Mentes Misteriosas - O Surto
- Temas: Anal, Loucura, Sexo, Vingança, Perversão, Traição
- Publicado em: 24/05/24
- Leituras: 1810
- Autoria: Bayoux
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Eu tinha essa imagem potencialmente erótica rondando minha cabeça, sabe? Toda vez que me sentava para escrever ela vinha à tona, mas faltava a história por trás da cena, poderiam ser diversas coisas, cada vez que pensava nisso me surgia um enredo distinto. Coisas de um cérebro perigosamente criativo: minhas próprias idéias me traem o tempo todo.
Uma garota um tanto jovem e magra, cabelos negros na altura dos ombros desgrenhados, pele muito branca com algumas escoriações, encolhida, abraçando as pernas com seus braços finos, nua, inteiramente nua. Era uma imagem obscura, havia tensão ali e eu percebia que ela tinha medo, muito medo.
Contudo, a vida realmente consegue ser muito superior à arte. Digo isso porque não sou lá muito chegado a superstições e tenho um imenso descrédito pelo sobrenatural, senão eu diria que a imagem recorrente em minha cabeça seria uma premonição, ou uma sincronicidade, como dizem os mais moderninhos.
O fato é que, da maneira mais inesperada, um dia me deparei com a tal cena recorrente - e não era nada do que fui capaz de conceber.
Quando encontrei a garota naquela situação, cheguei a perder a noção da realidade por alguns segundos, não conseguindo identificar se minha ficção se tornara real, ou se minha realidade cedera finalmente à pressão do meu cérebro, permitindo que o delírio ocupasse de vez o meu cotidiano.
Mas comecemos do início, como se deve, vamos dar um pouco de contexto e, talvez, o que passo a relatar faça algum sentido para vocês.
O fato é que fui diagnosticado como louco. Os psiquiatras não gostam que chamemos assim, preferem usar termos técnicos como “esquizofrenia” ou “descolamento da realidade”, mas as coisas são o que são e, para mim, o que tenho é loucura mesmo - e só descobri isso por causa de Joana.
Joana, a gostosona, como eu costumava chamar-lá no jogo de intimidades entre nós, por ser uma morena de cabelos fartos, mais alta que eu, corpo musculoso quase sem gorduras localizadas e uns peitos altivos de biquinhos extraordinariamente compridos, “quase furando a blusa”, como diz-se por aí.
Éramos amigos desde os tempos da bolsa de pesquisa linguística no centro internacional e Joana costumava aparecer lá em casa de surpresa, nunca avisava, o que eu atribuía a seu jeito de ser livre e informal, uma das razões pelas quais nos fizemos amigos inseparáveis desde então. Paradoxalmente, Joana era muito desconfiada e de poucas amizades - e creio que este foi o rasgo de personalidade que realmente nos aproximou.
Cúmplices desde que nos conhecemos, nossa relação se estreitou ao longo dos anos e, embora eu nunca tenha ignorado a fêmea vibrante escondida por trás daquele ar sisudo, sentamos a base de nossa interação somente como grandes amigos. Nunca imaginei que um dia eu a teria rendida ante mim.
Mas assim foi, quando recebemos o anúncio de que cortariam o financiamento e que a pesquisa de anos sobre línguas rudimentares da Polinésia seria encerrada abruptamente, quando o chão nos faltou e saímos desiludidos para encher a cara no bar em frente ao centro de investigações, quando nos abraçamos chorando as mágoas, já totalmente embriagados, quando nos beijamos avidamente pela primeira vez, quando minhas mãos já não se continham e exploravam seu sexo por baixo de sua roupa e ela se deixava tocar entregue à excitação do momento, aí foi quando tudo começou.
Aconteceu muito rápido, eu e Joana fodíamos na borda da cama, ela se colocara quatro e eu em pé por atrás, meu membro avançando e retrocedendo em seu sexo já lubrificado pela excitação que começara no bar, ela se movia como uma pantera, ronronando e surpreendendo com movimentos de seus quadris, aquele era o sexo mais quente e úmido que eu já penetrara.
Daí alguém bateu à porta do meu quarto de pensão, eu girei o rosto para trás olhando para a porta e, quando me voltei para aquelas ancas que eu penetrava… Ela simplesmente não estava mais ali! Sim, isso mesmo, num instante eu estava fodendo Joana e no momento seguinte estava sozinho no quarto, em pé, na borda da cama, com o pau duro na mão, masturbando-me.
As batidas na porta se confundiam com os latidos de meu coração acelerado e eu não conseguia fazer nada, atônito pela surpresa de não encontrar Joana onde estava segundos antes. E então veio a imagem, a tal cena que ficou gravada em minha mente, a da garota nua, encolhida e com medo. Ela estava diante de mim, sentada na cabeceira da cama, e eu agora me dava conta de que me masturbava avidamente enquanto a olhava.
Eu não conseguia entender. Quem era essa garota sobre a cama? Onde estava Joana? Os golpes na porta seguiam aumentando seu vigor, minha cabeça girava, o quarto inteiro girava, eu estava quase gozando, ia cobrir a garota com meus fluidos, a garota e a cama giravam junto com o quarto, tudo girava e os golpes na porta agora eram violentos, a porta iria romper-se e eu iria gozar e a garota sobre a cama iria receber os jatos de sêmem sobre seu corpo nú.
Quando voltei a mim, eu estava atado a uma maca de hospital e as luzes brancas no teto feriam meus olhos. Eu já começava a desesperar-me sem saber o que ocorrera quando dei-me conta de que Joana estava ao meu lado. Seu olhar de consternação e a voz branda me tranquilizaram quase imediatamente. “Ah, você acordou… Mas que susto, hein? Lembra do que aconteceu?”, ela me perguntava.
Bem, eu lembrava daquela loucura toda, mas, como não terminara de entender o que foi aquilo, respondi negativamente. Joana então contou que tive um surto justo quando fazíamos sexo e eu terminei desmaiando. Riu suavemente e comentou que eu fui o primeiro cara que gozou tanto dentro dela que chegou a surtar. Agora eu estava medicado, haviam feito uma série de exames em mim. Não era nada fisiológico, logo, me submeteriam a exames psiquiátricos.
E assim deu-se a coisa toda, minha loucura foi diagnosticada e quando saí do hospital me trouxeram para a “Clínica”, um nome bonito para dizer hospício, ou manicômio, ou ainda depósito de gente, como eu prefiro chamar. Neste período todo ninguém veio me ver, nenhum parente sequer, só Joana se dignou a me visitar. Talvez se sentisse culpada pelo meu surto, ou talvez a trepada que demos tenha sido a melhor da história, não sei bem, mas ela vinha com frequência.
Pude perceber seus olhares lânguidos para mim e os suspiros que inadvertidamente soltava quando estávamos a sós. Era um fato, fosse por culpa ou desejo, ela me queria. As portas dos quartos na clínica não possuem trancas e era meio arriscado, mas mesmo assim nosso desejo não se continha.
Trepavamos no banheiro como dois animais, Joana era minha fêmea e eu a cobria com voracidade, sugava seus peitos poderosos, a mantinha de quatro no chão, levantava sua nuca pelo cabelos e dava tapas em suas nádegas, enquanto ela implorava por ser fodida como da primeira vez.
Aquilo sim era uma loucura, não o que se passava em minha cabeça, desenvolvemos uma dependência obsessiva um pelo outro, as visitas de Joana se tornaram diárias e invariavelmente terminavam conosco fodendo no pequeno banheiro do meu quarto no hospício.
Um dia, comentei a ela que eu necessitava sair dali, onde era mantido contra minha vontade, para que pudéssemos viver aquela paixão. Sim, eu sonhava com Joana, seu cheiro e seu sexo recebendo minhas investidas, seu ronronar de gata e seus gritos abafados na hora do gozo, eu a queria para mim a toda hora, não somente durante uns poucos minutos furtivos no chão do banheiro.
Ela foi rápida, mais até do que eu esperava, naquela mesma tarde apareceu um advogado para me ver na Clínica. Estranhamente, o homem ficou me questionando muito, queria convencer-me de que eu necessitava cuidados especiais e que estava onde deveria estar. Insisti que aquele surto na pensão fora um episódio único e que eu nunca mais passara por aquilo, que me sentia bem e estável e que, ademais, eu teria Joana para cuidar de mim caso algo acontecesse.
Eu não comentei sobre a imagem da garota que ia e vinha em minha mente, ocultei este pequeno detalhe propositalmente, pois, muito embora não fosse importante, entendia que as pessoas poderiam entender como uma manifestação de insanidade. Terminamos com o tal advogado dizendo-me que até o final da semana veríamos um juiz que decidiria sobre meu destino mas que, dadas as circunstâncias, ele acreditava que seria capaz de conseguir um bom acordo.
Os dias se arrastaram e, durante as breves conversas que tive com Joana após a usual trepada alucinante no chão do banheiro, sonhávamos em como seria nossa vida juntos após conseguir alta da Clínica. Falávamos sobre uma casinha no campo, flores na janela e uma paz completa, onde poderíamos ganhar a vida escrevendo e desfrutar de noites tórridas de sexo desenfreado, só nós dois.
Eu me encontrava confiante e repleto de esperanças, contudo, quando fomos ver o juíz as coisas não correram tão bem assim. Meu próprio advogado abriu a sessão dizendo que eu era incapaz de discernir a realidade e solicitando ao meritíssimo que me mantivera no hospício, onde não representava risco a mim nem à sociedade.
Veio um enfermeiro da Clínica para falar, ele disse ao juíz que eu passava os dias sozinho, sem interagir com ninguém, e que me masturbava compulsivamente todas as tardes, deixando porra espalhada pelo chão do banheiro. Em seguida, o médico que me acompanhava na Clínica argumentou que eu sofria do tal “descolamento da realidade” , que eu inventara uma amante chamada Joana e que acreditava fazer sexo com ela seguidamente, desde o “episódio”.
Com “episódio”, ele se referia ao surto no quarto de pensão. Eu queria objetar, afinal Joana era uma pessoa real e nos conhecíamos há anos, mas algo não se encaixava naquela história e eu queria descobrir o que estava acontecendo, assim que, apesar da minha angústia, permaneci calado.
Então ocorreu o mais inaudito: chamaram a outra testemunha, denominando-a de “vítima”. Como assim, vítima? Eu era a vítima dessa trama, injustamente colocado num hospício e impedido de seguir minha vida com Joana, a quem insistiam em chamar de "ilusão" naquele teatro sórdido montado para me incriminar!
Contudo, minha revolta foi abafada ante a visão da tal vítima: uma garota jovem, cabelos negros escorridos e pele branca, muito branca, cobrindo um corpo magro de ossos pontudos. Era justamente a garota da imagem que eu trazia na mente, aquela que imaginei estar presente quando fodia Joana na borda da cama, aquela menina encolhida sobre quem eu derramaria toda a minha porra, aquela que possuía medo estampado nos olhos.
Em seu depoimento, a menina contou da noite em que estava no seu ponto usual, esperando pelos clientes, quanto eu me acerquei bêbado e falando arrastado propondo que me acompanhasse até a pensão. Disse que eu não me continha, que a beijava na rua e metia a mão por baixo de sua saia, apalpando suas carnes e chamando-a de “Joana”.
A garota então relatou que achou meu comportamento estranho e que queria desistir do programa, mas que eu me pus violento e a arrastei para meu quarto à força. Descreveu em detalhes para o juiz como a subjuguei na cama, apertando os seus seios, enfiando minha língua em sua boca e fodendo-a contra sua vontade. Terminou contando como, depois de usá-la a meu bel prazer, com uma expressão sádica no rosto, eu a obrigava a ficar imóvel, esperando que ejaculasse sobre ela, até que a polícia chegou, arrombou a porta e eu desmaiei.
Confesso que o depoimento da pequena prostituta mexeu comigo, cheguei mesmo a duvidar se o que relata era mentira, pois eu tinha a imagem por ela descrita impressa entre os neurônios e ninguém mais conhecia este fato.
Extremamente confuso, eu já não sabia o que pensar enquanto a prostituta se retirava e anunciavam uma última testemunha: a sra. Joana. Agora sim, suspirei aliviado, a verdade prevaleceria, Joana de fato existia e poderia desfazer aquela farsa, contar sobre nosso caso e as vezes em que trepamos como se o mundo fosse acabar, dizer que de fato estava comigo naquela terrível ocasião e confirmar que eu era completamente são.
Joana era minha última esperança.
Ao encaminhar-se até o banco das testemunhas, Joana dirigiu-me um olhar de consternação. Ela estava mais linda e sensual do que nunca. Desde ali passou a relatar que nos conhecíamos há muitos anos, do centro de investigações, onde ela era chefe de pesquisa e eu apenas mais um dos estagiários.
Contou de sua condescendência para comigo ao constatar que eu tinha problemas mentais leves e da obsessão que eu desenvolvi por ela, seguida de um assédio insistente de minha parte para com sua pessoa. Argumentou que achava não ser nada grave e que até estimulava inconscientemente este comportamento, numa postura egoísta de uma mulher só e desacostumada a receber atenção.
Confessou um tanto constrangida que, certa noite após o expediente, ela até cedera aos meus apelos e me acompanhara até a pensão. Ruborizada de vergonha, discorreu como eu me transformara de alguém solícito e pacífico numa outra pessoa, dominadora e exigente. Em poucas palavras, eu a amarrei na cama e abusei de seu corpo com lascívia incansável por horas, durante as quais eu a chupei, a comi, a sorvi, a fodi e enrabei, ou seja, eu fiz o diabo com Joana.
Finalizou seu depoimento dizendo que após esta noite, nem eu, nem ela, fomos os mesmos. A vergonha e as lembranças do que a havia submetido na cama da pensão a atormentavam, ao passo que me faziam agir com cada vez mais ousadia e atrevimento. Eu a buscava solicitando punhetas e felações, eu “exigia” que se pusesse de joelhos, dizendo que foderia sua boca e lhe daria tapas na cara, referindo-me a ela como “ vadia sem-vergonha”.
Entendendo que eu não era equilibrado mentalmente e buscando preservar sua segurança e a da equipe de pesquisa linguística, Joana então decidira por um final naquilo e me demitiu da pesquisa. Isso ocorreu justamente no dia do episódio do meu surto, horas mais tarde, no quarto de pensão com a pequena prostituta.
Bem, para todos os presentes e até para mim mesmo, agora estava claro que eu tinha graves problemas. Fui absolvido de ter que cumprir pena por abuso sexual na prisão, mas fui condenado à internação definitiva na Clínica para tratamento psiquiátrico, o que foi imensamente comemorado pelo meu advogado, quem tinha sido escolhido pela defensoria pública - e não pela Joana imaginária.
Depois de meses internado aqui, a imagem da mulher esquálida sobre a cama foi ocorrendo com cada vez menos frequência, até desaparecer. Por outro lado, semana passada a Joana veio me visitar. Não sabia dizer se era a Joana real ou a imaginária, isso pouco importava. O fato é que fodemos no banheiro com ela dominada por mim durante uma hora de sexo extenuante, com direito à todas as coisas que prometi fazer com ela durante meus antigos acessos de loucura.
Quando terminamos, enquanto ela fumava um cigarro e vestia suas roupas, esboçou um sorriso sórdido no rosto e comentou que agora eu estava no meu devido lugar e que teria de servi-la sempre que viesse me visitar, pois afinal ela era a chefe de pesquisa, e eu apenas um mero investigador louco internado num hospício.
Ao final, dando uma última baforada em seu cigarro, acrescentou uma observação que não compreendi bem, dizendo: “Isso sim foi uma bela trepada. Aquela putinha magricela e a equipe da Clínica realmente valeram cada centavo que gastei para mantê-lo aqui.”
Nota: A Série “Mentes Misteriosas” é uma coleção de histórias cortantes que escrevi faz algum tempo com o propósito de explorar a mente humana e seus desvios de entendimento. Novamente, não são contos fáceis e provavelmente desagradarão a alguns, por isso, compreendo se este for o seu caso. Mas, se eventualmente você gostar, recomendo reforçar a dose diária dos remedinhos, porque não está funcionando.
*Publicado por Bayoux no site climaxcontoseroticos.com em 24/05/24. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.