A muralha de segredos PT. 01

  • Publicado em: 26/06/22
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  • Autoria: aurorahugdes
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Esse conto me ocorreu anos atrás e nos últimos tempos eu venho remoído ele frequentemente. É uma história que me causou um misto de emoções, uma história complexa e comprida que continua me abalando. Durante todo esse tempo, ninguém a minha volta sonha em saber, mas se tornou difícil guardar este segredo.


Tudo se inicia em 1994, eu tinha por volta de dez anos. Minha família nunca foi de esbanjar dinheiro. Minha avó, que morava comigo, meus pais e minha irmã mais nova, recebia uma boa aposentadoria do meu avô e meus pais ganhavam bem, mas trabalhavam muito.


Mesmo tendo boas condições, nós morávamos em uma casa relativamente simples em um bairro de classe média de São Paulo, não éramos de ostentar e sempre fomos de fazer caridade.


A sala possuía um grande vitrô, a parede era praticamente de vidro e a vista era ampla. Já que a garagem da casa ficava no térreo e para ter acesso ao primeiro andar, precisava subir uma escada.


Um dia, no mesmo ano, eu acordei e estava ansioso para ir ao clube, coisa que ainda nos dias de hoje é do meu agrado.


Meus pais estavam acabando de tomar café da manhã e eu, um garoto muito ansioso, fiquei pulando na sala, até que vi uma movimentação na casa da esquina.


Bem, não sei se casa é a denominação mais apropriada, era uma mansão. Seu terreno ocupava um terço da rua da minha casa, mais a metade da rua do lado. Parecia uma fortaleza. Os muros tinham mais de cinco metros de altura, o portão dos carros era uma chapa opaca de metal e o portão social era do mesmo material, a única forma de ter um vislumbre do que tinha ali dentro, era a fresta entre o portão e o batente.


A casa ficou muito tempo desocupada antes disso, o palpite dos meus pais era pelo valor alto e por ser uma casa muito grande.


Naquele mesmo dia eu vi uma família entrando pelo portão social. Um cara já de certa idade calvo e barrigudo acompanhado de uma bela mulher loira e uma menininha mais ou menos da minha idade, bem parecida com a mulher. Julguei essas duas como esposa e filha do cara.


Eles não foram vizinhos inoportunos, pelo contrário, nunca deram dor de cabeça, mas em compensação eram bem reclusos, chegando a ser rude.


Minha avó, que era amiga de todos na vizinhança, tinha até receio de se por a falar com um deles.


Bem, os anos foram passando e perto dos meus quinze anos, eu comecei a desenvolver uma certa curiosidade sobre tudo que envolvia essa família misteriosa, já que ninguém nunca falou com eles nem nunca descobriu quem eles eram.


Ninguém na minha casa tinha curiosidade como eu tinha, mas já que eu tinha, tomei a decisão, um pouco infantil e imatura, de ficar acordado alguns dias até as tantas da madrugada na sala, vigiando a casa através da janela.


O primeiro dia foi uma terça feira, o dia seguinte seria feriado, então eu juntei dois travesseiros e uma coberta e me posicionei o mais perto possível da janela, com as luzes da casa apagadas para ninguém notar minha presença. Neste dia, a única coisa que eu vi foi o carro de luxo do velho saindo perto da uma da manhã. Um dos que eu considerava seu capanga estava na direção e ele estava no banco de trás com a esposa. O carro só retornou perto da hora do café.


Meu plano era ficar de vigia no final de semana inteiro, mas minha mãe quis visitar minha tia no interior do estado e eu não tive essa oportunidade no fim de semana da mesma semana, porém, quando nós estávamos deixando a rua, vi um carro de luxo para a época, adentrar a casa, mas eu nunca tinha visto esse carro antes.


Após a nossa volta e eu prosseguir com o plano, ver esses carros entrando na casa se tornaram comum.


Eu fiquei aficionado, eu comecei a passar praticamente todas as noites acordado até às cinco da manhã analisando o movimento da casa.


Os carros que entravam eram muitos discretos e todos ficavam com os vidros fechados. Teve noites que vi quinze carros entrar na casa.


No meio disso, bem a luz do Sol, nós continuávamos sem ter nenhum tipo de informação de quem eles eram, porque, por mais que entrassem cinquenta pessoas na casa em uma noite, pela manhã era só os três e os caras mal-encarados vestindo ternos pretos.


Esse vício em tentar descobrir algo deles durou alguns meses, até que começou a afetar diretamente o meu convívio social e meu desempenho na escola.


Voltei a minha vida como era antes, de vez em quando, quando eu tinha sede no meio da madrugada, eu ia beber água na cozinha e espiava a casa, mas não ficava a noite inteira como antes, exceto uma, mais de um ano depois daquela terça-feira, o dia em que meu pesadelo começou.


Eu já tinha dezessete, desci para beber água, eu tinha tido um longo dia, por mais que eu ainda estivesse de férias da escola. Eu treinava karatê e nesse dia além do treino, eu tinha saído para jogar bola com meus amigos. Me servi um copo cheio d’água e despretensiosamente fui até a janela da sala. Era perto das duas da manhã e quem estava para o lado de fora da casa era o velho. Ele vestia uma espécie de terno bem caricato de máfia e tinha um charuto aceso em seus lábios. A iluminação da rua estava fraca, mas eu observei seus passos atentamente. Ele olhava de um lado para o outro bem impaciente.


“Essa puta furou comigo, porra!” ele esbravejou para dentro da casa. “Mande Lívia se vestir", ele completou.


Nessa altura, eu não fazia a mínima ideia de quem era Lívia, mas o que eu estava prestes a descobrir não seria do meu agrado.


A loirinha que eu julgava ser sua filha apareceu no portão, seus cabelos claros estavam ajustados para cair todo sobre seu ombro, uma flor bonita estava presa atrás da sua orelha, mas ela estava claramente desconfortável com suas vestimentas. O vestido branco era de um tecido transparente e mal chegava até suas coxas torneadas, as alças pareciam que iam romper a qualquer momento e marcava perfeitamente o bico do seu peito.


“Isso!” o velho comemorou com a voz ríspida “Dá uma voltinha pro papai, dá” ele disse de um modo perverso… ele disse com tesão.


Só essa cena foi o suficiente para embrulhar meu estômago, mas o que viria em seguida além de me enojar, me deixaria em maus lençóis.


Lívia resmungou algo baixo e o seu pai estava na sua frente na minha visão, então eu só pude escutar algo como: não quero mais fazer isso.


O velho, muito mais forte e mais pesado que ela, voou no seu pescoço e a prendeu contra o muro cinzento, murmurou algo em seu ouvido com o rosto muito colado ao dela, deslizou o nariz pontiagudo na sua bochecha e ela consentiu meio chorosa.


Ele ergueu o seu vestido sem pudor algum e apertou sua bunda, fazendo seus corpos grudarem, com uma mão ele subiu para seu peito e apertou com uma força visível, fazendo o rosto angelical da moça se contorcer.


Para finalizar o que para mim era um show de horrores, ele segurou o queixo da própria filha e a beijou, um beijo sujo e com desejo, sem o mínimo de escrúpulos, as línguas dos dois se entrelaçavam e pareciam brigar.


Pouco a pouco eu fui dando passos para trás, assustado e sem saber como digeriria essa situação, só parei quando minhas costas bateram na parede.


Nessa época, por não ter acesso a internet tão fácil e por ser ingênuo de certa forma, eu não cogitei a possibilidade dele ser o “sugar daddy” dela, só havia uma explicação: eles eram pai e filha e eu presenciei um incesto.


Uma pesada e longa semana se passou. Eu não nego que o comichão me comia por dentro, eu queria mais do que nunca entender o que se passava lá dentro, mas ao mesmo tempo eu não queria ter a mesma sensação que tive quando vi a atrocidade do beijo incestuoso.


Mais uma semana se passou, eu voltei para o colégio e então uma semana mais tarde, em uma terça-feira, eu estava no meu lugar habitual na sala de aula e bem na primeira aula uma notícia me deixou louco.


A coordenadora de alunos, Flávia, foi até a sala avisar que uma aluna de outra filial do colégio tinha sido transferida e iria ingressar na nossa sala.


Quando me virei para checar quem era a garota que eu iria dar boas-vindas, meus olhos cruzam com os azuis mais puros que eu já vi.


Lívia, toda sem jeito, entrou na sala com os lábios comprimidos e se sentou ao meu lado.


“Essa é Lívia Pagano, a nova colega de vocês”


Eu queria parar de olhá-la, mas era impossível, de perto ela era mais linda ainda. A pele bronzeada, os lábios carnudos com o arco do cupido bem marcado, o nariz arqueado do tipo que tem uma bolinha na ponta e, eu não pude deixar de notar seus peitos perfeitamente redondos na blusa do uniforme.


“Professora, eu posso ir ao banheiro?” perguntei nervoso.


Eu conseguiria ser pervertido o suficiente naquele momento para bater uma punheta só de pensar no seu rosto, mas não era essa minha maior preocupação. Ela era um anjo, mas não estava segura dentro da própria casa, o que ela sofreu foi agressão e lembrar da cena me causava náuseas.


Eu voltei para sala depois de uns cinco minutos e evitei qualquer tipo de contato até o intervalo. Eu costumava ficar com os meus amigos, mas ao vê-la sentada sozinha na arquibancada, eu senti que deveria me aproximar.


Parei diante dela com um degrau de diferença e calmamente disse “Oi”.


Ela ergueu a cabeça e sorriu.


“Nós somos vizinhos, não somos?” perguntou com um sorriso, eu não fazia a mínima ideia que ela sabia.


“Somos, somos sim.” respondi envergonhado “Posso?” perguntei apontando para o seu lado.


Ela consentiu e eu me sentei, sem saber no que eu estava me metendo.


*Publicado por aurorahugdes no site climaxcontoseroticos.com em 26/06/22. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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