Felizes para sempre!
- Publicado em: 27/10/22
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- Autoria: paulomarcos
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Meu improvável casamento com Vera merece uma narrativa. Por que eu, homossexual não assumido, que já completara vinte anos, resolvi me casar... Com uma mulher? O fato é que, como um amigo havia me revelado, todos menos eu, que inocente era, conheciam no bairro da Zona Norte, onde morávamos, a má fama da minha futura esposa. Os colegas do colégio e alguns amigos e vizinhos, curiosos e intrigantes, também sabiam ou desconfiavam da minha condição de homossexual, da minha preferência por homens. Mas a família, a parentada, não. Na época, nos idos da década de 60, eu procurava um trabalho, ao mesmo tempo em que estudava para o vestibular. O fato é que, não suportando mais as cobranças familiares, “e aí, tem namorada?”, “quando é que vai virar homem sério, Paulo?”, “não tem noiva ainda?”, e coisas que tais, resolvi: um casamento seria um cala-boca nessas aporrinhações. Seria minha tábua de salvação. Tudo, menos a fama de gay, um verdadeiro estigma naqueles anos.
Havia em nosso bairro, o Méier, uma garota, com cerca de dezessete anos, que cursava a Escola Normal, e que possuía fama de “galinha”, igual ou pior que as prostitutas da decadente Zona do Mangue. Vera, esse o nome da “piranha”. Diziam que os rapazes faziam fila, não sei se é verdade, para foder com ela, nas escadas do prédio da Rua Dias da Cruz, onde a putinha morava, ou, então, levavam-na para um local bem escondido, numa pedreira, no meio do mato, num terreno baldio do bairro. Parece que ela dava a boceta e o cu. Mas eu não encontraria outra moça em melhores condições que quisesse casar comigo – por causa da minha “fama” de viado... Não vou entrar muito em detalhes a respeito do nosso rapidíssimo namoro e casamento, no civil. Acredito que Vera tenha vislumbrado no casório a possibilidade de ser sustentada por um marido que não iria exigir muito dela. Ao contrário, provavelmente tal marido se conformaria, como, de fato, viria a acontecer comigo, com a condição de “corno manso”, já que, nutrindo nítida preferência por homens, não se importaria com os possíveis futuros amantes da esposa. Era como ela pensava.
A princípio, o pai dela, funcionário público reformado, foi contra o namoro da filha com um “pederasta”, como ele dizia. Mas, depois, conversando com a mãe de Vera, mostrou-se aliviado por ter desencalhado a filha “piranha”, e bancou tudo: aluguel, despesas da casa etc. Passou a não se incomodar muito com os comentários que corriam na vizinhança sobre o fato de o genro ser “viado”, atribuiu-os aos intrigantes de plantão e às “vizinhas faladeiras”. Além disso, eu era de boa família, classe média, futuro estudante universitário... E a filha – bem, todos sabiam da má fama da Vera!
Eu não tinha nenhuma experiência com mulher. Só havia transado com homem, e sempre na posição do passivo. Dava a bunda, chupava cacete, e para isso não tinha necessariamente que ficar de pau duro. Assim, me apavorei ante a perspectiva de ter de transar com Vera.
Eu e a torcida do flamengo sabíamos que ela já era escolada na arte do amor...
Conhecemo-nos numa festa, uma dessas festinhas típicas dos anos 60, em que se tocava Ray Conniff, Jorge Ben, Tamba Trio, Ed Lincoln etc. Bebia-se então Cuba-Libre, cerveja. Pois bem. Nessa tal festinha, na Tijuca, Vera e a irmã, que estudavam na Escola Normal, assim como a dona da casa, destacavam-se das outras meninas. Ambas eram muito bonitas e com belos corpos juvenis. A irmã de Vera foi com o namorado, aluno do Colégio Militar. Vera, sozinha, já meio “altinha” de algum rum com Coca-Cola, dançava com praticamente todos os rapazes da festa. Alguns esfregavam-se nela descaradamente, e ela não fazia por menos.
Dizia-se, naquela época, que algumas meninas ficavam apostando umas com as outras se o menino com quem iriam dançar, agarradinhas – dança de salão, bolero, samba-canção e que tais –, se esses meninos iriam ficar ou não de pau duro!
Até que, para minha completa surpresa, Vera dirigiu-se a mim, estacionado num canto, meio isolado dos outros, e me chamou para dançar! Não podia recusar, apesar de não saber dançar, mas fiquei – tenho que confessar – bastante gratificado pelo fato de ela, uma garota muito gostosa – dezessete aninhos, magra, alta, um rosto expressivo meio que puxando ao sacana, peitos pequenos mas durinhos sob a leve blusa branca, enfim, uma “gata”, como se dizia – ter me “escolhido”.
É claro que Vera sabia da minha “má fama”. Mas, e daí? Ela era e sempre foi ousada. Dançamos. Conversamos. Ficamos juntos até o fim da festa. Na saída, enquanto esperávamos o ônibus que nos levaria para o nosso bairro, nos beijamos. Eu passei a mão nos peitinhos dela. Cheguei a tirá-los para fora, desabotoando sua fina blusa, e chupei-os, protegido pela escuridão do ponto de ônibus. Deliciosos. Nunca experimentara beijar na boca e chupar peito de mulher. Mas, confesso, Vera foi uma agradável surpresa. Senti tesão por ela. Para encurtar a história, ali mesmo começamos a namorar. A “piranha” e o “viado”...
Pois bem. Eu e Vera ainda não tínhamos transado. Apenas tirávamos sarros, trocávamos carícias, dávamos ardentes beijos. Eu me comportava como autêntico heterossexual. Para falar a verdade, me apaixonei pela garota, apesar – ou por causa disso mesmo – de sabê-la “piranha”. Mas tinha que demonstrar minha “macheza” na prática: foder com ela.
Um belo dia, em que minha família não estava em casa, convidei-a para vir ter comigo. Estava visivelmente nervoso. Como seria meu desempenho? Meu pau iria ficar duro? Ela gozaria comigo?
Vera chegou por volta de umas três horas da tarde. Fazia calor. A casa, vazia. Minha namorada vestia um short jeans curtíssimo e um top, que lhe destacava os seios. Estava muito bem maquiada, bonita mesmo, mas não perdia a cara de “piranha”, meio safada, e um jeito típico de menina do subúrbio.
Recebi-a com um tímido beijo, apenas encostando os lábios em sua boca. Vera estava bem descontraída, muito falante, botou logo um LP para tocar na vitrola. Afinal, ela já tinha muita experiência, ao passo que eu... Nas minhas “brincadeiras” com garotos, eu chupava as picas deles, batia punhetas, e deixava alguns comerem minha bunda, ou seja, eu era sempre o passivo. Muitas vezes, nessas transas, meu pau nem subia, mas eu, ou mesmo algum menino, me masturbava e eu gozava. Meu medo era se meu pau iria ficar duro para comer a Vera...
Bebemos uns uisquinhos, enquanto conversávamos sobre coisas banais, sentados no sofá da sala. Durante todo o nosso namoro, nunca Vera havia mencionado o fato de eu ser” viado”, mas eu sabia que ela sabia.
Pois bem. Acho que para me animar, Vera, pretextando calor, tirou o top, ficando com os peitinhos de fora. Não satisfeita com isso, chegou-se à imensa janela da sala, que estava aberta, e postou-se de frente para a rua. Essa atitude ousada dela me animou. Comecei a sentir tesão ao ver que Vera estava se expondo aos olhares das pessoas que passavam na calçada lá embaixo – morávamos num terceiro andar. Meu pau começou a dar sinais de vida – saber que outros podiam estar vendo os seios desnudos de Vera fez subir minha temperatura. Seria já sinal do futuro “corno” em que eu me transformaria?
Fui para trás de Vera e colei-me, ainda vestindo minha bermuda. O contato com a macia bunda da menina, animou um pouco meu pau. Vera, sentindo que eu começava a ficar disposto, passou a mexer o traseiro em minha pica; virando-se, me deu um beijo de língua e arrastou-me para o meio da sala. Fez com que eu deitasse no tapete e despiu o short. Agachando-se, me ajudou a tirar a bermuda. Eu desci minha sunguinha preta – uma que me deixava com metade da bunda descoberta – e fiz surgir meu pau a meia bomba. Beijamo-nos novamente, e Vera, ainda de calcinha, começou os trabalhos. Primeiro, pegou meu pau e fez alguns movimentos ritmados, para cima e para baixo, fazendo com que ele crescesse e ficasse duro o suficiente para penetrá-la. Em seguida, tirou a frágil calcinha de nylon. Virei-a de frente para mim no tapete e, sem qualquer outra preliminar, fui enfiando minha pica na sua boceta peludinha. Naquele tempo, não era comum as mulheres se depilarem na região genital. Pouquíssimos minutos depois, gozei no interior da vagina de Vera. Eu não sei se ela gozou neste papai-mamãe. Provavelmente, não. Mas eu pude respirar aliviado da minha angústia: eu ficara de pau duro, não broxara, havia finalmente conseguido superar o medo de comer uma mulher! Assim, surpreendentemente, nossa primeira transa significou muito pouco em termos de prazer sexual. No decorrer de nossa futura vida de casados, nossas relações sexuais foram melhorando muito, eu fui ganhando mais experiência e, principalmente, não pairava mais o fantasma de broxar ou não conseguir me excitar. Mas aquela primeira vez foi bem decepcionante – sobretudo para ela, acredito. O fato é que, pouco depois, Vera despediu-se com um beijo e foi-se embora. Continuamos o namoro por mais alguns meses, e tenho certeza de que, durante esse tempo, Vera saía com outros caras. Mas, que fazer?
Casamos. Vera veio morar comigo e minha família, numa rua próxima à casa dos pais dela, no mesmo bairro. Com a chegada da Vera, passamos eu e ela – “o casalzinho”, como a família debochadamente nos apelidara – a ocupar o melhor aposento. Vera, por algum tempo, desconfiava que eu – embora casado – mantivesse relações sexuais com homens. Mas tudo era feito em segredo, na ausência dela. Ou à noite, quando eu saía em direção à Cinelândia, pretextando aulas noturnas no cursinho pré-vestibular.
Durante as primeiras semanas, Vera portou-se muito bem, nem parecia a vadia que de fato era. Cumpria direitinho o seu papel de dona de casa e esposa amantíssima. Porém, pouco tempo depois, soube por amigos comuns que ela fazia “programas”...
Hoje, sou um “corno” conformado. Até escolho na rua e nos bares homens para transar com minha mulher. E quando eles topam, fodem comigo também. Vida que segue.
*Publicado por paulomarcos no site climaxcontoseroticos.com em 27/10/22. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.