Duarte fez um gesto com a mão querendo simbolizar um 'mais ou menos'. Heitor confirmou com a cabeça, o que incentivou o homem a prosseguir. "E quantos você perdeu nesse tempo todo?"


"Nenhum!"


"Você merece meus agradecimentos pela dedicação e empenho que coloca em nosso escritório."


"Senhor..." Heitor adotou um pouco de cautela em suas palavras. "Não creio que o senhor me chamou no meio da festa para me parabenizar pelas minhas vitórias."


"Exatamente. É isso que gosto em você, capta as coisas no ar, sem que seja preciso falar muito sobre elas. Infelizmente isso não acontece com todo mundo." Duarte andou alguns passos pela sala, coçou seu rosto e passou uma das mãos pelo queixo. "Bem, queria falar com você a respeito do caso Homero que está em nosso poder para realizar sua defesa."


Heitor sorriu, essa ocorrência era o assunto mais comentado na cidade, mesmo assim o jovem procurou usar um pouco incerteza em sua resposta.


"Esse Homero é o que está sendo acusado de abuso por uma de suas funcionárias?" Duarte confirmou com um gesto afirmativo. "O caso está sendo notí­cia em todas as mí­dias do estado. Creio que Gregory estava cuidando do processo. Até..."


"Pois é... O acidente... Enfim, ele não terá mais condições de continuar com o caso. Gregory quebrou a claví­cula e terá que ficar no mí­nimo um mês de repouso. Com ele fora, temos que escolher alguém para representar nosso cliente amanhã." Um brilho surgiu nos olhos de Heitor enquanto Duarte continuava. "Você acha que conseguiria se colocar a par de tudo em uma noite?" O homem colocou uma das mãos em cima de uma pasta cheia de documentos que repousava sobre a mesa. "Estefani separou toda a papelada para mim." Ele se aproximou mais de Heitor, puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado. "Desde o começo eu havia indicado você como meu representante preferido para o caso, mas o conselho preferiu alguém mais velho, com mais experiência..."


"Com todo respeito senhor Duarte, acredito que tenho plenas condições de assumir o caso." Proclamou Heitor com muita convicção. Desde o começo ele ansiava por esse caso e ficou decepcionado quando Gregory assumiu, mas agora o destino se encarregava de dar-lhe tudo de mão beijada. O jovem não deixaria a oportunidade escapar. Quem ganhasse esse caso ficaria conhecido em todo estado.


"Eu sei que tem filho, mas existe um pequeno problema." Heitor não se pronunciou, apenas esperou que Duarte continuasse. "O escritório da capital que representa a acusação vai mandar uma pessoa muito gabaritada para tentar incriminá-lo." Ele também já esperava por isso, só aguardou Duarte pronunciar o nome para confirmar todas suas suspeitas. "A Devoradora."


Os olhos de Heitor brilharam com mais intensidade. Em um papel ele pôde ver escrito, Pamela N. Sigionari, mais conhecida como "A Devoradora", advogada de fama nacional e uma das mais respeitadas no meio jurí­dico. A mulher recebia esse tí­tulo porque em noventa e nove por cento das vezes, atuava contra advogados do sexo masculino nos tribunais, com uma inteligência fora do comum, sempre ganhava todos os casos, ou seja, "devorava" por completo seus adversários e daí­ vinha seu tí­tulo. Todos ouviam falar de seu nome, mas poucos conheciam seu rosto. Esse fato curioso possuí­a uma explicação muito simples. A advogada nunca atuava fora dos grandes centros apesar de trabalhar no escritório de advocacia mais famoso da Capital. E a comunicação entre os grandes centros e as cidades do interior era precária. Os noticiários da TV raramente mostravam imagens dos tribunais. Enquanto os jornais de grande circulação se limitavam a reportagens escritas, sem fotos. Mas para ela vir ao interior acusar uma pessoa significava que 'alguém grande' queria muito que o réu pegasse a pena máxima. Com certeza este caso seria de grande repercussão.


Uma chama interna acendeu em Heitor, ele adorava desafios. Pancadas soaram na porta.




Capí­tulo 2




"Está aberta." Disse o sócio majoritário do escritório.


"Desculpe Doutor Duarte, esqueci de anexar um dos arquivos no processo." Estefani entrou rebolando, seu cabelo não estava mais preso na parte posterior da cabeça por uma presilha, mas sim por uma caneta. A secretária subiu em uma cadeira para pegar uma pasta amarela que se encontrava na última prateleira da parede central. Heitor reparou que Duarte continuava dando-lhe instruções, mas seus olhos fixavam-se nas pernas da mulher.


Polido e educado? Seu velho safado, aposto que está tentando ver a calcinha dela. Pensou Heitor, sorrindo internamente.


Depois de pegar a pasta, Estefani dirigiu-se à mesa, mas por um descuido seu uma das folhas foi ao chão. Quando se abaixou para pegá-la, seu colete e sua blusa se descolocaram de seu corpo. Heitor pode ver que ela estava sem sutiã, o bico rosado de seu mamilo ficou à vista. Era grande e até desproporcional com relação ao tamanho de seus seios. Mesmo assim tinha seu charme.


Heitor fixou sua mirada no tronco dela, até Estefani dirigir a palavra para Duarte outra vez.


"Mais alguma coisa, Doutor?" Perguntou usando um tom respeitoso.


"Acredito que não Estefani, por enquanto é só. Se me lembrar de algo mando chamá-la."


"Vou voltar para junto do meu noivo, o pobrezinho costuma ficar perdido longe de mim nessas festas."


Os dois voltaram a se concentrar em seus afazeres enquanto a mulher deixava o recinto.


O telefone da sala de Duarte tocou no momento em que ele finalizava todas suas instruções para Heitor.


"Vejo-o amanhã no tribunal. Estude o caso e lembre-se de chegar no fórum com antecedência ao horário marcado para iní­cio da sessão, qualquer deslize pode ser mal visto pelo júri e influir negativamente na sentença final. Vou atender a ligação na outra sala. Deve ser minha esposa."


Duarte saiu para o cômodo vizinho. Heitor, distraí­do, pegou seu copo de whisky e esqueceu que o mesmo estava cheio. Com o movimento brusco de sua mão, uma pequena porção da bebida caiu na pasta de documentos.


"Merda!" exclamou insatisfeito com seu descuido. Foi para o banheiro limpar a bagunça que havia feito. Enquanto secava a pasta, ouviu um estalo e a porta que dava para o corredor foi aberta lentamente. Estefani entrou na sala e certificou-se de que o local estava vazio. Colocou um pequeno aparelho sobre a mesa atrás de dois livros, apoiado em um cinzeiro, apertou um botão que Heitor não soube dizer qual era sua função, até que...


Espere ai. Aquilo não seria uma das novas mini câmeras que Duarte arrumou para gravar as entrevistas com clientes?


Elas eram aparelhos muito úteis, pequenas, discretas e se deixadas no lugar certo podiam filmar sem que ninguém percebesse. E o que os objetos tinham de melhor, é que seus visores podiam exibir os filmes a qualquer momento para qualquer um ver. Excelentes para colherem informações, e serem analisadas posteriormente. Poucos sonhariam que tal tecnologia existia em 1992, normalmente esses aparelhos se restringiam a usos militares, isso mostrava que o escritório também possuí­a algumas conexões importantes.


Não demorou muito para Duarte regressar, Heitor colocou a mão na maçaneta para sair, porém teve que reter seu movimento e permanecer em silêncio onde estava. Duarte puxou a caneta do cabelo de Estefani, os fios caí­ram sobre os ombros da mulher. O homem tombou a cabeça dela para trás e começou a beijá-la no pescoço. Guiou-a até sua mesa e colocou o quadril da secretária sobre a superfí­cie de madeira, abrindo-lhe as pernas logo em seguida. Tirou a calcinha de um modo até bruto e desceu a cabeça no meio das pernas dela. Estefani, por sua vez, o agarrou pelos cabelos, despenteando-o todo. A mulher utilizava sua força para pressionar o rosto de Duarte contra o seu corpo e ainda tentava controlar o volume de suas suspiradas e inspiradas repletas de prazer. O sócio majoritário do escritório cavoucava o sexo dela com a lí­ngua enquanto suas mãos alisavam lhe as coxas.


Heitor não acreditava no que via. Quem diria, hein? Ele apreciava a sessão de sexo ao vivo que tinha diante de si.


"Minha gostosa." Sussurrou Duarte levantando a cabeça.


"Vai Doutor, abusa de mim que sou toda sua."


"Agora é a sua vez."


Ele abriu o zí­per de sua calça, deixou que a mesma caí­sse até seus calcanhares. O pênis ereto fazia volume no interior de sua cueca, o homem abaixou-se e se sentou em sua poltrona. Estefani desceu da mesa e se ajoelhou em frente a seu chefe. Sua cabeça se posicionou diante da cintura de Duarte e sua boca não demorou a engolir aquele membro eriçado. O homem a puxava pelos cabelos enquanto ordenava.


"Isso, chupa bem gostoso."


A cabeça de Estefani ia e voltava obedecendo um ritmo constante. Duarte se reclinou na cadeira, fechou os olhos e praticamente implorava para o ato não parar. Em alguns de seus movimentos Estefani deixava sua boca chegar até o meio do pênis do chefe, em outros ela praticamente o devorava por inteiro. A secretária ainda mirava seu superior com os olhos cheios de malí­cia, o que o deixava muito mais excitado.


"Ai que tesão." Sussurrava ele e nesses momentos ela tirava o membro de sua boca. As mãos da mulher continuavam os movimentos, de baixo para cima, de cima para baixo, enquanto ela passeava com sua lí­ngua pelas bolas dele.


Duarte a pegou pelos braços e levantou o corpo da secretária, Estefani obedeceu a ordem implí­cita naquele gesto. Ele a virou de costas para si e fez com que a mulher sentasse em seu colo.


"Ai Doutor, enfia ele todo em mim."


O pênis ereto invadiu o sexo de Estefani arrancando-lhe gemidos de excitação. A secretária rebolava sobre a cintura de Duarte, enquanto as mãos dele seguravam-na com firmeza pelo quadril, como se ele desejasse conduzir o ritmo dos movimentos. O clima continuava quente e pelo visto não se acalmaria tão cedo.


Será que eles não tem medo de que ninguém entre aqui? Acho que não.


Heitor sorriu. Talvez um dia eu deva experimentar fazer algo desse tipo. Os pensamentos do jovem foram cortados pelo barulho do telefone da sala de Duarte. Imediatamente Estefani parou seus movimentos.


"Alô, oi meu bem. Você 'JÁ' está nos fundos?" O escritório de advocacia se localizava no primeiro andar do maior prédio da cidade. Duarte tinha duas vagas privadas no estacionamento traseiro do edifí­cio. "Mas você disse que ia chegar mais tarde. Entendi, o eletricista não pôde ir por causa da chuva. Estou indo te buscar."


"Droga!" Amaldiçoou Estefani. "Ela sempre chega nas piores horas possí­veis."


"Depois continuamos nossa brincadeira." Comentou Duarte dando-lhe um 'soco' carinhoso no queixo. "Venha comigo, vamos buscar minha mulher."


"Então devolva minha calcinha."


"Não, não. Este será meu troféu de hoje." A voz saiu carregada de tesão enquanto o homem guardava a peça í­ntima na gaveta da escrivaninha. Ele moveu um de seus braços e enfiou os dedos no meio da perna da secretária.


"Huum." Gemeu Estefani mordendo a orelha dele. "Meu Doutor safadinho."


Os dois se vestiram e saí­ram pela porta do corredor. Heitor ficou sozinho na sala, perdido em seus pensamentos.


Pobre Richard, não queria estar na sua pele agora.


Caminhou até a mesa, a câmera ainda se encontrava sobre o móvel e com o modo de gravação ativado.


Ela grava as transas com o velho? Para que será? Por pura diversão ou será que para um dia chantageá-lo?


Heitor fez um gesto com os ombros como se o fato não tivesse a mí­nima importância para ele, afinal ambos eram adultos e já sabiam tomar conta de suas vidas sozinhos. Deixou tudo como estava e saiu.


"Você viu Estefani?" Perguntou Richard.


"A esposa de Duarte acabou de chegar. Acho que ela foi com ele, recepcioná-la."


"Estefani é muito dedicada no que faz."


Heitor concordou. Você não imagina como.


Richard mostrou uma câmera igual à que Heitor havia acabado de ver na sala de Duarte.


"Estefani levou uma dessas do escritório para casa, ela disse que o senhor Duarte pediu para testarmos."


Então ela levou mais que uma câmera. Pensou Heitor.


"Veja o ví­deo que fiz dela cuidando de sua sobrinha de cinco anos."


Você precisa ver o ví­deo que ela fez dando para ele.


Heitor até tentou, mas após o que havia presenciado sua atenção não se prendia de jeito nenhum ao visor do aparelho, Richard então decidiu mudar de assunto.


"Estefani me disse que está para ser promovida. Você acha que ela consegue?"


Ele pensou na câmera escondida.


Se ela for chantagear o velho tem grandes chances. "Com certeza vai, ela está fazendo um ótimo serviço."


Heitor sorriu e Richard ficou satisfeito, afinal Estefani tinha a admiração do noivo devido a sua dedicação e empenho quando se tratava da busca de seus objetivos pessoais. Não demorou para Duarte aparecer acompanhado pela mulher de um lado e Estefani do outro. A esposa do sócio majoritário do escritório era um pouco mais nova que ele, porém bem vistosa para sua idade. Cabelos pretos que escorriam até perto de sua cintura. Dona de um quadril largo e admirável. Seios empinados que ficavam ressaltados embaixo da blusa. Olhos castanhos e lábios carnudos. Seu corpo tinha sofrido inúmeras cirurgias plásticas para tentar manter uma aparência jovial.


"Boa noite à todos." Cumprimentou a recém chegada de um modo bem cordial.


A resposta geral veio no mesmo tom e logo em seguida Richard indagou.


"Amor, que horas vamos embora hoje?"


"Infelizmente vou ter que ficar até um pouco mais tarde, preciso ver com Doutor Duarte toda a papelada que vamos precisar levar amanhã no tribunal."


"Esse caso está dando o que falar, hein?" Questionou a mulher de Duarte.


"Não era para menos." Comentou o próprio Duarte. "Todos estão revoltados com o réu, por ele abusar de um inocente."


"Estefani?" Chamou a mulher de Duarte. "Meu marido está muito relaxado últimamente. O médico disse para ele se cuidar que seu ní­vel de colesterol está muito elevado. Quero que você me prometa que vai cuidar dele direitinho e não vai deixá-lo comer porcariadas.


Ah, fique tranquila senhora Duarte, que ela vai garantir que ele coma direitinho... Quanto a comida, isso já é outra história.


"Fique sossegada, Estefani é muito cuidadosa com quem ela gosta." Comentou Richard cheio de orgulho.


"Pode deixar que eu cuidarei."


"Tenho que voltar mais cedo para casa, nosso filho chegou de viagem ontem e hoje vai dormir em nossa casa. Senão ficaria para ajudar você." Explicou a mulher de Duarte.


"Não se preocupe querida, Estefani é muito eficiente, mesmo que você ficasse, ela não deixaria nada com que você pudesse se ocupar. Ela faz tudo." Completou Duarte.


E como faz. Pensou Heitor.


"Amor, te esperarei em casa." Disse Richard.


"Acho que vou me retirar agora. Tenho muito o que ler." Desculpou-se Heitor, exibindo a pasta nas mãos.


"Heitor não se esqueça de chegar cedo amanhã. Você sabe como são esses perí­odos de chuvas, deixam todas as ruas do centro intransitáveis. O eletricista deu o cano em minha mulher por causa disso hoje." Duarte apontou para sua esposa que confirmou com um aceno de cabeça. "Sejamos pontuais! Por muito menos já vi bons advogados perderem casos que consideravam ganhos."


"Fique tranquilo senhor Duarte, não irei decepcioná-lo."


Heitor pegou seu sobretudo e observou Richard limpando a saia de sua noiva. O casal não notou a presença do jovem advogado atrás da estante e prosseguiu sua discussão.


"Onde você se sujou desse jeito?"


"A faxineira não limpou a sala do senhor Duarte hoje, devo ter esbarrado em algum objeto."


Richard subiu um pouco mais as mãos pelo tecido e algo chamou-lhe a atenção.


"Você não está usando calcinha?"


Por alguns segundos a face de Estefani apresentou traços de indecisão, mas assim como apareceram, os traços sumiram rapidamente e ela acrescentou com muita sensualidade em sua voz.


"Não, ia fazer uma surpresa para você, mas vejo que você descobriu antes..."


"Vamos para algum cômodo vazio." Sugeriu ele.


"Você está louco, Richard? Quando eu chegar em casa serei toda sua." Provocou ela. "Além do mais, não sou esse tipo de mulher que fica transando em qualquer lugar."


Eca, que falsa...




Capí­tulo 3




Heitor estava com as mãos sobre a pasta que Duarte havia lhe entregado. O objeto repousava sobre a mesa, aguardando a decisão do Juiz para que as partes envolvidas entrassem no local onde ocorreria o julgamento, apenas uma porta os separava disso, já que no momento eles ocupavam uma sala isolada ao fundo do salão principal. O réu que Heitor representaria, um homem cujo nome se intitulava Homero, continuava sentado em uma cadeira, sem proferir uma palavra sequer. Ele se encontrava visivelmente transtornado, não parava de coçar suas próprias mãos e balançar a cabeça para o lado com se tivesse um "tic nervoso". O "pobre coitado" não via a hora daquele show começar e rezava para que tudo acabasse o mais rápido possí­vel.


No recinto da audiência podia-se observar todos os tipos de pessoas, advogados, guardas, o pessoal da imprensa e até curiosos que apenas queriam ver no que daria todo aquele alvoroço. Talvez o mais certo fosse dizer que a cidade de um modo geral desejava saber qual seria o desfecho da história. Duarte ocupava um lugar na terceira fileira, ele ficaria poucos metros de onde os advogados atuariam. Ao seu lado sua secretária Estefani tentava permanecer de boca fechada, o que se mostrava ser uma tarefa extremamente complicada, pois a todo momento a mulher questionava seu chefe sobre algum tópico do processo. A secretária usava roupas distintas naquela manhã no tribunal. Enquanto Duarte vestia seu melhor terno. Heitor mirou para seu relógio e viu que a sessão já deveria ter se iniciado há 45 minutos. Caminhou até o juiz. O representante da acusação com receio do que seria dito aproximou-se dos dois.


"Merití­ssimo." Disse Heitor usando um tom respeitoso. "Creio que a sessão já deveria ter começado, afinal todos as partes envolvidas se encontram presentes."


A autoridade máxima do recinto o encarou com indiferença.


O representante de acusação, que nem advogado era e só estava ali para garantir que a sessão não se iniciasse antes do 'acusador' chegar, se enervou temendo que a resposta do juiz pudesse lhe ser desfavorável e se pronunciou rapidamente.


"Por favor Merití­ssimo, o tempo está terrí­vel hoje, várias das principais vias de acesso estão bloqueadas." Tentou se justificar. "Peço vossa compreensão e somente mais alguns minutos de vosso precioso tempo. Logo a advogada estará aqui."


O homem se voltava constantemente para as portas da sala, como se esperasse que as mesmas se abrissem e a solução de todos os seus problemas aparecesse.


"Senhor Merití­ssimo, não podemos passar o dia todo esperando." Retorquiu Heitor. "Creio que deverí­amos iniciar, pois se este senhor está aqui." O jovem apontou para o responsável pela acusação. "Ele pode muito bem tomar o lugar do advogado que está para chegar."


O responsável pela acusação se pronunciou mais uma vez.


"Veja bem merití­ssimo, não estou pedindo nada de mais, apenas um pouco de paciência." Voltou seu olhar novamente para a porta dos fundos.


Heitor sentiu um arrepio percorrer seu corpo. A qualquer instante a Devoradora entraria por aquela porta e ele estaria cara a cara com a renomada advogada. Como ela seria? Charmosa? Arrogante? Ele não saberia nem como arriscar um palpite, nunca tinha visto uma foto dela, só ouvia comentários de advogados que já a haviam enfrentado e os adjetivos empregados para descrevê-la eram: linda, inteligente, sagaz e vários outros que seguiam essa mesma linha de adjetivos. A empresa para a qual ela trabalhava, a mais importante da capital, diga-se de passagem, nunca divulgava fotos de seus funcionários. Os meios de comunicações eram péssimos, levando os jornais do interior a dispor de poucas ou quase nenhuma informação dos tribunais dos grandes centros.


"Está bem, mais cinco minutos e depois começaremos..." Declarou o juiz, deixando a todos aparentemente satisfeitos.


Esses cinco minutos se prolongaram por mais cinco e por mais cinco e assim sucessivamente. Heitor sabia que o prazo se estenderia, afinal a firma da capital era poderosa e praticamente ditava as regras nas grandes metrópoles, talvez essa influência não fosse da mesma intensidade em sua cidade, mas com certeza ela existia. A ele só cabia ter paciência, afinal aquela situação não duraria para sempre. O jovem poderia ser mais incisivo, mas se via em uma encruzilhada, por um lado estava tenso, se a Devoradora não chegasse eles ganhariam, pois a pessoa que se encontrava diante si não tinha a mí­nima condição de lhe fazer frente. O sucesso e o dinheiro que Duarte esperava viriam com muita facilidade. Por outro, estava ansioso, ele queria enfrentar a Devoradora, ela era uma espécie de lenda entre os advogados. Em seu í­ntimo ele almejava pelo 'combate'.


Continuou observando os ponteiros do relógio para mais uma rodada de cinco minutos que se iniciava, 4: 00 minutos decorridos, 4: 30, 4: 45... A chuva prosseguia no lado exterior do prédio, 4: 50, 4: 55. O juiz começava a ficar incomodado com a situação. Mesmo para o magistrado se tornava impossí­vel continuar aguardando, independente de quem estivesse envolvido no caso. A imprensa aguardava ávida por ação. Heitor teria que se contentar com o triunfo sem ao menos ter que brigar com alguém digno, mas a vida traçava seus próprios caminhos e o que valia era a vitória.


"Senhores, sinto lhes informar, mas o tempo se esgo..." o juiz ficou sem terminar sua frase. A porta dos fundos se abriu. Uma morena de cabelos ondulados, batom vermelho, saia preta, blusa cinza e blazer preto entrou. A mulher carregava uma pasta em seus braços, andava conservando uma postura impecável. Até os movimentos de seu quadril se alinhavam de forma perfeita a seu corpo. Todos se viraram para encará-la. Ela ignorou a atenção recebida enquanto seguia em direção ao juiz. O silêncio só se quebrava pelo toque de seus saltos no chão liso de mármore.


"Quem é você?" Perguntou o juiz.


"Pamela da Vargas & Associates e vim tomar à frente junto a acusação."


O representante de acusação soltou seu peso na cadeira. Seu corpo esparramou como se fosse uma geleia. O homem suspirou aliviado.


Finalmente!


A porta foi aberta e eles entraram para a audiência.




Heitor fixava-se na figura próximo a si, ele a analisava cuidadosamente.


A blusa e o cabelo apresentavam áreas mais escuras como se essas estivessem molhadas, com certeza ela não conhecia as caracterí­sticas da região e ficou presa em alguma via de acesso interditada pela chuva. Com isso, buscar uma rota alternativa tomou muito mais tempo que o previsto e o atraso foi inevitável.


Ponto para mim. Comemorou Heitor internamente.


O juiz chamou ambos os advogados, pedindo para que se aproximassem. Nesse momento o perfume da Devoradora tocou o olfato de Heitor, era doce, provocativo, mas sua fragrância tinha algo de selvagem também. As atitudes dela eram um pouco agressivas, mas nada que o impressionasse além do esperado. Ele se lembrou das palavras de um amigo advogado para quem ligou e que já a havia enfrentado nos tribunais.


"Você vai saber reconhecê-la quando a vir. A minha opinião é idêntica à de todos os que já tiveram o desprazer de tê-la como adversária. É impossí­vel vê-la e não soltar uma exclamação de admiração."


Heitor se sentia um pouco decepcionado, talvez o jovem fosse insensí­vel ou algo do gênero. A Devoradora era realmente bonita, mas nada fora do comum como todos diziam. Mulheres como essa ele já tinha visto aos montes. Talvez tivesse criado uma expectativa muito grande em torno desse embate e esperasse por uma deusa em vez de uma mera mortal.


O que eu achava que iria enfrentar? Uma mulher em que colocasse os olhos e dissesse: É a mulher mais linda que já vi na vida. Não, não era assim que as coisas funcionavam na vida real.


"Toda a imprensa está de olho nesse julgamento por isso vamos fazer tudo se desenrolar de uma maneira decente." Pediu o Juiz e prosseguiu sendo mais enfático. "Nada de showzinho aqui. Não vou tolerar indisciplina nesta sessão. Vamos manter uma postura decente."


A Devoradora mirou Heitor da cabeça aos pés como se quisesse avaliar do que seu adversário seria capaz, o ato não durou mais que alguns poucos segundos. Ela não demonstrou qualquer tipo reação, apenas se virou e se dirigiu até sua cadeira. Heitor ficou confuso e não soube definir qual foi o resultado de sua avaliação. Mas isso pouco importava, para ele só uma coisa se fixava em sua mente: Vencer!


O julgamento havia começado, como em uma partida de xadrez, Heitor se concentrava e acompanhava atento cada palavra, cada gesto feito pela Devoradora, às vezes tomava alguma nota em sua caderneta, outras passava as mãos no queixo apenas analisando os fatos.


Ela era boa, expunha suas ideias com clareza, seus argumentos e pontos de vista eram sólidos e não deixavam dúvidas em suas ações. Quando precisava fazer alguma observação mais pertinente do caso usava sua agressividade para que a informação ficasse bem marcada na mente dos jurados. Heitor, por sua vez, não ficava atrás, o jovem jogava com as palavras trazendo o júri para seu lado. Sua atuação beirava a perfeição tanto que tudo o que ele dizia podia ser dado como verdade absoluta. Se o confronto entre os dois fosse visto como uma luta de boxe podia se dizer que Heitor levava uma pequena vantagem por pontos.


O julgamento passava de sua metade e Estefani e Duarte comemoravam, Heitor estava realmente se saindo muito bem. Agora chegava a vez dele de fazer as perguntas para uma das testemunhas. Se elaborasse as questões certas, os pontos que havia ganhado poderiam se converter em um nocaute a seu favor. Nesse instante, o guarda abriu uma das portas do fundo do salão e um corpo se esgueirou de modo acanhado invadindo o local. O policial não teve como desviar o olhar daquele quadril envolto por uma saia justa verde e as costas cobertas por uma blusa de seda branca.


Até Heitor que estava um pouco mais distante não pôde deixar de notar.


Minha nossa! De onde surgiu essa beldade.


A mulher era morena com algumas sardas espalhadas em suas bochechas, uma boca que combinava perfeitamente com o formato oval de seu rosto. Seus olhos azuis eram de uma imensidão que conquistava quem os visse. Cruzava os braços à frente do corpo onde carregava um caderno, este não ficava muito rente a si devido ao volume considerável de seus seios. Tentava pisar com delicadeza, procurando não fazer muito barulho para não chamar a atenção. Contudo, era impossí­vel que as pessoas dos bancos não virassem seus olhares para tal beldade e acompanhassem seu suave caminhar. Tirar a visão daquele corpo escultural era uma tarefa complicada. Até as mulheres lhe rendiam olhares, algumas deixando transparecer a inveja que sentiam, outras num claro sinal de admiração.


Ela se dirigiu até a frente onde conseguiu um lugar na primeira fileira, colocou seu caderno sobre as pernas e mirou Heitor com um olhar amigável.


"Senhor Heitor! Senhor Heitor!"


"Sim? O que foi?" Heitor havia sido arrancado da realidade. "Quero dizer, pois não, Merití­ssimo."


"O senhor pode continuar com suas perguntas, por favor?"


Foi só então que o jovem percebeu, assim como praticamente todos no salão que um silêncio mortal se fizera quando a moça entrou na sessão.


Daquele momento em diante, tudo se desordenou, Heitor não conseguia desviar sua atenção dela. A mulher tinha um ar de inocência que ao mesmo tempo parecia esconder algo feroz. Seus olhos chamativos hipnotizavam quem os mirasse por muito tempo.


Heitor se via na necessidade de estar com sua vista fixa naquela diva. Por diversas vezes isso lhe causou momentos de desatenção. Sua convicção parecia não existir mais, como se o julgamento em si ficasse em segundo plano. A Devorada por sua vez, não perdoava esses deslizes e fazia com que a pontuação da 'luta' começasse a pender a seu favor.


Maldição, quem é esta mulher? E por que tinha que aparecer justo agora?


As questões que Heitor se fazia internamente ficavam sem respostas. Ele prendia seu olhar nela e por algum motivo que não sabia explicar, via sua atitude ser correspondida. Isso aumentava ainda mais sua necessidade de tê-la sob sua 'mira'. O caso prosseguiu e o jovem advogado novamente perdeu sua linha de raciocí­nio quando a recém chegada abriu um dos botões de sua blusa, deixando uma parte maior da área logo abaixo de seu pescoço visí­vel.


Heitor engoliu em seco, enquanto a mulher alisava o próprio pescoço. Ela notou a desatenção dele e fez um sinal com o lápis como se fosse para ele olhar para o lado. Quando assim o fez, o jovem advogado notou que o juiz lhe dirigia a palavra.


"Senhor Heitor, sua última colocação me pareceu um pouco... Confusa, você poderia repetir?"


Voltou a se concentrar, estava deixando a situação escorregar entre seus dedos, perdia o domí­nio de uma partida que já se encontrava sob seu controle. E tudo por causa daquela mulher misteriosa.


A disputa continuava. Heitor nunca se vira num jogo de gato e rato como aquele. A Devoradora continuava jogando pesado. Ele tentou se abstrair de tudo a sua volta para retornar a jogar no mesmo ní­vel que ela. A tática se mostrou eficaz, pelo menos na maioria das vezes, e quando a sessão chegou perto de seu final, ninguém sabia dizer quem seria o vencedor. O juiz pediu para o júri se reunir antes de pronunciar o veredicto final. Quando o representante se aproximou para dar o resultado, o silêncio era a única coisa perceptí­vel.


"O júri declara que Homero Filias é culpado das acusações de assédio moral, tendo que pagar uma multa e ainda pegará uma detenção de seis meses. Quanto à acusação de assédio sexual o júri o declara inocente."


O juiz bateu o martelo e encerrou o caso. Heitor não deu muita importância ao resultado do julgamento e buscava entre os presentes aquela mulher que o deixou simplesmente perdido durante a sessão, mas a mesma parecia que havia simplesmente desaparecido.


Duarte ouvia as reclamações de seu cliente.


"Acreditei que você tinha dito que me mandaria o melhor advogado que você dispunha."


"E assim o fiz."


"Então acho que seu rapaz não estava muito a par do caso, porque muitas vezes até eu fiquei em dúvida se ele sabia o que estava fazendo." Homero passava as mãos pela testa limpando as gotas de suor que escorria. "Eu peguei seis meses de detenção. Malditos seis meses!"


"Calma Homero, meu rapaz o livrou de anos de cadeia, afinal a acusação de assédio sexual foi relevada pelo júri. Seis meses passam muito rápido."


"Você garantiu que eu ficaria livre."


"Eu sei o que lhe prometi, mas não se esqueça de quem ele teve que enfrentar, sua sentença acabou saindo muito branda..."


Estefani se aproximou de Heitor. Ao vê-la ao seu lado, o jovem considerou pela primeira vez o resultado de seus atos.


"Acho que poderia ter sido melhor, não?" Perguntou, sabendo que a resposta não seria aquela que gostaria de ouvir.


"Já vi você fazer coisas muito melhores, se fosse uma partida de qualquer esporte eu diria que tivemos um empate com sabor de derrota, pois saí­mos ganhando com folga e deixamos o adversário empatar."


É uma análise simples e perfeita do que aconteceu. Pensou Heitor, contudo ele ainda não conseguia tirar o rosto daquela mulher de sua mente. Sua dispersão chegou a tal ponto que não tomou conhecimento de que Duarte também estava parado ao seu lado. Só percebeu sua presença quando este colocou a mão em seu ombro. Ao ver aquele rosto familiar, Heitor tratou logo de se desculpar.


"Sinto muito, senhor."


O rosto de Duarte se constituí­a em um enigma naquele momento, entretanto o sócio majoritário não parecia aborrecido ou mesmo estar tomado pelo mal humor. Suas palavras foram suaves e em tom compreensivo.


"Não seja tão duro consigo mesmo, Heitor. Existem dias que não acordamos com o pé direito, esse foi o seu. Vamos levar em consideração que mesmo assim você conseguiu livrar o réu de passar um belo tempo preso. Ele estava arriscado a pegar mais de vinte anos atrás das grades, você converteu isso em uma quantia a ser paga e seis meses de detenção, o que passará muito rápido. Creio que está de bom tamanho em se tratando de Homero. Além do mais, você derrotou a Devoradora diante de toda a imprensa."


"Não sei se posso dizer que a derrotei."


"Claro que derrotou, ela queria dar a pena máxima para o réu."


Heitor ficou pensativo, então Duarte tentou consolá-lo.


"Não sei quais tipos de problemas ou preocupações você tem em mente, mas trate de se livrar disso logo, senão irá se prejudicar."


Heitor decidiu sair e dar uma volta pelo local. O jovem queria encontrar aquela mulher. Sua vista correu até o fundo do salão e foi então que enxergou aquelas costas cobertas pelo tecido branco e a cintura envolta pela saia verde, caminhando ligeiro pelo fundo do local, pensou em sair correndo na mesma direção, tinha que ao menos saber seu nome. Foi quando sentiu uma mão segurar seu pulso, ao se virar se viu face a face com a Devoradora.


"Parabéns senhor Heitor, reconheço que hoje você se sagrou vitorioso."


"Obrigado Pamela." Espantou-se como ela mantinha sua postura elegante mesmo depois de horas de disputa no tribunal. Seu comportamento não demonstrava ser de alguém que não tinha atingido o seu objeto.


"Eu só lhe daria um conselho, leve as coisas mais a sério, o senhor estava muito disperso e suas defesas foram inconsistentes, se esse julgamento acontecesse na capital com certeza o resultado seria outro."


"Está me dizendo que só vencemos por que o julgamento foi em uma cidade do interior?"


"Estou apenas dizendo que você teve sorte, só isso."


Heitor sabia bem o que ela estava insinuando e decidiu contrariá-la.


"A sorte é uma coisa que acompanha os vencedores."


"Realmente, hoje ela esteve ao seu lado, mas volto a repetir. Em um grande centro, com certeza ela o teria abandonado. Até uma próxima ocasião."


Pamela partiu pisando firme e fazendo com que o barulho de seus saltos ecoassem pelo salão, os olhares ao redor se voltaram com curiosidade para aqueles sons. Heitor acompanhou aquele quadril que rebolava sem fazer esforço algum até o mesmo sumir de vista.


Quando pensou em retomar sua perseguição pela mulher misteriosa, já não sabia mais que direção seguir. Duarte se aproximou dele e o presenteou com um sorriso caloroso.


"Bar da Canastra? Todos lá e não quero ouvir desculpas, hoje as bebidas são por minha conta."






*Publicado por chriswryter no site climaxcontoseroticos.com em 31/12/17.


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