Eu e a professora de Calculo 2

  • Publicado em: 15/05/22
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  • Autoria: Incensatez
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Entrei casa adentro atordoada pelo beijo de Odete, fui para meu quarto feito uma sonâmbula. Ainda bem que as outras meninas não estavam em casa. Tirei a roupa, limpei a maquiagem e fui ao banho.


Aparvalhada, as águas caindo no meu corpo e eu revendo as cenas. Odete falante e risonha na mesa do restaurante, as confissões, o vinho forte, as garçonetes, os quadros mostrando os corpos nus. A proposta nem tão velada da minha professora.


Fui me lavando sem prestar muita atenção até que senti a cena do beijo, a surpresa, boca dela, a língua me provocando sensações novas. O sabonete passeou pelo meu corpo como se fosse a língua de Odete: nos braços, nos seios, meus bicos ficando duros. Fui encostando nos azulejos frios, as águas me espetando o corpo como agulhas. Tensa arrepiada e louca, o sabonete foi descendo até a cintura, acariciou os meus pelos, obsceno me abriu os lábios, me ensaboou por dentro.


Ah! Como eu queria Odete ajoelhada e nua me dando um beijo nas minhas coxas. O sabonete escorreu da mão.


- AAaaaiiiii!! AAAAaaaahhhh!! Odete!!


Os dedos sumiram no meio das minhas pernas. Me toquei sonhando com ela, vendo Odete molhada me deixando louca como se os dedos fossem os dela. Fui perdendo a decência, a consciência por ela. Fiquei na ponta dos pés quando pressenti a erupção que vinha das minhas entranhas, a chuva do banho me ferindo como dardos e o meu ventre em ebulição. Espremi o bico do peito no último instante, vi Odete rindo pra mim. Gemi seu nome cerrando os dentes. Pisquei sonhando que era para ela.


Desceu um caldo quente no meio das pernas. Fazia muito tempo que eu não me tocava assim. Aquilo era tão bizarro, Odete era só a professora de Cálculo, uma chata rude que me contara seus segredos e se despedira com um beijo devasso na porta de casa.


Sentei na cama amarrando o robe, penteando os cabelos molhados, puxei o celular desejando que ela tivesse me enviado uma mensagem. Bobagem. Não havia nada. Odete era daquelas que não se mostrava quando estava no zap. Pensei em escrever, mas alguma coisa me segurou a vontade.


‘Não seja boba, deixa ela escrever pra você. Não foi ela quem te beijou? Não dá mole!’


Foi duro resistir. Vontade doida de ligar, mas eu acabei deitando e dormindo. Completamente nua, nunca faço isso, mas pra ela eu fiz. Me enfiei na cama como se fosse uma virgem pronta pra ser deflorada por mulher mais sabia como Odete. Me esfreguei, me enrolei nos lençóis e dormi sem terminar a foda imoral com a professora da faculdade, nem percebi que estava cansada.


Acordei no meio da noite, sentindo frio, um sonho nublado, o corpo exposto. Coloquei a mão no meu sexo, os pelos crespos, a testa ficando dura. Esfreguei a vulva, enquanto Odete aparecia se misturando ao sonho. Ofereci, mostrei meu desejo, eu estava quente, a testa dura. Senti os dedos de Odete me abrindo os lábios, me deixando alucinada ao me massagear o ponto. Abri as pernas como uma safada e senti os dedos da professora me invadindo o ventre. O calor molhando os dedos fui sendo perfurada pela nova amiga. Como se ela fosse um macho. Um macho sedento e tarado, me comendo esfomeado. Os nossos corpos batendo, os nossos seios se amassando. Ah! Sonhei com ela me enchendo o útero com o seu orgasmo.


Gozei de novo, sofrida, contida, desiludida por ser apenas um sonho louco com ela. Mas foi bom, me fez dormir até de manhã. Acordei tarde, me aprontei e depois do café voltei pro quarto, ansiosa pra ver se havia mensagem.


Nada!


Perdi a paciência. Eu não estava me aguentando mesmo.


“Bom dia! Dormiu bem? Espero que sim. É só pra te dizer que adorei o jantar de ontem. Foi especial. Bom fim de semana. Bjs.”


Nada. Nem viu. Fiquei frustrada. Me beija e depois some! Que coisa louca, pensei. Fui fazer outras coisas, fui estudar minhas matérias. Só que eu não esqueci, bastava lembrar do riso, do beijo, vinha o desejo e ao mesmo tempo o desconforto de pensar que ela era afinal a minha professora, uma mulher. Como é que eu ia explicar isso em casa? Meu pai ia ter um treco! Sem falar na turma da faculdade, eu ia virar motivo de piada. Justo Odete, a ‘jararaca’? Dava pra ouvir a risada do Júlio, as gargalhadas da Virginia.


Eu não queria pensar naquilo, foi um custo prestar atenção nos estudos. Ainda me toquei várias vezes no fim de semana pensando nela. E olha que eu não sou dessas.


***


Quando chegou segunda-feira, eu não tinha aula com ela, mesmo assim achei que pudesse encontrar Odete nos corredores, na sala dela. Também nada. A porta fechada, ninguém sabia dela.


Na terça que era o dia da aula. Fiquei esperando ansiosa, sentada olhando a porta da sala, o momento em que Odete surgiria com o seu jeito de mandona sem modos. Tomei um susto quando veio o Antunes, o professor substituto entrou na sala.


- Odete teve uns contratempos, vai se ausentar por uns dias. Umas duas semanas.


- Adoeceu professor? – Perguntou um dos rapazes.


- Não sei, não me disseram nada.


Foi decepcionante. Eu nem prestei atenção na aula. Que será que aconteceu? Ficou com medo de mim, vergonha depois do beijo? Tá me achando com cara de menina irresponsável que sai falando tudo. Aquilo retumbava na minha cabeça. Fiquei desanimada. Não era isso que eu esperava dela. Tão madura, tão segura e... Foge!


- O que? Que foi que você falou Olivia?


- Nada, nada! Pensando alto, pensando na vida Virginia.


- Quem fugiria de você?


Nem respondi, fiquei na minha antes que eu desse com a língua nos dentes e só piorasse as coisas. Foram passando os dias, eu fui esquecendo Odete, até me envergonhei de pensar que eu tivesse sonhos devassos com uma mulher tão estranha como ela. Me senti uma garotinha enganada por gente mais esperta do que eu. O problema era relembrar o beijo. Ah! O Beijo! Que beijo, meu Deus! Como é que podia existir uma boca como a dela. O beijo não fazia o menor sentido na coisa toda. Porque a boca não era a de um homem, mesmo de um professor? Ia ter menos problemático.


Nessa mesma terça acabei enviando outra mensagem. Quem sabe sei lá, se doente, ou algum outro imprevisto. Foi o que me convenceu na hora. Ela nem tinha se dado ao trabalho de ler a mensagem anterior, mas mesmo assim eu mandei, tinha um motivo.


“Bom dia! A senhora sumiu. Algum problema? Algo que eu posso fazer? Me escreve. Bjs.”


Nada! Nada, nada, nada. Nem viu. Nem queria falar comigo.


Burra, eu pensei. Idiota! Fica aí achando que todo mundo é boazinha. Que só quer o bem de você, que nada. Só está interessada em si mesma. Eu sou mesmo uma boba. Eu já não estava frustrada, eu estava era desiludida mesmo, me sentindo uma ingênua.


Na semana seguinte, abri o celular para falar com minha família e vi que as duas mensagens dela foram lidas. Mas a frustração continuava, não havia resposta.


Tá bom! Não quer falar não fala! Só não pode me chamar de mal educada, desinteressada. Só queria saber o que tinha acontecido com você. Eu falando alto para as paredes do quarto. Aquela mulher estava me deixando pirada. Deixa pra lá, eu fiz a minha parte, se não quer mais nada comigo, se não gostou do beijo, o que eu posso fazer? Eu não sei, não sei beijar ninguém. Nunca beijei. Bosta! Merda!


Sentei na cama desanimada. Vontade de sumir. Porque eu não fui atrás dela? Porque eu não gritei pra ela naquela noite, na hora? A porta do meu quarto abriu com força.


- Cê tá falando comigo? Ou tá falando sozinha Olivia?


- Que susto Eunice! Ai! Não entra assim!


- Doida. Que foi, te deram um pé na bunda?


- Não é da sua conta. Me deixa em paz.


Joguei uma almofada na porta, ela saiu rindo. Me esparramei na cama sem ânimo. Foi um custo sair para estudar. Eu estava parecendo cada vez mais uma adolescente. Aquela mulher tinha o poder de me deixar dependente dela, mesmo sem falar comigo.


Os dias foram passando até que chegou a sexta-feira. Engraçado que eu levantei animada naquele dia, sei lá porque. Só estava mais alegre, mais leve, sem motivos. Resolvi inovar e usar um vestido novo, deixei de lado o jeans meio surrado. E coloquei um vestido de alças florido, até passei um batom, dei uma penteada no cabelo. Sei lá o que deu em mim. Fui para ‘facul’ sem nem lembrar que era o dia da aula dela.


Eu nem esperava ver Odete naquele dia. Todo mundo sentado conversando, os meninos me elogiando a ousadia dos ombros à vista. Todos brincando e rindo quando chega o professor, só que não era o Antunes, custei a entender que aquela figura era ela, era Odete! Não fossem os traços do rosto, o corpo cheinho, ainda que ela me parecesse mais magra. Era quase irreconhecível, definitivamente a outra muito mais elegante.


Vestida ainda que num conjuntinho, mas muito mais interessante, um tom azulado claro, uma lã mais grossa, coisa fina. A saia curta cobrindo até o meio das coxas, o casquinho aberto, coisa rara, deixando a mostra a blusa semi transparente num tom rosado. O botão aberto revelando os seios presos num sutiã meia taça. Dava até para ver os detalhes do sutiã. O mais impressionante eram os cabelos. Curtos até os ombros, pintados de acaju, e pelo jeito ela tinha feito um tratamento, pelo menos uma hidratação. Bem maquiada, o batom cremoso meio grená. Tava uma gata. Acho que ouvi até uns assobios.


- Tá vendo, não falei. Existe mesmo a viagem no tempo. Os alienígenas abduziram a coroa, levaram ela congelada pra outro planeta e deixaram aquele ET aqui com a gente.


- Júlio para! Não me faz rir. Ela tá olhando pra mim. – Era Mariza falando tampando a boca e olhando Odete com os olhos arregalados.


- Aposto que voltou gravida de um deles. É para isso que eles raptam vocês.


Eu pus a mão aberta apoiando a testa, balançando cabeça de um lado para outro tendo não soltar uma gargalhada. Obvio que Odete percebeu o alvoroço e deu aquele espalho na turma, como sempre.


- O que foi que o senhor falou senhor Júlio?


Veio caminhando até as carteiras, ficou no meio entre a minha e a da Virginia. Senti sua saia me roçando o ombro. O cheiro de um perfume suave, uma fragrância delicada, devia ser importado.


- Nada, nada! Dona Odete. Eu só estava contando uma estória de um filme de ficção que eu vi nesse fim de semana.


- Hoje é sexta-feira seu Júlio.


- Domingo, domingo passado.


- Vê se o senhor estuda seu Júlio, assim o senhor não passa. Ninguém passa se não estudar.


Odete se esfregou de novo no meu corpo e se foi para meio da sala. Mandou todo mundo abrir o livro e começou a descarregar a matéria. Virginia virou de lado pra mim, tampou o rosto com a mão aberta, ela só movendo os lábios.


“Sentiu?”


Eu confirmei movendo a cabeça. Ela ainda fazendo mimica com os lábios.


“Caro! Aposto que está apaixonada.”


Aquilo confirmou o que eu suspeitava, eu me senti meio orgulhosa. Será que era por mim aquela transformação? Só que aí o Gustavo me cutucou o ombro e falou atrás, perto do meu ouvido.


- Eu não falei. A sua nota não foi milagre, era só uma piroca grossa que tá comendo a coroa.


Me fez perder todo o romantismo. Encostei contra o assento e falei sussurrando entre os dentes.


- Deixa de ser machista Gustavo. Que coisa mais chata.


- Huuuiiiii! Tá com ciúmes? Quer que eu te arranje um?


- Chega, fica calado.


Virei pra frente tentando prestar atenção na aula. Cada vez mais eu me convencia que aquilo tudo era por minha causa. A danada me fez sofrer por ela, só pra me fazer uma surpresa dessas. Mas não era só eu que fiquei impactada pela transformação de Odete, a turma continuava alvoroçada por ela, um fuzuê que me tirou do sério. Eu também ria da conversa fiada.


Porém, com o correr da aula, a coisa foi se acalmando e a gente foi se encontrando. Ela me olhando de rabo de olho, eu sorrindo de lado. Um jogo de tenis, uma troca de sinais entre as duas. Fui adorando me sentir a namorada dela.


Sentada na primeira fileira, cruzei as pernas e discretamente subi o vestido, até deixar à vista o joelho. Vi Odete respirar fundo quando percebeu aquilo. O problema é que Virginia também viu, de rabo de olho me olhou as coxas, eu fiz o mesmo com ela. Olhando Odete e controlando Virginia, ela não falou nada, só conferiu. Tinha uma pergunta no rosto da minha colega. Eu fingi coçar a perna, o joelho e fui descendo o vestido. Nem virei o rosto, fiquei do jeito que estava. Não dava pra fazer muita coisa. Sei lá o que ela pensou. A aula seguiu em frente e Odete como sempre descarregou uma tonelada de matéria. Foi nesse ritmo até a aula a acabar e ela juntar os seus livros dentro da pasta. Já estava na porta, quando um dos meninos a chamou.


- Professora.


Ela se virou. Foi um segundo de silencio.


- Que foi?


Veio um fiufiuuuuuuuu!! Do fundo da sala. A turma inteira, os meninos todos, ao mesmo tempo, batendo palmas na maior algazarra. Só vi Odete levantando os braços, falou alguma coisa que não deu para entender e sumiu pela porta afora.


- Vocês não prestam, sabia? Só porque a chata da Odete resolveu dar uma repaginada no guarda roupa. Olha só a Olivia, que graça e eu não vi ninguém fazer fiufiu pra ela.


- Que isso Virginia. Olivia não se vestia como uma Ogra. Eu só queria saber qual foi o Shreck que salvou a Fiona?


- Princesa nada, ela é o Dragão, a questão é saber quem foi o burro?


Gustavo fez o gesto mostrando o tamanho de um pênis e eu perdi a cabeça e dei um murro nas costas dele.


- Para Gustavo, que coisa! Vocês dois são muito crianças.


- Vamos almoçar que já está na hora. Vem Olívia, vem vocês dois também.


- Eu ainda acho que ela deve estar gravida, de um ET.


Dei outro murro agora no braço do Júlio.


***


Fiquei encostada na mureta, olhando o pátio, como quem não quer nada. Os dois patetas conversando e rindo, já tinha mais de dez minutos e eles falando algo que eu não entendia. Olhei as horas eram mais de duas e meia. Conferi a porta, continuava fechada. E os dois ali falando sem parar, pareciam comadres falando da vida alheia.


Levou ainda uns cinco minutos até eles sumirem descendo as escadas. Dei uma conferida geral, se só estava eu no andar. Cheguei perto da porta e bati de leve, leve até demais. Quando eu ia bater de novo.


- Entra, tá aberta!


Abri a porta, com todo o cuidado, entrei pisando em ovos, fiquei de frente pra ela. Odete virou a cadeira de lado, de frente para a parede, deu pra perceber que cruzou as pernas. Estendeu um braço sobre a mesa e ficou brincando com uma caneta entre os dedos.


- Coloca suas coisas ali.


Apontou uma mesinha num canto da sala.


- Com licença. Bom dia, quer dizer, boa tarde.


Cheguei mais perto meio sem jeito, segurei um cotovelo com a mão do outro braço, como eu faço quando fico encabulada. Odete sorriu pra mim, eu fiz o mesmo aliviada.


- Você está muito bonita. Não sabia, que você sabia que eu viria. Era pra ser uma surpresa! E você é que me faz uma dessas?


- Eu não esperava você, quer dizer a senhora, aqui. Eu sei lá porque, eu acordei feliz hoje, nem sei porque eu resolvi trocar de roupa. Talvez um sinal, sei lá?


- Ah, os sinais! Sim, os sinais. Adoro os sinais. Ser guiada por eles. Gostei.


Ela falando olhando pra mim, me examinando dos pés a cabeça. Mordendo o beiço até virar a cadeira e ficar de frente pra mim.


- Você está linda garota, linda até demais.


- Linda é você. Eu não esperava. Ninguém! Esperava.


- Me conta o que eles falaram de mim?


- Ah! Bobagens! Garotos, você sabe como eles são.


- Me conta, eu quero saber.


- Ah, uns disseram que você foi devolvida pelos ETs. Que você voltou grávida.


- O que? Háháhá. Eles andam cada vez mais inventivos.


- Outros disseram que você era a Fiona que foi salva pelo Shrek.


- A Ogra?


- Teve quem te comparasse ao Dragão. Disseram que você se apaixonou por um burro.


Ela abaixou a cabeça olhando seus braços estendidos na mesa, as mãos girando a caneta e ela esboçando um riso.


- Esses meninos não valem nada.


- Teve também que dissesse que você se apaixonou por um homem. Um cara.


- Verdade. Apaixonei mesmo.


Tomei um susto. Ela colocou as mãos juntas, os dedos cruzados apoiando o queixo. Era claro que esperava a deixa pra revelar um segredo.


- Quem?


- Só não é um homem.


Odete me olhou fundo nos olhos e eu desviei examinando a janela.


- Porque é que você não me ligou, não disse nada? Eu te mandei umas mensagens.


- Não deu Olivia, o lugar que eu fui mal tinha sinal para celular. E eu queria um tempo pra mim mesma.


- Ah, poxa! Você me deixou no ar. Sei lá. Fez tudo aquilo, disse um monte de coisas e depois some. Eu não sei o que você pensou de mim. Sei lá se não gostou do meu papo, do meu... Beijo.


- E porque eu não ia gostar do seu beijo? Aliás, quem te beijou fui eu.


- Acho que entrou um cisco no meu olho.


Raspei a garganta tentando disfarçar que fungava. Diaba! Pra que eu fui chorar justo na frente dela.


- Aí, não sai.


- Olivia, não fica assim. Você não tem que se sentir culpada de nada. Eu queria ter certeza do que eu estava sentindo e depois, eu queria também te mostrar quem eu sou de verdade.


- Você me deixou sem chão sabia? Eu não sei o que você sente por mim.


- Eu quero você Olívia. Quero ser sua dona se você topar.


Ganhei coragem e olhei Odete, as duas se falando pelo olhar. Uma coisa intensa. Eu fui ficando dominada, submissa. Só que eu não queria aquilo, eu tinha medo daquilo.


- Eu não sei se eu quero Odete! Eu não sei se eu posso! Se tô a altura do que você precisa. É demais pra mim, entende? Eu não sei se eu quero ser uma submissa, amante de uma mulher mais velha. Uma mulher madura como você. Ainda mais você.


- Ainda mais eu, porque!?


- Desculpa, não foi isso que eu quis dizer. É que eu não me sinto pronta! Não sei se é isso que eu quero mesmo. E aí você some, foge de mim.


- Tranca a porta.


- O que?


- Tranca a porta.


Dei as costas e fiz o que ela pediu. Voltei fungando, limpando o nariz.


- Senta Olivia. E se abre e me conta, o que você fez depois do beijo?


- Fui dormir. Tomei um banho e fui pra cama.


- Foi só isso que você fez?


- Pra que você quer saber?


Eu parecendo uma garotinha assustada e ela cada vez mais senhora do jogo. Rindo na minha cara.


- Pra saber se você não está mesmo afim de mim.


Mordi os lábios pensando no que falar. Olhei para a minha mão batucando na borda da mesa. Se eu falasse tudo o que ela pensaria de mim? Como é que eu controlaria Odete dali pra frente? O que seria de mim afinal? Era um jogo estranho aquele, um jogo de namoradas que eu não sabia jogar.


- Ah, eu me lavei, me limpei... E me toquei.


- Se masturbou pensando em mim? Depois do nosso beijo.


Só balancei a cabeça, que droga! Como é que seria agora?


- Depois mais nada?


- Não. Vieram outras.


- Muitas?


- Algumas. E você não? Eu não te provoquei nada, não é? Eu sei, é sempre assim. Ninguém quer nada comigo. Tem uns até que fogem.


Achei que eu ia bem, uma indignação na medida certa, me fazendo de vítima, as lagrimas. Funciona, pelo menos com os garotos funciona. Não era o caso de Odete.


- Me dá sua calcinha.


- O que!?


- Me-da-a-cal-cinha Olivia.


Eu não tava acreditando, era mesmo aquilo? Odete queria pegar a minha calcinha. Um fetiche idiota, coisa ridícula de homem tarado! Eu tirei, incrédula. Ela estendeu a mão e eu entreguei.


- Me dá.


- Coisa ridícula. Não sei pra que. O que você vai fazer com isso?


Ela segurou e encostou no rosto, fechou os olhos e inspirou, recostada na cadeira, sentindo o cheiro do meu corpo. Eu fiquei... Sei lá o que eu fiquei. Eu fiquei muda, sem pestanejar.


- Tem muito tempo que não sinto isso. Eu gosto. O cheiro de uma fêmea nova, o cheiro do desejo de uma menina linda. Sonhei com isso essas semanas todas, foi uma tortura ter que esperar até hoje.


- E porque você não me ligou? Porque não respondeu as minhas mensagens Odete?


- Porque você também precisava de tempo pra aceitar o que você é de verdade. O você quer de mim.


Engoli em seco, imaginando uma saída.


- Isso não prova nada. O que isso prova? Que você é louca que fica atraindo as meninas novas só pra ficar cheirando a calcinha delas, é isso? É assim que você gosta de alguém?


- Eu gosto de você Olivia! Eu te contei, eu me abri no dia, falei tudo o que eu queria e o que eu não devia. Só não aguentei não despedir de você, não aguentei não dar um beijo em você.


- Você me deixou perdida, me deixou sem chão, sabia? Eu não sei mais o que eu faço. Quem eu sou. Não quero ser sua garota, não quero ser uma submissa. Eu não sei o que eu quero! Porra!


- Aceita Oliva! Para de pensar, controlar a vida, pesar suas decisões. Meu Deus! Você é igual a Marta, igualzinho a ela.


- E como é que você convenceu a sua ‘secretária’ que você era a ‘dona’ dela?


O rosto Odete se iluminou e eu vi que eu fiz bobagem, fiquei apreensiva. Vendo ela procurar um molho de chaves, ouvi o barulho de uma gaveta da mesa abaixo dela se abrindo. Odete puxou uns troços, umas correias de coro, umas correntes de metal.


- Prende os seus pés na cadeira e tira as sandálias.


- Pra que isso?


- Você não queria saber como eu convenci a Marta. Foi assim, quer experimentar?


Burra! Eu cai na armadilha. Não tinha mais como fugir. Não vinha nada para falar. O jeito foi tirar as sandálias e me prender na cadeira amarrando os pés. Odete se levantou, deu a volta até ficar do meu lado. Ela segurava uma outra correia.


- Estica o braço que eu prendo você


- Você vai me torturar é isso? Vai me bater aqui na sua sala?


Ela só riu pra mim. Abaixou e falou sussurrando no meu ouvindo.


- Eu quero ser sua dona. A mestra do seu prazer. E você, quer ser minha gatinha? Aceita ser minha serva?


A voz, o estilo, o jeito, o perfume suave de Odete ia me deixando sem jeito, querendo saber o que era aquela novidade. Ela prendeu o meu braço e fez o mesmo com outro. Eu estava completamente presa, mas ainda faltava uma surpresa. Veio o pior de todos.


- Ah, não! Odete. Uma coleira não, não!


- Ssssshhhh!! Não vale gritar. Agora você minha. Deixa rolar.


Ela virou a senhora da cena. A dona de mim. Fez biquinho pra mim e me deu um selinho, ao mesmo tempo que me amarrou o pescoço com a coleira. Me prendeu com aquela coisa ridícula. O pior não foi isso. Havia nela uma corrente metal. Odete puxou aquilo atrás da minha cabeça e me prendeu na base da cadeira com um cadeado.


Ela podia fazer coisa comigo. Eu só podia olhar para baixo, ver as minhas coxas, mas a tensão da corrente acabava cansando, era mais fácil olhar o teto da sala. Odete puxou uma cadeira e sentou do meu lado e foi desabotoando o meu vestido, os botões de baixo até cintura, depois os botões de cima até o umbigo.


- Linda, sua pele morena é tão macia. Sedosa, que inveja. Não fica nervosa. Relaxa.


Seus dedos me fazendo caricias, ela alisando a minha pele do peito até abaixo do umbigo. Muito sutil, muito suave aquilo foi me provocando arrepios.


- De onde é que vieram essas correias? Aposto que você já trouxe outras pra fazer isso. O diretor sabe? Os professores da faculdade?


- E quem disse que eu não trouxe isso hoje? Eu percebi que você é uma desconfiada. Petulantizinha, que se acha a mais esperta da turma, hum? Se eu pego as menininhas há muito tempo porque sou chamada de cobra peçonhenta? Porque só pra você eu me internei num SPA. Você sabe quanto custa um lugar daqueles? Um jantar no Dominus?


- Aiiiii Odete! Não faz assim, não me toca... Aaaaaiii.


- É só um carinho, coxa linda, novinha. Essa virilha sem pelos, hummm, essa xaninha deve tá ótima, não tá? Me diz se tá.


A mão dela me alisando as coxas, ela massageava minhas virilhas, só as virilhas, sem me tocar os lábios, o grelo. Aquilo foi me deixando mais doida, tremula pelas mãos da professora. Fui ficando ofegante, entrando no clima.


- Respira, respira e aceita Olivia, se entrega. Você é tão bonita, tão linda. Eu só quero que você mostre como você gosta de mim.


- AAaaiiiiii!!!!


- Goza Olivia. Goza gostoso, como você fez no quarto, no banheiro. Nesses dias todos pensando na sua ‘dona’, a sua ‘mestra’.


As mãos me acariciando a pele, me excitando os nervos, me deixando louca. Mesmo sem tocar os meus segredos. Às vezes a sádica me arranhava a pele com as unhas afiadas de uma felina. Do peito ao umbigo, nas coxas e nas virilhas. Senti meus biquinhos crescidos, os seios ficando cheios, a testa molhada, um suor molhando os lábios. O tesão tomando conta do meu ser, do meu querer. Senti minha boceta pulsando, o calor escorrendo em gotas.


- Eu quero um beijo. Me dá um beijo Odete.


- Não é assim que você fala comigo. Me chama de um nome que eu mereço.


- Não me deixa louca, não me tortura. Por favor minha senhora eu só peço um beijo!


Eu riu vencedora, sabia que eu era sua. Odete se levantou, ficou por cima me alisando os cabelos. Ela foi descendo o rosto e abrindo a boca, deixou cair uma gota longa até me tocar os lábios, molhar minha língua. A saliva escorrendo até minha garganta. Mostrei a língua e ela me deu uma mordida.


Fechei os olhos e veio o beijo como eu queria. A língua solta girando dentro da minha boca, ela sugando, chupando, bebendo as nossas salivas. Sua língua se enrolando na minha, chegando até a garganta. Vieram as cenas no restaurante, o nosso beijo na escada do prédio. Eu me tocando por ela, sonhando com ela gozando dentro de mim. Meus seios foram ficando expostos, a minha vulva tensa pronta para um orgasmo abundante.


Dei um grito! Um alívio profundo, jorrei um jato quente no meio das minhas coxas. Pisquei na frente de Odete. Minha dona, minha senhora. Gemi na boca dela.


- Odete!! AAaaiiiii!! Aaaaahhhh!!


- Viu. É assim que eu gosto, tem que mostra que realmente gostam de mim. Maravilhoso Olivia. Aceita garota, aceita que você a minha gatinha. Humm? Pensa.


Ela sentou ao meu lado. Exibiu um sorriso carinhoso de amiga.


- Acho que eu molhei sua mesa.


- Só a mesa? Não se preocupa que eu limpo você.


Ela se virou puxando a calcinha de cima da mesa. A gente ficou se olhando, os olhos dela brilhando e calcinha secando na minha pele, os pelos, os lábios da minha vagina. Uma coisa tão íntima, tão forte. O olhar dela, o gesto. Odete deu um beijo na minha face e eu sorri pra ela.


- Só faltou o talco. Eu esqueci.


- Me leva pra sua casa.


- Não! Hoje não. Você só se aceitou como lésbica. Se você quer mesmo ser uma submissa da sua professora, me chama do nome certo, o título da sua senhora.


- Eu quero, quero agora Odete.


- Eu não sou Odete! Pensa! Pensa bem no que você vai fazer. Não tem volta.


Odete puxou a calcinha e cheirou de olhos fechados o meu gozo molhado no tecido amarrotado entre os dedos.


- Hummm, cheiro de cu molhado, cheiro de xaninha gozada. O perfume da vida.


Eu vi um orgasmo. O olhar esgazeado de uma mulher madura no seu limite. Uma tremida leve no corpo, a mão espremendo a minha calcinha encostada no seu rosto. Ficamos nós duas ali paradas, eu amarrada e ela aliviada por minha causa. Eu me senti orgulhosa. Saboreie seu orgasmo como ela o meu.


- E como é que eu vou na sua casa, eu não sei onde a senhora mora?


- Descobre onde eu moro e me visita. Só não demora.


*Publicado por Incensatez no site climaxcontoseroticos.com em 15/05/22. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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