Sobre viver e amar..., 1

  • Publicado em: 06/03/18
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  • Autoria: PequenoAnjo
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Antes, a questão era descobrir se a vida precisava de ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado.

(Albert Camus)


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MEU IRMÃO ROBERTO

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Tenho 43 anos bem vividos e resolvi abrir minha vida contando algumas experiências vividas no afã do prazer e da descoberta. Casei-me relativamente tarde, tinha 18 anos quando conheci Roberto um dos administradores da rede de lojas do meu pai. Roberto me maravilhou desde o primeiro momento, era um jovem cheio de vida, sonhador que queria vencer na vida por meios próprios e batalhou muito antes de chegar ao posto de Gerente Sênior da matriz. Casamo-nos no dia 17 de maio de 1986, um sábado cheio de sol, tí­nhamos namorado quase 3 anos.


Parecia que a vida havia me dado um presente sem igual, tudo era maravilhoso, um verdadeiro sonho que durou pouco, apenas dez meses desde aquele sábado maravilhoso. Roberto estava voltando da reunião anual de gerentes no dia 24 de março de 1987 quando um caminhão carregado de madeiras bateu de frente com a veraneio da firma matando o motorista e dois dos cinco passageiros; entre eles o meu Roberto. Fiquei arrasada, amava de verdade aquele moreno de olhos esverdeados e entrei em depressão


29 de março de 1987, domingo - São Luí­s, Maranhão

Não era para menos. Com apenas 23 anos era uma viúva arrasada, meu mudo se desmanchou. Meus pais tentaram me levar de volta para casa, mas sentia que se deixasse nosso pequeno apartamento estaria varrendo Roberto em definitivo de minha vida. Meu lugar era ali e era ali onde eu havia passado alguns dos melhores momentos de minha vida.


Pelo menos passe uns dias conosco! - papai sugeriu - Depois você volta...


Não aceitei, queria ficar no lugar onde as lembranças eram mais vivas, onde eu e meu marido haví­amos traçado planos para nosso futuro.


Promete que liga quando precisar? - mamãe entendia o que eu sentia, sempre foi assim, sabia antes de todos o que povoava minha mente.


Chorei muito quando os dois saí­ram e me deixaram só, mas eu precisava daquela solidão para poder reencontrar meu rumo, refazer os planos e caminhar com meus próprios pés.


Os primeiros nove dias foram um suplí­cio, a todo instante escutava a porta abrir e me levantava ansiosa imaginando que Roberto entraria sorrindo, contando piadas, dizendo que aquilo tinha sido um sonho absurdo. Mas ele não entrava e eu voltava a cair naquele sofrimento que infernizava minha vida até que, em uma noite, mamãe ligou perguntando sobre como eu estava levando a vida. Chorei muito e ela sentiu que, se não fizesse alguma coisa, eu poderia entrar em parafuso e enlouquecer.


No dia seguinte ela chegou cedo no apartamento e ficou escandalizada com a sujeira e bagunça generalizada. Desde aquele dia fatí­dico não mais havia sequer varrido o lixo e a cozinha mais parecia um monte de quentinha jogadas por todo espaço, minhas roupas jogadas pela casa toda e poeira tomando conta dos móveis.


Assim não vai dar, minha filha! - sentou-se na cama onde eu me jogara - Você tem que dar a volta, sacudir a poeira e viver!


Não adiantou nada dizer da minha dor, do quanto Roberto me fazia falta.


Vamos passar uns dias conosco... Olha! - levantou e recolheu as roupas jogadas pelo quarto - A gente faz o seguinte! Trago a Neuza para dar um jeito nessa bagunça e depois você volta...


Novamente não aceitei sair de casa, mas deixei que ela trouxesse a Neuza e prometi que ligaria toda noite falando de como eu estava.


O Nelson conseguiu transferir o curso, chega por esses dias! - senti uma réstia de animação ouvir mamãe falar em Nelson - Quem sabe se ele não te anima?


Nelson é meu irmão que morava em João Pessoa onde estudava engenharia, um ano mais velho que eu e sempre fomos bastante ligados. Desde 85 morava na Paraí­ba e vinha passar sempre as férias conosco, mas não pode vir para o enterro, coordenava uma turma de universitários encarregados em desenvolver uma engenhoca que permitisse melhor aproveitamento da energia solar e estava no México estudando um tipo de células voltaicas utilizadas no deserto. Só quando retornou ao Brasil é que soube do acidente.


Ele te ligou? - lembrei que o telefone tocara durante o dia todo e que eu não atendera porque não identificara o número no bina.


Disse que não, só atendia telefones de casa.


Ele falou que tentou ligar várias vezes e que você nunca atendia... Ele pensa que o telefone está com defeito...


Fiquei realmente feliz com a volta do Nelsinho e chorei convulsivamente quando ele foi me visitar, no dia seguinte, com meus pais.


Sofri muito quando soube... - falou abraçado a mim - Tentei vir o mais rápido possí­vel, não deu...


Ele queria deixar tudo e voar pra cá! - papai falou sentado no sofá abraçado com mamãe - Ainda bem que ele teve a sensatez de desistir, terminaria perdendo a bolsa...


Vim ficar contigo... - sussurrou em meu ouvido - O velho conseguiu minha transferência...


Tentei demovê-lo da ideia de ficar morando em meu apartamento que fica muito longe da faculdade, a casa do papai era mais perto e...


Ele tem razão filha... - mamãe interferiu - Pelo menos até as coisas se ajustarem!


Foi assim que Nelsinho veio morar comigo e dou graças a Deus por ter aceito a sugestão. O que vou contar a partir de agora é um outro sonho maravilhoso que vivi a partir daquele dia.


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*Publicado por PequenoAnjo no site climaxcontoseroticos.com em 06/03/18. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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