Conto da Esposa que Foi Castigada por Dois Cavaleiros Maus - conto medieval
- Temas: punição, idade média, medieval, traição, infidelidade, abuso, castigo, surra, colhões, cona, corno
- Publicado em: 14/05/24
- Leituras: 2523
- Autoria: pampineia
- ver comentários
Os antigos desta cidade devem se recordar de um certo comerciante de tecidos chamado Ruami, conhecido por sua avareza e temperamento desagradável.
Após perder a primeira esposa para uma febre da época, casou-se Ruami com Elodie, a jovem e bela filha de um ferreiro chamado Pavin.
Consumido por ciúmes, Ruami confinava Elodie em casa. Em público, irritava-se ele com os olhares dos homens, pois não havia um que não a desejasse, tanto que ela era bela e doce e provocante.
À noite, Ruami nunca extinguia as lamparinas e exigia que Elodie se despisse para seu deleite. A jovem, longe de pudica, obedecia com um sorriso, travessa e ousada. Após despir-se, buscava o calor da cama e cobria-se como uma cabritinha procurando abrigo para se proteger do frio.
À parte algumas dificuldades, a vida do casal seguia tranquila. Mas ocorreu que um dia Ruami se viu oprimido por um pedido feito por um rico fidalgo de suas relações. Era solicitado a acolher em casa dois cavaleiros de passagem pela cidade. Isso colocou o comerciante numa difícil encruzilhada.
Por um lado, precisava receber os viajantes, ou poderia ter grandes prejuízos.
Por outro lado, que perigo! Que ameaça ter aqueles homens sob seu santo teto, ao alcance de sua casta esposa!
A carta que recebera, prevenindo-o da chegada dos visitantes, pouco dizia sobre eles. Apenas pedia-lhe que abrigasse os distintos cavaleiros por durante oito dias e oito noites.
Como já lhe doía o coração só de imaginar os olhares que aqueles espertalhões deitariam sobre sua doce Elodie! Ah! Se pudesse, mandava-os às favas!
Mas, depois de tudo bem pesado, a razão acabou vencendo o ciúme. Certamente ele exagerava na preocupação. Demais, bastava tomar certas medidas e dar certas ordens a seus criados para evitar desgostos.
Assim, Ruami recebeu com todas as honras e gentilezas os dois senhores.
Vinham tão cansados da longa jornada que, apenas comeram alguma coisa, foram para os aposentos que lhes haviam sido destinados. E lá repousaram durante horas.
Mais tarde, descansados e limpos, sentaram-se à larga mesa para uma ceia requintada. Depois de beberem e se alegrarem, o comerciante quis saber dos homens o que eles pretendiam realizar na cidade. Um deles explicou que se tratava de um caso de vingança. Estavam à procura de um certo poeta que seduzira a filha de um rico senhor chamado Evans. Quando encontrassem o infeliz, certamente ele perderia a posse da própria cabeça e esta seria dada de presente ao nobre a quem serviam.
Ruami, muito valente em certas ocasiões e apenas com certas pessoas, vendo muito bem que os homens eram de uma espécie de gente com quem não se deve arranjar confusão, agradeceu à Virgem por não ser ele o dono da cabeça procurada. E desdobrou-se em mais sorrisos e gentilezas para com os convivas.
Durante todo esse tempo de ceia, Elodie, por ordens do marido, esteve escondida em outro lugar da casa. Mas um dos homens, dando falta da patroa, de cuja beleza ouvira muitos elogios à entrada da cidade, quis vê-la e pediu a Ruami que a mostrasse. E seu escudeiro, que se comportava com poucas cerimônias, teve o mesmo desejo. Agora imaginem com que desgosto Ruami recebeu esse pedido!
Porém, por covardia e receio de desagradar aos convidados, engoliu o ciúme e disse a um criado que fosse buscar a desejada moça. Ai! Mas que sofrimento! Como lhe desgostava ter que lhes fazer aquela cortesia! E que ódio mortal da gente fofoqueira que, pelas ruas e tavernas, citava em vão o nome de sua linda Elodie!
Quando a jovem dama apareceu na sala, os visitantes se puseram imediatamente de pé. Que formosura! Que ela era linda e loura como o nascer do dia! O rosto era de uma beleza pura e delicada. E o corpinho, esbelto no todo e bem cheio no busto, assemelhava-se ao de uma mimosa pomba.
Foi Boban quem primeiro comentou: “Não me admira que o amigo tenha tentado esconder este tesouro! Permita-me dizer: o senhor tem motivos para ser o mais feliz dos cristãos! Nunca vi mulher mais encantadora!”
E para maior angústia do ciumento marido, o galanteador foi até Elodie e tomou sua mão para lhe depositar um demoradíssimo beijo. E o outro homem fez parelho, mas já com olhares insinuantes e risinhos atrevidos.
A jovem, recebendo tais atenções e elogios, sentiu-se como uma rainha homenageada por heróicos cavaleiros. E como os achava galantes com suas barbas bem penteadas! E como eram grandes e fortes! Mas sendo esperta e vendo que o marido suava frio de ciúmes com os avanços deles, fazia cara de enfado e fingia que muito a incomodavam.
Ao final da ceia, Boban quis se despedir beijando a mão da senhorinha outra vez. Contudo, influenciado pelo vinho, acabou beijando-lhe até o pescoço. E teria beijado o resto se não tivesse a digna mulher reagido fortemente para repelir comportamento tão reprovável.
Após afastar o atrevido, empregando todas as forças do seu frágil corpinho, ela o admoestou com bravura e indignação:
“Vá para lá, meu senhor! Como ousa se portar assim na casa de quem o acolheu com tanto desvelo?! Para um homem na sua condição, falta-lhe muito respeito e bons modos!”
O cavaleiro, que de repente pareceu recobrar a boa consciência, sorriu como se lhe divertisse o que ela dizia. E foi sentar-se calado em seu lugar à mesa. Ruami esteve a ponto de saltar sobre o molestador. Mas, sendo covarde demais para tanto, e sem saber o que fazer com o constrangimento e a vergonha, achou muito mais fácil acusar a mulher de excesso do que repreender o estrangeiro por seu mau comportamento. E disse para ambos os hóspedes, em tom de gracejo e a título de desculpas: “Como os senhores podem ver, casei-me com uma ferinha! Não cheguem muito perto porque nunca se sabe quando ela vai morder!”
Os cavaleiros riram do gracejo, e os ares pesados se dissiparam. Ruami ficou contente por ter conseguido restabelecer o bom humor à mesa, mas Elodie, vendo que o marido se acovardava e negava-lhe a razão de se revoltar, sentiu por ele imenso desprezo.
Quando escureceu, com os homens já recolhidos, Ruami trouxe a esposa para a cama do casal, trancou bem a porta e deitou-se abraçado a ela tal um abutre que protege o seu pintinho querido.
Antes de pegar no sono, pediu ele à mulher que, da próxima vez, tivesse ela mais paciência com os hóspedes e fosse menos áspera nas palavras. A isso ela retrucou:
“Se o senhor continuar com esse discurso, vai acabar me convencendo de que eu sou a vilã dessa história!”
A resposta de Ruami foi:
“Vida minha! Bem vejo como está aborrecida. Mas nada ganhamos em nos indispormos com essa gente. Não digo que devamos aceitar tudo; porém, lucraremos muito mais se formos pacientes e bons. Ah! Seja prudente, minha vida! Pense antes de reagir a pequenas provocações tal uma gata feroz!”
“Pequenas provocações, senhor?! Ora! talvez eu devesse pedir desculpas a eles!”
“Percebo", ele disse, "a ironia das suas palavras, mulher! Mas pedir desculpas poderia não ser má ideia.”
Nesse ponto, ela disse:
“Bem vejo com que espécie de homem me casei! Passe bem a noite! Eu preciso dormir!”
Dando por encerrada a conversa para não ter que dizer palavras mais duras, a jovem virou-se e fingiu dormir. Pouco tempo depois, o marido se pôs a roncar como era costumeiro quando caía em sono profundo.
Elodie permaneceu acordada pensando em como era covarde e desleal aquele marido. Não é que tivesse ficado realmente ofendida com os modos dos convidados, pois sabia como os homens perdem a seriedade na presença de mulheres. O que a incomodava era o fato de não ter sido defendida por quem mais deveria zelar por sua honra. E não era o marido que costumava rosnar como um cão feroz para quase todo mundo na cidade? E do que adiantava se mostrar tão ciumento? Se não possuía honra o bastante para proteger o objeto do seu ciúme! Quanta diferença havia entre um covarde e bravos cavaleiros!
E, pensando longamente, achava os seus hóspedes cada vez mais superiores, mais corajosos, mais belos. “Ah! Se o mundo fosse como se deseja ...” ela suspirou, não tendo coragem de completar a própria frase.
Na manhã seguinte, os homens foram cuidar de seus negócios na cidade e, quando retornaram, viram o comerciante e sua esposinha juntos no jardim da casa.
Boban aproximou-se e exclamou:
"Que belos jardins tem a propriedade do amigo!"
E, enquanto assim falava, Hoel passou por trás de Elodie e deu-lhe um tapa de mão cheia no traseiro, fazendo-a saltar para frente com o susto.
"Miserável!", ela gritou, voltando-se para trás com expressão de ódio no rosto. O homem, com ar surpreso, retrucou: "Do que me acusa, senhora?!" . Ela prosseguiu: "Ora! Quanta coragem! Por Cristo! Você sabe muito bem o que fez, seu descarado!"
O marido, sem saber o que estava acontecendo, também não sabia o que fazer. Desesperado por ver a esposa naquele estado exaltado e ao mesmo tempo temendo a reação do homem aos xingamentos dela, perguntou ele:
"Mas o que aconteceu, minha vida?"
E assim ela respondeu:
"Este homem, meu marido, acabou de me dar um tapão bem aqui!"
Sem querer acreditar no que ouvia, Ruami olhou para o cavaleiro e pediu que se explicasse. "Ora! Não me façam perder a paciência!” reagiu Hoel. “Que mulher mais sensível! Foi sem querer que mal rocei o braço em seu vestido, senhora! Juro por nossa Mãe do Céu!" "Mentiroso! mentiroso!", ela gritou.
O homem nada disse, mas via-se em seu rosto o quanto se ofendia. O marido, completamente atônito, sem se decidir sobre em quem acreditar, acabou pedindo à esposa que tivesse um pouco de calma, pois era possível que tudo não passasse de um infeliz mal-entendido.
"Que homem sensato!" Exclamou Boban. E continuou: "Muito bem dito, amigo! Não há motivo para escândalos aqui! Conheço bem meu escudeiro e sei que ele seria incapaz de uma infâmia como essa! Mas agora, Hoel, deixemos este prudente homem acalmar sua esposa. Vê-se que ela anda bastante perturbada e nos ofende sem motivos!"
Dito isso, os homens foram se afastando, andando para trás e fazendo cada um uma mesura respeitosa. Quando deram as costas e puderam conversar apenas entre si, riram e comentaram o fato de ser tão estúpido e covarde aquele marido, e tão deliciosa e provocante a esposa.
E foi por causa daquele escândalo que, na mesma noite, Ruami e Élodie discutiram novamente, concluindo o marido que ela deveria desculpas aos hóspedes.
Desta vez a mulher nada disse e apenas fingiu que sentia muito sono. O marido, vendo o estado da esposa, sentiu ele mesmo os olhos pesados e dormiu.
Quando Elodie notou que o marido roncava, dominada por uma mistura de violentos sentimentos, afastou os braços do marido e pôs-se de pé. “Bem, senhor”, ela disse com a voz do pensamento olhando para o adormecido marido; “como é dever da mulher acatar a vontade do homem a quem pertence, irei agora mesmo atender à sua! Pedirei desculpas àqueles que, segundo sua opinião, tratei com injustiça!”
E assim deixou o homem dormindo no leito e foi bater à porta do quarto em que se encontravam os dois hóspedes.
Boban abriu a porta e ficou imensamente admirado de ver a jovem esposa de Ruami.
“Senhora”, ele disse com um ar divertido; “me diga a verdade! Por acaso morri e os céus já me enviam lindos anjos?"
"O senhor", ela respondeu, "é bastante engraçadinho, mas cale-se e deixe-me dizer o que tenho que dizer!"
Boban, que entendia de mulheres como ninguém e adivinhava o que desejava aquela, convidou-a a entrar e fechou a porta. Pediu então que ela falasse francamente, pois era todo ouvidos.
Elodie expressou-se com as seguintes palavras: "É pela vontade de meu bom marido que venho aqui me desculpar com os dois cavaleiros. Parece que fui injusta e grosseira com os senhores esta tarde. Se julgar que mereço, peço-lhe que me conceda o perdão agora. Do contrário, diga o que preciso fazer para ser desculpada e ficar em paz com meu senhor marido. E, se achar que antes mereço ser castigada, aceitarei o castigo, qualquer que seja ele."
O cavaleiro, percebendo a que altos sacrifícios ela estava disposta a chegar para se redimir, respondeu nos seguintes termos:
“É digna de louvores a mulher que sabe obedecer a seu dono, e também que tem a humildade de se desculpar de reconhecida falta. Mas, considerando o gênero de castigo que eu precisaria aplicar para perdoá-la, estou certo de que não o aceitará.”
“Como o senhor se engana!”, ela respondeu. “Se me conhecesse bem, não duvidaria da minha determinação em cumprir meus deveres!”
“Pois, neste caso, senhora, aviso-lhe que se prepare, porque depois de castigá-la de forma que nunca esquecerá, será preciso ainda que este meu escudeiro, que também é meu amigo e me é leal como um irmão, faça o mesmo, pois com ele tudo compartilho.”
"Tanto melhor assim! Duplamente punida, terei plena certeza de ter cumprido o desagravo. E agora me diga: o que devo fazer para começarmos logo com isso?!"
"A senhora faz bem em ter pressa, porque há semanas estamos na estrada e eu já sinto enorme falta de castigar uma dama malcriada! Mas não tema tanto porque não será com socos nem pontapés nem relho que lhe darei uma surra. Eu só espanco mulheres com meus colhões, que são bem grandões e pesados. Verdade que elas muito gemem e choram, mas, no final, sempre me agradecem."
"Meu senhor, até agora ouvi muita falação da sua boca, mas nada foi capaz de fazer e apenas me deixou ansiosa. Se não pretende me punir como mereço, peço licença para ir embora!" "Pela cruz de Cristo! Nem pense nisso! Venha até esta cama e finja que é uma éguinha!"
Obediente, Elodie fez como instruída.
Em seguida Boban lhe suspendeu as saias e, olhando por debaixo delas, exclamou de olhos bem arregalados:
"Oh! Meu Cristo! que vejo o paraíso!"
E, enquanto se livrava das próprias vestimentas, ia dizendo coisas disparatadas como: "Que divinas carnes! Que doçura! Hoel! aproxime esta lamparina, homem! Ai! meu Deus! Veja que coninha linda! Que sedosa! Que fofa penugem! Que maldade castigá-la!"
"Eu apenas lhe serei grata por isso, meu Senhor!"
"Senhora, sacuda um pouquinho esse magnífico traseiro!"
"Assim, senhor?"
"Assim! Faz muito bem! Que travessa! Que malvadinha!"
"Não mereço piedade!"
"Porém, senhora, como pode ver, meus colhões tem esse cabo enorme que os atrapalha na tarefa! Para conseguir castigá-la, terei que enfiá-lo todo na fenda da sua cona!"
"Mas pela Virgem! Não deixe que isso seja um empecilho! Faça o que achar necessário para aplicar meu castigo!"
"Oh! Senhora! Pois aí está! Faço agora sua vontade!"
"Ai! ai! meu senhor! Pela Mãe de Cristo! Como é dura a correção que recebo!"
"Oh! minha senhora! Como é doce essa tarefa de lhe corrigir os erros!"
"Ui! mais forte, meu senhor! bata mais forte com esses colhões!"
E foi assim que, naquela noite, Boban aplicou uma bela e boa sova de colhões na malcriada esposa de Ruami.
Quando acabou, retirou-se com seus colhões e foi cair na cama e dormiu.
O escudeiro Hoel, testemunhando a queda do valente patrão e vendo que a mulher ainda não parecia suficientemente castigada, avançou para substituir o carrasco e deu continuidade à tarefa. Só parou quando também não teve mais forças para ficar de pé. E então tombou para o lado, na outra cama, desvanecido.
Elodie, ao ver os dois homens estirados, moles como guerreiros abatidos num campo de batalha, compreendeu que chegava ao fim a sessão de castigos. Vestiu-se e retornou para o quarto do marido, ao lado do qual se deitou cuidadosamente para não acordá-lo.
E foi assim que, ao longo de oito noites, por causa de algum novo mal-entendido, Elodie foi pedir perdão aos bravos hóspedes de seu ciumento e covarde marido. E de todas as vezes foi muito bem punida por seus erros, sempre bem sovada de pesados colhões.
*Publicado por pampineia no site climaxcontoseroticos.com em 14/05/24. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.