Cúmplices - Sonhos Possíveis

  • Temas: Casais, Erótico, Romance, Sentimentos, Sexo, Traição
  • Publicado em: 15/12/23
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  • Autoria: Bayoux
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Um pouco de carinho, amor ou afeto não seria pedir demais, contudo, às vezes o ruído do mundo é tão ensurdecedor que tudo perde o sentido.


A gente, as coisas e as pessoas ao redor, a vida como ela é, como a fizemos, ano após ano dedicando-nos à pessoa amada, tudo deixa de ser importante - e é aí que nos perdemos.


Feito Carminha e Roberto, antes um casal adorável, depois cúmplices inseparáveis, agora adúlteros no limite de consumarem um último ultraje ao matrimônio de mais de vinte anos.


Feito Fabrizio e Donatela, antes um par promissor, ainda que nenhum dos dois soubesse, algo que poderia ter sido, se fosse cultivado na verdade e no afeto, mas que também se viu consumido pelo fogo do desejo e da ambição, da busca pelo impossível - e que agora também se distanciavam pela trama implacável do destino impiedoso.


Sim, este que vem escrevendo esta história já deu voz a alguns deles, mas não desejo que vocês também se percam em meio a tanto ruído por mim provocado e desejo ser justo, correto, então passo a dar voz aos que se viram como meros coadjuvantes nessa trama, pois a eles também afetaram os acontecimentos que venho narrando há dois capítulos.


Comecemos por Fabrizio, o italiano de meia idade alto e bonito como um galã, e falemos da solidão que lhe assolava após o divórcio, a mesma solidão que o levava à falar alto e gesticulando para ser o centro das atenções, e que o fez comprar as coisas ridículas de quem se encontra nessa situação, tal como um carro esporte zerinho e um rolex de ouro, para aplacar o vazio interior e afogar-se em namoricos passageiros com garotas da idade de sua filha.


Fabrizio não fazia esse ruído, ele não o provocava: Fabrizio era o ruído em si. Todo esse jeito de ser desenvolvido com o propósito de abafar o fracasso de seu casamento, o divórcio complicado que custou a aceitar e o distanciamento de sua filha, uma jovem a quem nunca conheceu verdadeiramente bem.


Expondo assim, é compreensível que tenha sentido atração por Carminha, a esposa de seu sócio. Ao ver como ela se dedicava a cuidar de todos os detalhes da vida do marido, ao achar que eles tinham uma vida plena construída sobre uma cumplicidade a dois inexpugnável, Fabrizio sentiu aquele gosto amargo na boca ao qual chamamos de inveja, algo tão natural, mas para ele até então desconhecido.


Desejar o que não se pode ter faz parte da vida, mas Fabrizio não estava acostumado a isso, de forma que aquele sentimento cresceu dentro de si como um tumor agressivo, fazendo-o desenvolver uma obsessão pela esposa de Roberto.


Assim, Fabrizio nunca perdia a oportunidade de estar ao lado de Carminha e derramar-se em atenções sobre ela, sempre com um toque mais prolongado em seu ombro e palavras de duplo sentido, buscando uma fresta que fosse para entrar em seu mundo -  e instalar-se em seus pensamentos.


Até mesmo a sucessão de namoradinhas lindas e muito mais jovens que o italiano fora algo calculado, uma tentativa desesperada de mostrar à Carminha que ele era um homem diferente, desejado, um verdadeiro troféu a ser conquistado e, para que essa torpe estratégia tivesse efeito, fazia questão de esfregá-las na cara de Roberto, esperando que o sócio comentasse com a esposa quem era a garota da vez.


E assim chegamos à Donatela, a jovem aspirante a influencer,  loira de pele bronzeada, boca carnuda, olhos azuis e ambição desmedida que Fabrizio conheceu uma noite qualquer enquanto estava à frente da pizzaria.


Diferente das demais garotas de classe média com quem Fabrizio andava, Donatela era bem nascida e vinha de uma tradicional família em decadência. Não que estivessem em franco rumo à pobreza, nada disso, mas à medida que o fundo de investimento familiar naufragava, a garota mimada desde pequena pelos pais via seu estilo de vida sofisticado declinar, sem os tais sapatos e vestidos de grife novos para usar a cada aparição nas redes sociais.


Naquela noite mesmo, em vez de ir ao bar da moda onde as celebridades costumavam aparecer, se viu obrigada a tomar uma reles taça de vinho branco num estabelecimento de segunda categoria. Por sorte, a pizzaria que abriram no bairro cheirava a nova e havia até sido decorada com um certo ar italiano autêntico, podendo ser um cenário ideal para uma postagem ao estilo “estou me aventurando a explorar coisas novas e descobri esse lugarzinho simpático que ninguém conhece.” 


Sem ter mais para onde ir, ficou por lá se esforçando para fazer aquela taça render por mais de uma hora, até que o dono do lugar, um italiano grande e falastrão que gesticulava exageradamente, veio à sua mesa e se desmanchou em atenções para com ela.


Obviamente, Donatela sabia que era mulher demais para um velho como aquele, por mais bem apessoado e galante que ele fosse, mas o rolex de ouro que o homem usava brilhava em seu pulso de tal maneira que fazia valer o esforço para seguir ali.


Já no final da noite, além de não deixar a mulher pagar a conta, Fabrizio ofereceu para levar Donatela até sua casa e, ao entrar naquele carro esporte modelo do ano que ele possuía, a jovem entendeu que havia tirado a sorte grande: um homem de meia-idade, desesperado por atenção e endinheirado, capaz de cobri-la de presentes só para estar ao seu lado, tal como uma mulher como ela merecia!


Foi fácil para Fabrizio subir ao apartamento pequeno mas sofisticado de Donatela, assim como foi fácil para a jovem linda enrolá-lo com seu jogo de sedução.


Difícil mesmo foi quando Fabrizio demorou a ter uma ereção pois, apesar de ter a oportunidade de possuir em suas mãos uma mulher como aquela, seu pensamento estava a dois quarteirões dali, na cama de Carminha, imaginando como ela deveria estar aninhada em Roberto e fazendo cachinhos com os dedos nos pêlos do peito de seu sócio.


Difícil também foi para Donatela, desacostumada a ter que esforçar-se para despertar o desejo sexual em qualquer homem e tendo que chupar com afinco por uma eternidade o membro adormecido de Fabrizio até ele dar um mísero sinal de vida, para depois se ver obrigada a fazer malabarismos na cama para que o homem não perdesse o foco.


Ao final de seu intercurso, contudo, os dois se enganavam achando que haviam cumprido o seu papel.


Donatela achava que havia feito Fabrizio gozar com sua beleza estonteante e gemidos simulados, quando na verdade homem só conseguiu chegar ao final quando fantasiou que comia Carminha na frente de Roberto.


Já Fabrizio achava que, apesar do vexame com membro mole no início, sua rudeza e determinação na cama haviam dominado a Donatela de tal forma que ela desejou fazer sexo em várias posições até gozar, quando na verdade ela achou aquilo tedioso e só atingiu o clímax quando pensou que faria uma postagem com um par de sapatos Louboutin que o italiano lhe daria no dia seguinte.


E assim, terminaram se encontrando mais uma que outra noite no restaurante, sendo que Fabrizio invariavelmente tinha guardado algum presente para oferecer-lhe e Donatela sempre terminava levando-o ao seu apartamento para se esforçar até fazê-lo gozar em retribuição.


Como bons personagens coadjuvantes, mal sabiam Fabrizio e Donatela, mas esse namorico entre eles seria o elemento decisivo para mudar tudo e revirar a vida de nossos protagonistas, Carminha e Roberto.


Foi numa tarde de extremo tédio, vendo bobagens no telefone, que Carminha casualmente deu na página de uma desconhecida aspirante a influencer chamada Donatela alguma coisa. O subtítulo de sua mais recente postagem era um tanto brega: “Presentinho do meu novo namorado, dono do restaurante Boccaccio.” Apesar da coincidência de também ser o nome e a pizzaria de Roberto, foi a foto que chamou-lhe a atenção: a bela jovem loira segurava um par de sapatos Louboutin caríssimos e aparecia sorrindo ao lado de Fabrizio!


Isso era desconcertante, o italiano bonitão era seu maior admirador. Ele sempre a galanteava e, por mais que ela não demonstrasse, o homem povoava seu imaginário erótico nos últimos meses a tal ponto que, todas as vezes em que gozara com Roberto nesse tempo, na verdade estava imaginando ser Fabrizio quem a possuía.


E agora, ele estava naquela foto, com uma mulher daquelas, linda, da idade de sua filha, onde ela exibia um presente especial daqueles e dizia que ele era o dono da pizzaria! Tudo bem, Fabrizio era dado a bibelôs caros como o rolex e o carro esporte, mas a tal Donatela era algo perigoso, não parecia ser somente mais uma das desmioladas que ele normalmente chamava de namorada.


Ainda por cima, Carminha sentiu-se responsável por aquilo estar ocorrendo. Ora, o italiano não perdia uma oportunidade de dar em cima dela, vinha fazendo-o há meses, mas ela nunca havia dado sinais mais claros de retribuição, afinal de contas, era casada com Roberto e os dois eram sócios. Mas agora, vendo a maldita postagem de Donatela, tudo isso mudaria para sempre se ela não tomasse uma atitude drástica.


Decidida a virar o jogo a seu favor, buscou na memória do aparelho o telefone de Fabrizio e chamou logo em seguida, dizendo que precisava falar com ele sobre um tema pessoal referente a Roberto e que tinha que ser agora.


Considerando que Carminha nunca o chamava, é claro que aquilo tomou Fabrizio de surpresa e ele aceitou a convocação. Mesmo que Carminha estivesse em outra cidade, ainda assim ele o faria. Não importava Donatela ou mesmo o próprio Roberto, Carminha era sua obsessão e ele faria tudo o que ela pedisse, tudo mesmo.


Decidida a saltar no abismo da traição, Carminha caprichou em todos os detalhes. Colocou sobre a cama os lençóis egípcios de mil fios, perfumou o quarto com essências aromáticas, fechou as cortinas e deixou uma iluminação indireta, além de vestir uma lingerie erótica branca nunca usada e um penhoar transparente da mesma cor que mais evidenciava que escondia. Quando Fabrizio chegou, a armadilha estava pronta.


O homem alto sequer podia acreditar em seus olhos quando Carminha o recebeu à porta naqueles trajes provocantes.


- Fabrizio, que bom que pôde vir! Estou com problemas com Roberto e necessito seu conselho!


- Oi Carminha. É claro que sim, no que eu puder ajudar, conta comigo. O que foi? Vejo que você não está muito… É… Quer dizer… Não está muito, assim, normal…


- Ah, essas roupinhas? É isso que eu queria te mostrar. Por favor, vem aqui que eu quero sua opinião - disse ela virando-se e seguindo pelo corredor até a suíte.


Vendo Carminha caminhado à sua frente, Fabrizio podia apreciar através do penhoar transparente a calcinha branca em destaque sobre a pele morena da mulher de seu sócio, desaparecendo entre seu par de nádegas ainda salientes, movendo-se suavemente ao ritmo de seu caminhar decidido. Ao chegarem na suíte, o italiano já transpirava desejo.


- Está vendo tudo isso? A meia luz, os lençóis finos, o aroma de frutas silvestres… Você é capaz de notar essas coisas?


- Carminha, eu reparo em cada detalhe das coisas que você faz, achei que você já havia notado. Mas porque tudo isso?


- Porque o Roberto não repara! Eu faço tudo isso pra ele, e nada…


- Carminha, se uma mulher fizesse essas coisas pra mim, eu… Eu… Sei lá, eu a amaria para o resto da vida!


- E não é só isso, Fabrizio. Senta na cama e olha só, eu quero que você tenha exatamente a mesma visão que o Roberto tem!


Sentado ao pé da cama com o coração acelerado, Fabrizio viu Carminha desfazer-se do penhoar e ficar só com aquela lingerie branca erótica. O sutiã bordado permitia adivinhar seus mamilos muito negros através de espaços entre as rendas, assim como a parte trontal transparente da calcinha deixava entrever a fileira de pêlos bem aparados que conduzia até seu sexo.


- Está vendo, Fabrizio? Está vendo bem? Por acaso eu sou uma velha? Meu corpo já não é capaz de despertar desejos selvagens num homem?


- Carminha, por favor, não fala assim. Qualquer homem cometeria um desatino para ter uma mulher como você. Eu mesmo estou me segurando aqui… - balbuciou Fabrizio boquiaberto com a semi-nudez da mulher do sócio.


- E tem também o meu perfume, Fabrizio. É uma essência especial, feita especialmente pra mim. Eles misturam ferormônios nisso, é praticamente uma arma de sedução, sente só…


Nesse momento, Carminha se adiantou e postou-se imediatamente à frente do italiano. Estufando o peito, seus seios se empinaram a poucos centímetros das narinas do grande nariz do homem e dali exalava um perfume de almíscar que mexia com todos os seus sentidos. Era demasiado, Fabrizio não conseguia mais suportar, seu maior desejo estava ali, ao seu alcance -  e ele o tornaria realidade!


À medida que aproximava o rosto daqueles seios até tocar a pele morena de Carminha com a ponta do nariz, inalando profundamente seu perfume, Fabrizio segurou com suas mãos peludas de dedos grossos as penas da mulher pela parte posterior e as foi subindo como se fosse uma carícia, delicadamente, até se postarem sobre o belo par de nádegas da mulher.


Nesse momento Carminha podia sentir que fora vitoriosa, não haveria mais Donatela nem outras jovenzinhas capazes de lhe roubar a atenção de Fabrizio, nunca mais. As mãos do italiano sobre suas nádegas eram o único sinal que ela esperava para jogar seu corpo sobre aquele homem, fazendo com que ele caísse sobre a cama e vindo por cima dele, beijando-o cheia de vontade e esfregando seu corpo no dele para devorá-lo como uma leoa encurralando sua presa.


Descendo sobre o corpo estirado em sua cama matrimonial, Carminha afoita abriu-lhe as calças e, por fim, tinha em suas mãos o membro ereto de Fabrizio. Ficou admirando-o, era um belo exemplar de masculinidade, forte e pulsante, um verdadeiro troféu para consagrar sua conquista. Aproximando sua boca, ela atreveu-se a estirar a língua até encostá-la na ponta, só um leve toque, enquanto olhava com lascívia para Fabrizio que inclinava o pescoço para admirar a cena e prendia a respiração, como se quisesse reter aquele momento para sempre.


Foi um sexo ardoroso, Carminha nunca se dava por vencida e se entregava com uma paixão desconhecida por Fabrizio, usando-o, explorando-o e consumindo a ele como se não houvesse mais nada no mudo além deles dois naquela cama.


Quando Fabrizio gozou pela primeira vez, o fez dentro de Carminha, enquanto ela arregalava os olhos e sentia tremores sentada sobre ele, atingindo seu clímax também. Não existia nenhuma jovenzinha, por mais bela que fosse, que pudesse substituir a intensidade e a sedução que envolviam a Carminha, nem Donatela seria capaz de tanto.


Ao recordar-se de Donatela, Fabrizio sentiu uma ponta de tristeza, pois isso o fez lembrar de Roberto, a quem teria que encontrar em seguida para substituí-lo no turno da noite da pizzaria - em vez de substituí-lo na cama com sua esposa. Exasperado pela noção de que aquele momento em breve terminaria, num arroubo, escreveu a Roberto dizendo que se atrasaria e, em seguida, enviou uma mensagem à Donatela, pedindo que fosse imediatamente à pizzaria e esperasse porque lhe tinha preparado uma surpresa.


Na mente de Fabrizio, tratava-se apenas de segurar Roberto no restaurante para ter uma segunda ronda de sexo intenso com Carminha - e Donatela seria apenas uma distração para manter o sócio longe de casa. Ele jamais poderia imaginar o impacto que uma mulher como Donatela, ao aparecer despretensiosamente  no restaurante naquele fim de tarde com sua aura juvenil, causaria em seu sócio.


Mas agora não seria o momento para este tipo de preocupação. Agora, Fabrizio somente desejava aproveitar cada minuto roubado ao lado de Carminha, mergulhando naquele sonho que perseguira com afinco por tanto tempo e possuindo uma vez mais aquela mulher que lhe enlouquecia completamente.


Enquanto Fabrizio e Carminha se perdiam um no outro, Donatela chegava à pizzaria e buscava uma mesa bem discreta ao fundo para evitar ser vista por ali. Curiosa, não pôde evitar perceber aquele homem baixinho, barrigudinho e meio calvo correndo de um lado para outro diligente, conferindo cada detalhe, dando ordens aos empregados e orientando o pessoal da cozinha. Quando pediu uma taça de vinho branco gelado ao garçom, aproveitou para informar-se.


- Aquele ali é o gerente, imagino.


- Quem? Ah, o seu Roberto? Não moça, ele é o dono.


- O dono? Mas o proprietário não é um italiano?


- Não, moça, o Italiano é o seu Fabrizio. Quer dizer, eles são sócios, mas quem manda de verdade é o seu Roberto. O italiano só vem de noite, para entreter os clientes.


- Só para entreter? Achei que ele era quem mandava…


- Quem? O seu Fabrizio? Não moça, pelos céus, ele não entende nada de negócios nem de cozinha. Mas tem que vir de noite para manter as aparências.


- Como assim, manter as aparências?


- Moça, esse é um restaurante italiano, uma pizzaria. Faz bem para o negócio ter um italiano recebendo as pessoas. Até isso foi ideia do seu Roberto!


Donatela queria morrer de tanta raiva. Fabrizio a enganara dizendo que era o dono daquilo, fazendo-se de grande empresário da gastronomia, aparentando ter dinheiro e poder, quando na verdade era um outro quem mandava ali e era o cérebro de tudo. Seu namorado, provavelmente, era um pé-rapado amador nos negócios! E agora, ela já havia se exposto, havia postado uma foto junto a ele, chamando-o de “meu novo namorado”. Ela estava pagando um mico, não, mico não, Fabrizio era um King-Kong!


Se a verdade sobre Fabrizio viesse à tona, a carreira de influencer de Donatela estaria enterrada antes mesmo de começar! Mas agora, a besteira já estava feita e Donatela teria que conter os danos a qualquer custo. Mas o que ela poderia fazer?


Bem, dali há duas semanas haveria um encontro de influencers num resort exclusivíssimo recém-inaugurado no nordeste. Se ao menos ela pudesse marcar uma presença lá, isso poderia abafar o escândalo da maldita foto sorrindo ao lado de Fabrizio. Mas de nada adiantava sonhar, ela estava sem dinheiro e sua família andava contando os centavos, de forma que nunca teria o suficiente para pagar por este luxo.


Foi então que Donatela, sempre discreta, voltou a olhar para Roberto. Tudo bem, aquele senhorzinho era barrigudinho e meio calvo, mas era o verdadeiro dono dali, assim que algum dinheiro e status ele devia ter. Sim, para apagar a história com Fabrizio, ela deveria fazer a fila andar, mostrar a todos que aquilo era passado e que ela agora estava melhor ainda.  Tudo bem, o tal Roberto não parecia ser um galã  e nem era fotogênico, mas se ela desse uma guaribada no tiozão ele até podia dar para o gasto!


Ainda assim, tudo passaria despercebido e não haveriam maiores consequências no relacionamento entre Carminha e Roberto se Fabrizio não  houvesse deixado propositalmente seu famoso rolex de ouro no criado-mudo ao lado da cama onde passara o fim da tarde degustando Carminha com uma voracidade animal. Sim, ele o fez a propósito, queria que Roberto descobrisse tudo, desejava que seu casamento com Carminha ruísse e, só então, ela poderia ser somente dele. E tudo isso devido à inveja que sentia da cumplicidade entre o casal de amigos.


Novamente me desculpo ante vocês por minha imperícia ao narrar esta história, pois no capítulo anterior já havia narrado parte dos acontecimentos que se sucederiam. Roberto viu o relógio, mas preferiu não falar nada, paralizado pelo pânico de estar perdendo tudo de uma só vez: Carminha, seu sócio e, possivelmente, até a pizzaria. 


Já no dia seguinte, tudo piorou mais ainda. Donatela, agora decidida a investir em Roberto e substituir a Fabrizio como seu novo namoradinho ante as redes sociais, decidiu por conta própria ir à pizzaria durante o turno do marido enganado e conhecer melhor sua próxima vítima. Propositalmente, para medir a reação de Roberto, ela lhe comentou aparentando desinteresse que o seu novo namorado, Fabrizio, era o dono de tudo ali.


Roberto quase teve um desmaio de tanta raiva. Fabrizio, além de pavonear-se como dono do restaurante, devia estar agora mesmo comendo sua esposa e, não satisfeito, também estava lhe roubando a Donatela, a única mulher que lhe chamou a atenção nos mais de vinte anos de casamento!


E assim foi que as coisas ocorreram, Roberto saiu meio perdido e foi dar em casa, onde presenciou escondido a cena de Fabrizio devassando à Carminha no terraço. Acreditou que eles tinham tamanha entrega ao fazerem sexo um com o outro que sentiu inveja, muita inveja, misturada com uma sede de vingança, muita vingança.


O que ele não sabia é que Carminha já estava arrependida desde que despertou de manhã pelas horas em que se entregara a Fabrizio na tarde anterior. É bem certo que a mulher de Roberto havia gostado, Fabrizio era um amante excepcional, mas ela era casada, bem casada - e havia traído a cumplicidade que tinha com seu marido.


Sim, ela nem desejava mais a Fabrizio, mas mesmo assim ele aparecera na tarde seguinte, procurando por seu estimado relógio de ouro. O italiano não era um homem passivo, não aceitava um não como resposta e gostava de se apossar do que queria, agindo como um trator sem freio que arrastava a tudo e a todos até conseguir saciar-se.


Dessa maneira, Carminha foi sendo levada sem conseguir se opor até a fatídica cena no terraço presenciada por Roberto. Na verdade, Carminha sentia culpa e queria dispensar a Fabrizio, mas não conseguiu fazê-lo desistir e terminou entregando-se outra vez ao apetite voraz do italiano.


Qual não foi a surpresa de Donatela ao ver Roberto entrando de novo na pizaria. Ele era o mesmo homem baixinho e gordinho que saíra há minutos atrás, mas algo nele havia mudado. Veio diretamente à sua mesa, sentou-se já estalando um dedo ao garçom para pedir um scotch e começou a falar, apresentando-se como o verdadeiro dono dali e desmascarando seu namorado italiano, colocando-o como um sócio menor e desimportante - e, sem saber, corroborando o que ela ouvira no dia anterior e que a fizera retornar ali, para tentar se aproximar dele.


Foi nesse momento que Roberto, exalando segurança e parecendo não se importar com mais nada, fez a Donatela aquela proposta descabida de que ela desse para ele e juntos se vingassem de Fabrizio. Ora, ela justamente queria substituir Fabrizio por Roberto, o que vinha bem a calhar, mas, contudo havia um pequeno detalhe que complicava tudo: Carminha! Não, definitivamente, aparecer nas redes sociais com um namorado feio e casado não lhe adiantava nada, seria piorar ainda mais o que já estava ruim!


E então, mesmo diante das negativas de Donatela menosprezando-o, o homem determinado disse que ela podia pedir o que quisesse, que ele faria Fabrizio pedir para que ela desse para ele e ainda por cima pagar o que quer que fosse para que isso acontecesse.


Duvidando daquilo, Donatela pediu o impensável: queria ir ao tal resort no nordeste participar do encontro de influencers e necessitava de uns mil dólares para isso. Roberto nem se fez de rogado, disse que uma mulher como ela merecia muito mais, pelo menos uns cinco mil dólares para aceitar dar para ele, reafirmando que, afinal de contas, seria Fabrizio quem pagaria por tudo: as diárias dos dois, as passagens, o sexo entre eles e algo mais especial que ele fazia questão de incluir… Sexo anal!


Donatela estava impressionada - e isso era algo raro de acontecer. Como aquele tiozinho feio aparentava poder, como ele era articulado a ponto de fazer uma proposta daquelas feito estivesse conversando com uma velha amiga e a maneira como não se intimidava ante sua beleza e os muitos anos a menos que ela tinha! Sim, esse homem possuía algo especial, de forma que ela terminou apostando que lhe daria esse “algo mais especial” se ele realmente fizesse tudo ocorrer como prometia.


Bem, quem já leu os capítulos anteriores sabe muito bem onde vamos terminar. Roberto se fez de humilde e pobre coitado ante Carminha, chegou mesmo a chorar na frente da mulher, dizendo que compreendia porque ela havia se entregado a um homem bonitão como Fabrizio, enquanto ele era um qualquer que jamais conseguiria sequer uma das tais garotas fáceis com quem o italiano andava, como por exemplo sua nova namoradinha, uma tal de Donatela.


Movida por uma culpa arrasadora, Carminha jurou a si mesma que não somente jamais daria outra vez para Fabrizio, como também obrigaria o amante a convencer a namoradinha que desse para o seu marido, custasse o que custasse. Assim, além de Roberto recuperar sua auto estima, ela faria Fabrizio pagar por praticamente havê-la obrigado a fazer sexo uma segunda vez.


Assim, tudo terminaria bem para todos, ou quase todos, pois, se bem Donatela poderia pedir o que quisesse ao namorado para aceitar tal pedido, Fabrizio ao final terminaria só e pagando por tudo - mas também havia que considerar-se que o sócio do marido fora o primeiro a ganhar um prêmio: a oportunidade de possuir a Carminha por duas tardes seguidas!


Mas isso ainda não termina aqui, faltam narrar uns pequenos detalhes que ocorreram até o ponto onde os deixei no primeiro capítulo, com Roberto prestes a satisfazer seu desejo especial com Donatela num resort no nordeste e Fabrizio olhando para Carminha de quatro, exigindo que ele fizesse algo que ela não costumava fazer.


Tudo movido por essa rede de sentimentos confusos, o ciúme, a inveja, a raiva, a ambição e a sede de vingança, os quais dominaram a todos estes personagens e os fizeram cometer tantos desatinos.

*Publicado por Bayoux no site climaxcontoseroticos.com em 15/12/23. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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