As Meias Rendadas de Ana
- Temas: amor, traição, submissão, meias rendas, pés, pernas
- Publicado em: 22/02/25
- Leituras: 255
- Autoria: vicente_braga
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As pernas cruzadas. Elegantes. Displicentes.
A meia rendada abraçava sua pele clara de forma quase indecente.
O sapato pendia na ponta do pé, num jogo silencioso de tentação.
Eu deveria estar concentrado na tela.
Mas tudo o que fazia era olhar.
E torcer para que o sapato caísse.
— As despesas são registradas por segmento — eu tentava explicar.
O escritório de consultoria financeira ocupava o quinto andar de um prédio na Barão de Itapetininga. As paredes amareladas pelo tempo e o cheiro de papel velho se misturavam ao som dos teclados ecoando pela sala.
Era um espaço modesto, discreto. Um apartamento adaptado para escritório, suficiente para poucos funcionários. A maioria passava o dia alocada nos clientes, o que significava que, muitas vezes, era só eu e ela.
Ana se inclinou para ver melhor a tela, e o movimento trouxe seu corpo para mais perto do que deveria. O perfume dela invadiu o espaço entre nós, doce e envolvente.
— Ai, parece tão complicado. Será que consigo?
O sapato caiu.
Um gesto pequeno, mas que me fez perder a linha de raciocínio.
O vestido mal chegava à metade da coxa e, acidentalmente ou não, deixava visível um pedaço da renda da meia.
— Claro que consegue. Você é esperta, é só ter um pouco de paciência.
A ponta dos dedos do pé dela roçou na minha perna, um contato sutil.
Meu corpo travou por um instante, enquanto eu fingia que ainda estava concentrado na planilha aberta diante de nós.
— Você é um anjo, Vini — murmurou, deslizando o calcanhar devagar pela minha perna antes de se afastar, como se testasse os limites do espaço entre nós. — Não sei o que seria de mim aqui sem você.
Nós levantamos.
Vi seu olhar pousar rapidamente sobre mim, descendo por um instante até meu…
Que vergonha.
Meu corpo me traiu. O calor subiu rápido para o rosto, e minhas mãos ficaram tensas ao lado do corpo.
Tentei desviar o olhar, fingir que nada tinha acontecido, mas Ana ainda estava lá, me observando.
Como se esperasse alguma coisa.
— Vini, quero a sua opinião — a voz dela veio mansa, carregada de um sorriso que eu não tinha coragem de encarar. — O que você achou do meu perfume?
Antes que eu pudesse responder, o som de passos firmes rompeu a tensão entre nós.
Marcus atravessou a sala, sua presença sugando todo o ar ao redor.
Meu corpo enrijeceu. Ana virou-se para ele com um meio sorriso.
— Hmm… como tá cheirosa minha gatinha — disse ele, olhando-a de cima, a voz carregada de promiscuidade.
— Ah, não! Lá vem você, seu…
— Safado — completou Marcus antes que ela terminasse, puxando-a pela cintura. Bem ali. Na minha frente.
— Tarado? — brincou Ana.
— Você brinca, mas sabe exatamente o que está fazendo. — Marcus inclinou-se contra ela, levando o rosto até seu pescoço. Aspirou fundo, como se quisesse guardar aquele cheiro. — Esse é o perfume que o Esquisito ali te deu?
Ele me lançou um olhar irônico, sem nem disfarçar a provocação.
Eu apenas sorri.
— Não fala assim dele! Eu não gosto. — As mãos dela estavam à frente do corpo, impondo limites. Pelo menos isso.
Mas então, os dedos de Marcus afundaram na bunda de Ana, sem nenhum pudor. A barba roçou em sua pele, e seus lábios mordiscaram o pescoço dela com ousadia.
Ela se enrijeceu.
— Marcus! Não! — A voz era firme, mas o sorriso ainda brincava nos lábios dela, e isso só o deixava mais audacioso.
Num movimento despreocupado, ela se desvencilhou, empurrando-o de leve.
— Já te falei, não quero mais essas brincadeiras.
Marcus riu sozinho, inclinando a cabeça de lado, como se soubesse exatamente até onde poderia ir.
O olhar dele dizia tudo: ainda não acabou.
Ana soltou um risinho curto, balançando a cabeça, antes de vê-lo pegar uma pasta e sair da sala.
O silêncio que ficou depois foi constrangedor. O relógio na parede marcava os segundos.
Por que eu sempre acabo em situações assim?
Ana caminhou até minha mesa. Lenta, sem pressa.
Colocou os sapatos, o movimento fazendo o vestido deslizar suavemente sobre suas curvas.
Então, sem aviso, seus dedos tocaram minha camisa.
O toque foi breve, sutil..., mas queimou na pele como fogo.
Ela não recuou.
Os dedos deslizaram devagar, como se experimentassem o tecido... Ou a minha reação.
Foi um descuido? Uma promessa?
Talvez nenhum dos dois. Talvez os dois ao mesmo tempo.
Ela ergueu os olhos para mim.
— Eu adorei o perfume, Vini — a voz saiu num sussurro carregado, doce e indecifrável.
Ela umedeceu os lábios.
— E você? O que achou?
Minha mente girava.
Eu queria dizer qualquer coisa racional.
Mas estava perdido na boca dela. Na proximidade. No perfume que parecia ter tomado o ar.
As palavras saíram antes que eu pudesse pensar:
— Ficou perfeito em você, Ana.
O mundo pareceu desacelerar naquele instante.
E, de repente, nada mais importava.
A porta se abriu, batendo levemente na parede.
Ana entrou com a testa levemente franzida, os lábios apertados num biquinho descontente que, de alguma forma, só a deixava ainda mais bonita.
— Que droga! — resmungou, jogando a bolsa sobre a mesa. — Peguei um ônibus tão cheio que olha só o que aconteceu.
Ergueu um pouco a perna, expondo a lateral da coxa.
A meia preta estava arranhada, um pequeno rasgo se formando na altura da renda. Mas o que realmente prendeu minha atenção foi o tamanho daquela saia. Curta demais. Não era exatamente roupa para um dia normal de trabalho, ainda mais para alguém que mal tinha completado um mês na empresa.
Minha mente vagou.
O ônibus lotado.
O calor abafado.
Corpos espremidos, forçados a se encaixar sem escolha.
Ana ali, prensada entre desconhecidos.
Ou melhor.
Entre mim e a barra de ferro.
A oscilação do ônibus jogava seu corpo para trás.
Contra mim.
Minha respiração quente no pescoço dela.
O perfume doce misturado ao suor da multidão.
Ela se movia, tentando se equilibrar.
Minhas mãos buscaram apoio.
Mas escorregaram.
Os dedos deslizaram por dentro da saia.
O tecido fino subia a cada solavanco.
A ponta dos dedos roçando a calcinha.
Sentindo a renda.
Sentindo o calor.
Sentindo ela.
Molhada.
Minha mandíbula travou.
Sacudi a cabeça, espantando aquele pensamento.
— Que chato, Ana… — murmurei, tentando esconder minha distração.
Ela olhou ao redor e perguntou:
— O Marcus não está aqui, né?
— Não. Ele foi para um cliente.
Um sorriso quase travesso veio aos lábios dela.
— Perfeito.
Jogou-se na cadeira à minha frente, inclinando-se levemente para trás.
Os saltos escorregaram dos pés, o som seco ecoando no carpete da sala.
Então, com a maior naturalidade do mundo, segurou a barra da saia e ergueu um pouco, apenas o suficiente para alcançar a renda da meia.
Puxou devagar, deixando o tecido deslizar por sua pele.
O ar ficou mais pesado.
Minha boca secou na hora.
Ela sorriu, arteira.
As pernas entreabertas ofereciam uma visão perigosa e, entre elas, a renda branca da calcinha me encarava de volta.
Eu deveria desviar o olhar.
Mas não consegui.
Meus olhos estavam fixos, hipnotizados no jogo silencioso que ela fingia não jogar.
— Você vai no churrasco do Beto? — perguntou, dobrando a meia rasgada com uma tranquilidade irritante. Depois deslizou a outra pela perna, puxando-a devagar, os dedos traçando um caminho suave sobre a pele exposta.
— Não sei, viu. E você?
Mordeu os lábios, os olhos presos em mim.
Eu não conseguia piscar.
— Ah, vai. Pelo menos você me faz companhia e me protege do tarado do Marcus.
Abri um riso sem graça.
Ela se levantou, espreguiçando-se, como quem sabe exatamente o efeito que causa.
Sem aviso, um tapa leve na minha bochecha, rápido, brincalhão.
— Ei, você tá aí? Parece em outra dimensão. — A voz dela era pura provocação.
— Desculpa. Muito trabalho. — A olhei sem jeito, o coração acelerado.
— Você precisa relaxar um pouco, Vini.
Pela primeira vez, meus dedos se moveram antes que eu pudesse pensar.
Leves.
Quase inseguros.
Mas tocaram sua perna, na altura do joelho.
Ana levou as mãos ao meu rosto, os polegares deslizando devagar sobre minha pele. Aquele sorriso me desmontava por dentro.
— Por favor, Vini, vai. Não me deixa sozinha lá.
— Tudo bem, eu vou.
Minha mão subiu sem que eu percebesse, deslizando pela coxa dela.
Ana sorriu, afagando meu rosto antes de me beijar.
O beijo era quente, úmido, os estalos ressoando na sala vazia.
Minhas mãos deslizaram por baixo da saia, explorando a pele macia, sentindo o tecido rendado da meia contra os dedos. Quando apertei sua bunda com vontade, um sorriso escapou dos lábios dela.
Gostei desse sorriso.
Talvez, por um segundo, eu tenha sentido um gostinho de como Marcus se sentia.
Mas então, a voz da recepcionista ecoou do lado de fora.
— Xiii, é o meu cliente — Ana murmurou, afastando-se com um suspiro divertido.
— Quem? — perguntei, ofegante, tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
— Aquele mau humorado do Oscar.
Ela ajeitou a saia, calçou os saltos e, antes de sair, me entregou a meia.
— Joga fora pra mim?
Bom, e adivinhem? Vocês acham mesmo que eu joguei fora?
Guardei a meia na gaveta, sem nem pensar duas vezes.
Ana sorriu de canto e foi até a porta. Mas não saiu imediatamente. Ficou ali por um instante, como se soubesse exatamente o efeito que causava.
Então, a maçaneta girou.
A porta se abriu novamente.
Oscar entrou junto com ela, ajeitando a gola da camisa, a expressão fechada.
E nem preciso dizer que o velho ficou de queixo caído assim que a viu.
Naquele dia, não houve mau humor.
Pelo contrário.
Ele parecia outro homem, um que eu nunca tinha visto. Sorria, fazia piadas, inclinava-se para mais perto dela toda vez que falava.
E Ana?
Ana ria.
Não era um riso educado, daqueles que se dá por obrigação.
Era solto, natural.
E, com certeza, fazia a mente pervertida de Oscar ir longe.
E foi isso que me incomodou.
Ela não parecia fingir.
E eu odiava isso.
Oscar nem tentou esconder. Falava baixo ao pé do ouvido dela, os olhos passeando pelo corpo sem nenhuma discrição.
Apertava as teclas do computador mais forte do que deveria, tentando fingir que não estava ouvindo.
Tentando fingir que não via a mão dele deslizando pelas costas dela, testando limites.
Mas eu via.
E quando a mão dele desceu pela coxa dela e, pior, avançou por baixo, arrancando-lhe um gemido baixo ao tocar sua…
Foi demais.
Levantei sem dizer nada e fui ao banheiro.
Me tranquei lá dentro, respirando fundo.
Me olhei no espelho.
— Por que tô assim? — sussurrei para mim mesmo, o peito subindo e descendo. O rosto quente. O gosto amargo na boca.
Fechei os olhos, engoli seco.
— Ainda não tá claro que ela não é pra você? Esquece essa puta!
O punho se fechou.
Antes que percebesse, esmurrava a parede ao lado do espelho.
Dez segundos.
Respirei fundo.
Enchi as mãos de água e joguei no rosto.
Vinte.
Voltei.
E foi aí que ouvi a voz dela.
— Me solta!
Parei.
Espiei, desconfiado.
Afinal, era difícil interpretar aquela garota.
Mas dessa vez…
Oscar estava inclinado sobre ela, a mão enfiada debaixo da saia, os dedos brutos puxando com força até o tecido fino da calcinha ceder com um estalo abafado.
O som seco rasgou o silêncio da sala.
Ana tentou recuar, mas ele segurou seu braço com força e cuspiu no rosto dela.
— Vadia.
O tapa veio rápido, explodindo contra a cara dele antes que pudesse reagir.
Foi quando entrei na sala.
— Já chega, Oscar. Vá embora.
Ele se virou devagar.
Ajeitou a gola da camisa, soltando um riso baixo, carregado de desprezo.
Não disse nada.
Apenas enfiou a calcinha no bolso da calça e passou por mim como se eu fosse um mísero inseto.
Ana afundou os cotovelos na mesa, cobrindo o rosto com as mãos.
Chorou.
Eu deveria dizer algo. Qualquer coisa.
Mas tudo o que fiz foi ir até ela.
Estendi a mão.
Ela segurou.
E quando se levantou, me abraçou demoradamente, como se precisasse de um porto seguro.
Não dissemos nada.
O cheiro de carne na brasa.
Barulho de vozes misturadas.
O pagode baixo tocando na caixa de som velha no quintal.
A casa do Beto estava cheia.
Eu já tinha bebido algumas latinhas, mas não o bastante para me entorpecer.
Eu não deveria estar ali.
Mas sabia por que tinha ido.
Por ela.
Pela promessa que me fez, com os lábios entreabertos, com a ponta dos dedos passeando pelo meu rosto.
E agora?
Agora Ana estava ali. No meio da festa, sorrindo para todos, bebendo, jogando o cabelo para o lado enquanto falava. Acendia conversas bobas, ria de qualquer coisa.
Menos comigo.
Comigo, sobravam respostas curtas. Frias. Como se nada tivesse acontecido entre nós.
Como se nunca tivesse me beijado.
Nunca tivesse gemido contra os meus lábios.
Nunca tivesse me feito acreditar, nem por um instante, que poderia ser minha.
Mas com Marcus...
Com ele era sempre diferente.
Ele se aproximava, e Ana não recuava. No máximo, fazia charme. Um jogo sutil de quem gosta de ser caçada. Ele soltava uma piada e ela ria. Não só com os lábios. Mas com o corpo inteiro.
E quando pegou uma cerveja e entregou para ela, os dedos dos dois se tocaram.
Ana não tirou a mão de imediato.
Fiquei olhando para aquelas mãos dadas.
Porra. Que merda.
Talvez vocês estejam se perguntando: por que diabos eu ainda estava ali?
Nem eu sabia responder.
Isso sempre acontecia. Me via nessas situações sem entender como cheguei até elas. Como se algo me puxasse sempre para o mesmo lugar. Para as mesmas frustrações.
E o pior?
Na sexta-feira, eu tive um bom motivo para esquecê-la de vez.
Saímos para almoçar juntos, quase o escritório todo. Coisa rara de se ver.
Ana estava linda. Casual. A saia jeans curta, despretensiosa, mas estratégica, revelando apenas o suficiente para manter os olhares atentos.
Todos reparavam nela.
Mas o pior foi Marcus.
Na mesa, ele falava algo divertido e a fazia rir. E, sem que ninguém parecesse notar, sua mão escorregou para a coxa dela.
Primeiro um toque leve.
Depois, os dedos foram subindo.
Ana não se afastou.
Pelo contrário.
Ela parecia confortável. Como se aquilo não fosse nada demais.
Marcus continuou, os olhos fixos nela, os lábios ainda em um sorriso despreocupado.
E ela?
Apenas inclinou a cabeça para o lado. Como se considerasse o toque.
E riu.
Não uma risada forçada. Não um riso de conveniência.
Mas um riso genuíno.
Foi só quando notou meu olhar que afastou a mão dele.
Mas não foi imediato.
Não foi um movimento brusco, como se se arrependesse.
Foi devagar. Sem pressa.
Ainda sorrindo.
Aquilo significava algo?
Ou era só mais um de seus jogos sujos?
A cerveja tomou um gosto amargo.
Eu já havia bebido o suficiente para me manter ali sentado, ouvindo Celso, um dos funcionários mais antigos do escritório, misturar histórias do passado com piadas chulas, mas que arrancavam gargalhadas da roda.
Eu ria junto, sem pensar.
Mas, do nada, um estalo.
Um incômodo.
Percorri o quintal com os olhos.
Ana não estava ali.
O peito apertou.
Olhei de novo.
Também não vi Marcus.
O álcool perdeu o efeito na mesma hora.
Um desconforto rasgou meu estômago.
— Preciso ir ao banheiro — murmurei, me levantando.
Ninguém prestou atenção.
Entrei na casa.
O sobrado antigo no Ipiranga era espaçoso. Havia um banheiro logo ali, no térreo.
Mas passei reto.
Como se soubesse que não era ali que encontraria respostas.
Subi as escadas devagar.
O chão de madeira rangia levemente sob meus passos.
Meu coração pulsava forte, pela certeza do que encontraria.
Então ouvi.
O som abafado de gemidos, misturado ao pagode distante.
O barulho de pele se chocando contra pele.
Meu corpo travou no meio da escada.
Minha cabeça girou.
O feixe de luz escapava por uma porta entreaberta.
E quando alcancei o último degrau, vi.
Ana.
Nua.
De quatro sobre a cama.
Usando apenas suas famosas meias rendadas pretas.
O tecido fino moldava-se às suas coxas claras como se pertencesse àquele corpo.
Marcus estava atrás dela.
Segurava sua cintura.
Fodia-a com força.
Cada estocada puxava sua carne para trás, as meias apertando suas coxas, marcando-as. Seus dedos cavavam sua pele, puxando-a para si.
Ana arqueava as costas.
Inclinava a cabeça para trás.
Os olhos fechados.
Os lábios entreabertos.
A boca implorava por mais.
Meu estômago se contorceu.
O calor subiu violento pelo meu rosto.
Então algo se moveu no canto do quarto.
Um vulto.
A luz fraca do abajur revelou Beto.
Nu.
Sorrindo.
Meu peito afundou.
Ele se aproximou da cama e Ana não demonstrou surpresa.
Ela riu.
Safada.
O sorriso de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
Quando Beto se posicionou à sua frente, ela nem hesitou.
A boca dela se abriu, aceitando o peso dele nos lábios.
O pau de Beto escorregou entre os dentes dela.
Ana sugou devagar.
Os olhos fixos nele.
Saboreando cada segundo.
Marcus ainda a dominava por trás.
Os gemidos abafados dela.
O ritmo frenético da foda.
A forma como ela chupava Beto como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Eu não conseguia me mexer.
O cheiro de sexo preencheu minha respiração.
Minha cabeça rodava.
O pagode ainda tocava.
O churrasco continuava.
O mundo lá fora seguia exatamente o mesmo.
Mas dentro daquele quarto…
Ana ria, mordendo o canto da boca antes de afundar Beto ainda mais na garganta.
O escritório de contabilidade ocupava o quinto andar de um prédio antigo na Barão de Itapetininga.
Paredes amareladas pelo tempo.
O cheiro de papel velho.
O som dos teclados ecoando pela sala.
Os dias voltaram ao normal.
Marcus entrava e saía da empresa, como sempre.
Ana continuava ali.
E eu?
Estava sentado à minha mesa quando a porta se abriu.
Os saltos ecoaram no carpete.
Ana entrou, jogando a bolsa sobre a mesa.
Saia curta.
Meia rendada.
O perfume doce invadindo o espaço entre nós.
Inclinou-se sobre minha mesa.
Sorriso nos lábios.
Olhos atentos.
A voz baixa.
— Vini… pode me ajudar com uma planilha?
Dessa vez, eu não respondi de imediato.
Deixei o silêncio se alongar, sentindo o peso da pergunta, da cena, da repetição cíclica daquilo tudo.
Então, me inclinei para trás na cadeira, cruzei os braços e soltei, com um sorriso irônico no canto dos lábios:
— Hoje não vai dar, Ana. Tenho um cliente para atender.
Ela arqueou levemente as sobrancelhas, surpresa.
Me levantei devagar, pegando minha pasta. Antes de sair, joguei, sem pressa, com um tom casual demais para ser inocente:
— Mas o Marcus tá por aí. Pede pra ele.
Inclinei ligeiramente a cabeça, olhando nos olhos dela.
— Ele sabe tudo de planilhas.
E saí.
Sem olhar para trás.
Vicente Braga
VicenteBragaCortez@Gmail. Com
*Publicado por vicente_braga no site climaxcontoseroticos.com em 22/02/25. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.
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