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O Deslize de Larissa, 8

  • Conto erótico de hetero (+18)

  • Temas: Hetero
  • Publicado em: 25/03/23
  • Leituras: 1932
  • Autoria: Larissaoliveira
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Eu queria contar ao leitor(a) que me acompanhou até aqui as coisas que fizemos na cama naquela noite e madrugada. Eu queria, mas devido a tanta bebida e drogas eu não lembro de muita coisa. Tudo o que consigo recordar são flashs, imagens desconexas, das quais posso deduzir certas coisas, mas não tantas.


Volto a ser eu mesma somente às sete horas da manhã, quando acordo pelada com uma bolsa de gel sobre o rosto. Pelo menos isso eles tinham feito por mim, pois meu rosto precisava de cuidados. Me levanto com uma dor de cabeça absurda, mas não era apenas isso. A dor na vagina e no meu ânus mostravam claramente que fui comida a noite inteira, inclusive depois de eu ter "apagado". É curioso o que se passou comigo nesse momento. Estava toda dolorida e assada, mas mesmo assim, senti um pouco de tesão em imaginar-me sendo fodida enquanto desmaiada. Mas ao mesmo tempo me detestei por isso. Senti um forte enjôo e rapidamente me inclinei para vomitar. Após isso senti algum alívio.


Onde estavam aqueles dois? Por que tanto silêncio?


É nesse momento que o ridículo entra no quarto:


- Acorda, gata!


A primeira coisa foi reparar que ele estava muito bem vestido, terno e gravata chumbo, sapato preto e cabelo penteado, como se estivesse de saída para algo importante.


- Bom dia - me cobrindo com o lençol, cansada de toda a exposição do meu corpo


Ele se senta na beira cama:


- Tivemos uma noite e tanto, hein? Espero que você tenha gostado rs


Eu não respondo nada, estava um pouco irritada, talvez


- Tome isso - ele me estende um comprimido e um copo d'água


- O que é isso? Eu não quero nada q…


- É aspirina, relaxa - Eu também tive que tomar, acordei com uma ressaca do caralho rs


Eu tomo o comprimido e bebo a água com uma sede fora do comum


- Você precisa se preparar para ir pra casa, Larissa, eu já estou de saída. O Carl já foi embora e meu voo sai às… - olhando no relógio de pulso


- Você nem ficou comigo! Nós… nem ficamos juntos! - fico indignada


- Como não? Passamos o dia inteiro com você!


- … Não é isso. Tudo foi só sexo, eu queria…


- Queria o quê? Casar comigo? Vai dar showzinho agora?


Eu silencio. Depois retomo:


- Então foi só isso? Eu pensei que você gostasse de mim


- "Gostasse" em que sentido?


Eu tinha vergonha de dizer. Amor, paixão… tudo isso parecia ser coisa de menina boba e comum. O que eu tinha construído com ele era outra coisa, a ideia de que eu era uma puta safada, que escrevia e fazia as coisas mais sacanas só pelo sabor de gozar em um caralho, e não por romance. Por isso eu não queria dizer. Queria que ele me admirasse por não ser uma garota comum.


- Gostasse como, Larissa? - ele insiste


Então eu começo a chorar. Primeiro uma lágrima isolada, mas vergonhosa. Eu sabia que não ia suportar. Sentia meu rosto avermelhar, não de vergonha, mas pela pressão do choro.


- Larissa, por favor…


Já era. As lágrimas desciam sem controle e eu desabo:


- VOCÊ NÃO LIGOU PRA MIM! NEM POR UM MOMENTO! NÃO ERA NADA DISSO QUE A GENTE TINHA COMBINADO! - era o que eu tentava dizer, mas imagino que uma parte considerável da minha fala fora incompreensível, dado o choro, a voz embargada e o soluço. Eu já chorava como uma criança.


- Porra, Larissa… A gente tinha combinado de foder e a gente fodeu! A gente combinou de fazer loucuras! Não foi isso o que aconteceu? Ou você só é safada naqueles lixos que você escreve? - ele começava a mostrar a impaciência


- Lixo? É isso que eles são para você? - eu escondia meu rosto com as mãos


- Você acha que você é o quê? Um Shakespeare? Vá se foder, menina, você só escreve lixo! É pai comendo filha, filho fodendo a mãe, irmão comendo irmã… Vá se tratar, sua retardada! É isso que você queria ouvir? Porra!


Eu fico em silêncio. Então era isso o que ele achava de mim. E vários dos meus leitores. Depois, em meio às lágrimas consigo dizer


- … Você se aproveitou de mim - com a voz um pouco recomposta


- E você? Não se aproveitou de mim? Não disse que ia escrever sobre nosso encontro? Você me usou! Estamos quites!


Nariz escorrendo, vistas embotadas, as malditas lágrimas não paravam de rolar:


- EU ME APAIXONEI! OK!? - voz toda embargada, nem quero imaginar quanto estava ridícula minha dicção em meio aquele pranto - EU ME APAIXONEI, EU SOU UM SER HUMANO! E você… você não fez esforço nem para ficar comigo um pouco!


- Você namora, Larissa! Você não ama seu pai? Você não tem vergonha?


Mais e mais lágrimas…


- Não quero falar sobre isso, não quero! - mãos tampando meu rosto, a vergonha e o remorso tomando conta de mim


- O que você quer de mim? - a voz de deboche


- …Nada, só pensei que você gostasse de mim


Então ele se levanta para continuar a revelação de sua verdadeira face:


- Eu? Gostar de uma menina que seduziu o próprio pai? Você está é louca! Você sabe que acabou com a vida dele, né? Tenho até dó dele. Você transa com seu próprio pai, isso é nojento! Você é nojenta! É quero uma mulher decente, não você!


Eu não o interrompo, porque queria ouvir cada palavra. Ele continuava:


- Me apaixonar por uma vagabunda que trai dessa forma quem ela diz amar? Saindo pra foder com dois caras que ela nem conhece? Se você fosse minha filha, Larissa, seria meu maior desgosto. E tenho certeza que se seu pai soubesse o que você faz… ele te odiaria pra sempre! Você não presta. Ok? Não presta.


Soluços, lágrimas… Mas ele não para:


- O que eu veria de interessante numa garota que passa o dia inteiro escrevendo para um monte de punheteiro se masturbar? Você está louca, Larissa, eu não jogo meu coração no lixo, não. Você acha que eu ia me interessar por você? As únicas coisas boas em você são sua boca, sua buceta e seu cu! Ok, suas tetas também são ótimas, mas o seu coração, Larissa… é podre.


Eu fico em silêncio. Não conseguia discordar de nada daquilo. As lágrimas não cessavam, mas eu não queria fugir da dor.


Ele termina:


- Enfim, essa conversa terminou. Você precisa ir embora agora.


Eu me levanto sem graça, penteio meus cabelos com os dedos, procuro minha calcinha e não a acho


- O Carl a rasgou, terá que ir embora sem calcinha


Eu não respondo, apenas ponho o sutiã e me retiro para ir ao banheiro, onde eu encontro meu vestido e minha bolsinha. Olho no espelho, enxugo o rosto. A vontade de chorar era grande, mas eu tinha que ser forte. A marca do tapa tinha diminuído bastante, facilmente se passaria por uma bolada de vôlei. Sento no vaso, faço xixi, sentindo um ardido forte na minha vagina. Eu sabia que eles tinham pegado pesado enquanto eu estava apagada.


Haviam imagens e falas desconexas que apareciam na minha mente. Um quebra cabeça insolúvel. Querido leitor(a) você sabe que até agora não ocultei nada, fui firme no meu propósito de contar tudo… Mas quero me reservar agora. As coisas que me lembro são… muito degradantes e eu não quero contar. Conto com sua compreensão, por favor, não peça que eu conte nos comentários, nem me pergunte por mensagens. Eu não quero falar dos fragmentos que infelizmente não foram apagados em minha memória. Ainda bem que são fragmentos, imagens que aparecem e somem…


Visto o vestido e saio do banheiro, encontrando-o na sala, perto da porta.


- Então é assim que termina? Vocês têm fotos, vídeos de mim… O que vão fazer com isso?


- Nada, ficaram todas com o Carl. Não procure mais. Não quero nenhum tipo de problema.


Eu sou a pessoa mais idiota do mundo, sim:


- Aquela hora que você me beijou…


- Eu estava bêbado e drogado, não foi um beijo com significado. O Carl também te beijou várias vezes, não?


Sim, a mais idiota do mundo:


- … Você não poderia me dar um beijo de despedida? Só um! Eu nunca vou te proc…


- Larissa, vá embora - ele abre a porta.


Eu devia ter xingado ele. Era o mínimo que eu devia fazer. Dizer que ele era um cafajeste, um cretino, ridículo, idiota, canalha, cínico, um cachorro… um maldito.


Mas eu não digo mais nada e saio do apartamento, me sentindo um verdadeiro lixo, acabada. Por ter sido tratada dessa forma, por ter sido enganada, iludida, prostituída. Por ter traído meu pai…


"Pai, você é tão bom pra mim… Por que eu fiz isso? Por quê???" - eu ia no corredor, trôpega e em prantos


- Menina, você está bem??? - uma senhora perto do elevador pergunta


- Ah, sim, eu… recebi uma notícia muito ruim, mas já passou


- Ahn… Tudo bem, mocinha. Você é muito bonita, não chore assim - ela alisa o meu rosto


"Eu não sou bonita… eu sou um monstro…" - eu pensava, segurando as lágrimas que ainda brotavam


Chegar em casa foi um suplício. Chorei no Uber, mas o motorista nada perguntou, o que foi até bom.


Tomei um banho de uma hora, mais ou menos. Sentada, só deixando a água cair. Pensava em tudo o que eu tinha feito. Pensava em cada palavra daquele homem.


"Você sabe que acabou com a vida do seu pai, né?"


Tudo era verdade. Ele não mentiu. O que eu devia fazer agora? Meu pai chegaria dentro de algumas horas e me cobriria de beijos e de elogios. Traria bombons, vinho… Meu coração estava em cacos. Eu queria parar de pensar, mas não conseguia. A consciência me esmagava e dizia: "eu não vou parar só porque você está pedindo, estou cumprindo o meu papel e vou fazer diteito".


Nesse momento percebi que não sou um monstro. Ainda há dor em meu coração. Ainda há dor por tudo o que fiz. Monstros não têm peso na consciência.


Quando saio do banheiro, vou direto para a cama e me preparo para dormir. Não há fome, não há sede, não há nada. Nem sono havia, para falar a verdade. Mas havia um cansaço jamais sentido. Uma exaustão física e mental que pedia por descanso. Por algum motivo, me visto por inteira, camiseta, calcinha, calça de dormir. E antes de pegar no sono, olho o celular:


"Larissa, você já chegou?"


"Filha, eu comprei um presente para você, espero que você goste!"


"Hoje vamos fazer nossa comemoração. Um ano de felicidade com você, minha vida! Te amo!"


Eu digito:


"Pai, estou muito cansada, quando você chegar estarei dormindo, mas pode me acordar, tá? Eu te amo, pai. Eu não te mereço. Eu não tenho sido uma boa filha. Mas eu juro que te amo. Juro que…


'Que nunca mais vou te trair' - eu penso, mas mas digito:


... Que vou me esforçar mais para sermos bem felizes".


Depois disso eu durmo por muitas horas, um sono sem sonhos, o que foi ótimo, pois se houvessem, certamente seriam pesadelos. Um sono revigorante, até que meu pai massageasse meus ombros devagar:


- Larissa? Acorda, bebezão rs


Eu não queria olhar nos olhos dele


- Filha? - cafuné em mim, e carinho no meu rosto.


Eu me viro, mas não olho em seus olhos:


- Oi, pai, tudo bem? - disfarçando


- Melhor agora, que está aqui - ele vem me beijar e eu esquivo


- A mãe da Malu mostrou sinais de COVID, melhor não nos beijarmos


- Tomamos todas as vacinas, para de frescura! Rs - e ele me beija, só uma bitoca. Mas eu me sinto péssima por permitir - Deixa-me ver seu rosto, ainda está doendo?


- S… só um pouco, não é nada demais


- Continua linda como sempre. Só está um pouco avermelhado, amanhã já está melhor


- Sim


- Então levanta, toma um banho - ele beija meu rosto -, porque hoje vamos comemorar! Hoje vamos transar de forma bem romântica, filha, rs


- Pai…


- Hum


- Preciso te contar uma coisa.


Silêncio de alguns segundos:


- Pode contar, filha - olhar sério


Olhos nos olhos.


- Eu me sinto mal… Sinto que acabei com a sua vida. Eu te seduzi e, agora… você é obrigado a ter esse relacionamento comigo, que você nunca pediu - apenas uma lágrima se formando


Ele respira fundo antes de dizer:


- Larissa, é verdade, eu nunca pedi. Mas eu quis! E continuo querendo! E sim, é um "peso", se você prefere chamar assim, afinal, ter que viver de forma tão discreta, para não sermos percebidos é bem ruim. Mas quer saber? É um peso que eu carregaria para sempre, se fosse por você. Você acha que você piorou minha vida, mas isso não é verdade. Você me arrebatou, Larissa. Você me tornou mais feliz do que eu podia imaginar. Pensar assim só porque temos uma ou outra dificuldade é uma loucura! Porque a verdade é que as coisas boas que você trouxe superam a parte ruim numa relação de um por mil! Gramas contra toneladas! Milímetros contra quilômetros! - a voz começando a embargar, uma lágrima se formando na pálpebra


- Pai… - eu já chorando mais do que ele.


- Diga, filha, diga o que está se passando


- Você me ama independentemente de qualquer coisa?


- Claro que sim, filha. Qualquer coisa. Se você perdesse toda a sua beleza, ou se você ficasse tetraplégica, não importa! Se você quebrasse minha guitarra Fender sem querer, se você… se você… até se você…


"Diga pai, por favor, diga" - eu pensava e chorava, desabando emocionalmente - "por favor, diga a palavra"


- … Sei lá… até se você…


"Diga, oh, diga!" - eu chorava ao ponto de soluçar como uma criança


- … Até se você me traísse ou coisa assim. Mesmo assim, Larissa, eu te perdoaria, sabe por quê? Porque eu não consigo deixar de te amar. Eu sei que você nunca faria algo assim, claro, eu sei. Mas o que eu quero dizer é que meu amor por você é maior do que tudo. Qualquer cenário que você colocar. Eu juro. Você não me faz infeliz, filha. Eu adoro estar com você! Acredite em mim!


Eu respiro melhor e tento me recompor:


- Eu te amo, pai - e o abraço bem forte e feliz


Eu não quero dizer, querido(a) leitor(a), que após isso eu fiquei resolvida. Não. Mas foi um começo. Eu não consegui me perdoar por completo até hoje, mas para falar a verdade, não quero me perdoar por completo. Quero que sempre exista um resquício de culpa, bem lá no fundo do meu coração, mesmo que quase sempre esquecido, mas tem que estar lá. Assim é mais seguro, para que eu nunca mais venha a cometer um deslize.


(FIM)

……………………


Conforme eu escrevia "O Deslize de Larissa", fui recebendo mensagens de leitores e leitoras me questionando e até me xingando pelas coisas que fiz. Eu escolhi continuar até o fim e só agora revelar que essa novela é tão somente uma ficção. Eu jamais faria essas coisas com meu pai, jamais mesmo! Meu relacionamento com ele continua estável e adorável, e eu o amo tanto que chorei várias vezes só de imaginar todas essas situações que escrevi nesses textos. Ele não merece e não vai passar por nada disso, fiquem tranquilos(as).


Ufa!, me sinto aliviada em contar isso a vocês! Haha


Um beijo a todos que me acompanharam até aqui. Se você curtiu essa novela, peço que curta e ainda mais importante: que comente. Isso vai me fazer muito feliz! De verdade!


Beijos!

*Publicado por Larissaoliveira no site climaxcontoseroticos.com em 25/03/23.


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